Taxas anuais de acidentes vasculares cerebrais e de mortes por AVC aumentaram substancialmente nos últimos 30 anos
Dados regularmente atualizados sobre acidente vascular cerebral1 (AVC) e seus tipos patológicos, incluindo dados sobre sua incidência2, prevalência3, mortalidade4, incapacidade, fatores de risco e tendências epidemiológicas, são importantes para o planejamento de cuidados do AVC com base em evidências e alocação de recursos.
O Estudo sobre a Carga Global de Doenças, Lesões5 e Fatores de Risco (GBD, do inglês Global Burden of Diseases, Injuries, and Risk Factors Study) visa fornecer uma medição padronizada e abrangente dessas métricas em nível global, regional e nacional.
Nesta análise sistemática, publicada no The Lancet Neurology, aplicou-se as ferramentas analíticas do GBD 2019 para calcular a incidência2 de AVC, sua prevalência3, mortalidade4, anos de vida ajustados por incapacidade (AVAIs) e a fração atribuível da população (FAP) de AVAIs (com intervalos de incerteza [UIs] de 95% correspondentes) associados a 19 fatores de riscos, para 204 países e territórios de 1990 a 2019.
Essas estimativas foram fornecidas para acidente vascular cerebral1 isquêmico6, hemorragia7 intracerebral, hemorragia subaracnoide8 e todos os acidentes vasculares9 cerebrais combinados e estratificados por sexo, faixa etária e nível de renda do país de acordo com o Banco Mundial.
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Em 2019, houve 12,2 milhões (UI 95% 11,0-13,6) de casos incidentes11 de AVC, 101 milhões (93,2-111) de casos prevalentes de AVC, 143 milhões (133-153) de AVAIs devido a AVC e 6,55 milhões (6,00-7,02) de mortes por AVC.
Globalmente, o AVC permaneceu como a segunda principal causa de morte (11,6% [10,8-12,2] do total de mortes) e a terceira principal causa de morte e incapacidade combinadas (5,7% [5,1-6,2] do total de AVAIs) em 2019.
De 1990 a 2019, o número absoluto de acidentes vasculares9 cerebrais aumentou 70,0% (67,0-73,0), os AVCs prevalentes aumentaram 85,0% (83,0-88,0), as mortes por AVC aumentaram 43,0% (31,0-55,0) e os AVAIs devido a AVC aumentaram 32,0% (22,0-42,0).
Durante o mesmo período, as taxas padronizadas por idade de incidência2 de AVC diminuíram 17,0% (15,0-18,0), a mortalidade4 diminuiu 36,0% (31,0-42,0), a prevalência3 diminuiu 6,0% (5,0-7,0) e os AVAIs diminuíram 36,0% (31,0-42,0).
No entanto, entre pessoas com menos de 70 anos, as taxas de prevalência3 aumentaram 22,0% (21,0–24,0) e as taxas de incidência2 aumentaram 15,0% (12,0-18,0).
Em 2019, a taxa de mortalidade4 relacionada ao AVC padronizada por idade foi 3,6 (3,5-3,8) vezes maior no grupo de baixa renda do Banco Mundial do que no grupo de alta renda do Banco Mundial, e a taxa de AVAIs relacionados ao AVC padronizada por idade foi 3,7 (3,5-3,9) vezes maior no grupo de baixa renda do que no grupo de alta renda.
O AVC isquêmico6 constituiu 62,4% de todos os acidentes vasculares9 cerebrais em 2019 (7,63 milhões [6,57-8,96]), enquanto a hemorragia7 intracerebral constituiu 27,9% (3,41 milhões [2,97-3,91]) e a hemorragia subaracnoide8 constituiu 9,7% (1,18 milhão [1,01-1,39]).
Em 2019, os cinco principais fatores de risco para acidente vascular cerebral1 foram hipertensão arterial12 sistólica (contribuindo para 79,6 milhões [67,7-90,8] de AVAIs ou 55,5% [48,2-62,0] do total de AVAIs do AVC), alto índice de massa corporal13 (34,9 milhões [22,3-48,6] de AVAIs ou 24,3% [15,7-33,2]), glicose14 plasmática em jejum alta (28,9 milhões [19,8-41,5] de AVAIs ou 20,2% [13,8-29,1]), poluição do ambiente por matéria particulada (28,7 milhões [23,4-33,4] de AVAIs ou 20,1% [16,6-23,0]) e tabagismo (25,3 milhões [22,6-28,2] de AVAIs ou 17,6% [16,4-19,0]).
O estudo concluiu que o número anual de acidentes vasculares9 cerebrais e mortes devido a acidentes vasculares9 cerebrais aumentou substancialmente de 1990 a 2019, apesar das reduções substanciais nas taxas padronizadas por idade, particularmente entre pessoas com mais de 70 anos.
As maiores taxas de mortalidade4 e anos de vida ajustados por incapacidade padronizadas por idade relacionadas ao AVC ocorreram no grupo de baixa renda do Banco Mundial.
O fator de risco15 de crescimento mais rápido para AVC entre 1990 e 2019 foi o alto índice de massa corporal13.
Sem a implementação urgente de estratégias eficazes de prevenção primária, a carga de AVC provavelmente continuará a crescer em todo o mundo, particularmente em países de baixa renda.
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Fonte: The Lancet Neurology, publicação em 03 de setembro de 2021.