Uso de um certo tipo de antipsicótico aumenta o risco de câncer de mama em mulheres com esquizofrenia
O câncer1 de mama2 é mais comum em pacientes do sexo feminino com esquizofrenia3 do que na população em geral. Não se sabe se o tratamento com antipsicóticos que aumentam a prolactina4 contribui para aumentar as chances de câncer1 de mama2.
Nesse contexto, pesquisadores usaram registros nacionais finlandeses de tratamento hospitalar, compras de medicamentos prescritos e diagnósticos de câncer1 para fazer um estudo de caso-controle aninhado, publicado no The Lancet Psychiatry.
Leia sobre "Câncer1 de mama2 - o que é", "Prevenção e identificação do câncer1 de mama2" e "O que saber sobre os antipsicóticos".
Das mulheres com esquizofrenia3, aquelas com câncer1 de mama2 (casos) foram pareadas por idade e duração da doença com cinco mulheres sem câncer1 (controles). Os casos e controles tinham idades entre 18 e 85 anos e os critérios de exclusão foram qualquer diagnóstico5 prévio de câncer1, recebimento de transplante de órgão, mastectomia6 ou diagnóstico5 de HIV7.
A análise principal foi a associação entre a exposição cumulativa a drogas que aumentam a prolactina4 e o câncer1 de mama2. As análises foram feitas com regressão logística condicional, ajustando para condições comórbidas e medicamentos concomitantes. Dados de etnia não estavam disponíveis.
De 30.785 mulheres com diagnóstico5 de esquizofrenia3 entre 1972 e 2014, 1.069 foram diagnosticadas com câncer1 de mama2 entre 1º de janeiro de 2000 e 31 de dezembro de 2017.
Em comparação com 5.339 controles correspondentes, exposição cumulativa de 1-4 anos (odds ratio [OR] ajustada 0,95, IC 95% 0,73-1,25) ou 5 ou mais anos de exposição (OR ajustada 1,19, 0,90-1,58) a antipsicóticos poupadores de prolactina4 (incluindo clozapina, quetiapina ou aripiprazol) não foi associada a um risco aumentado de câncer1 de mama2 em comparação com a exposição mínima (<1 ano).
Quando comparado com menos de 1 ano de exposição a antipsicóticos que aumentam a prolactina4 (todos os outros antipsicóticos), 1-4 anos de exposição não foi associada a um risco aumentado, mas a exposição por 5 ou mais anos foi associada a um risco aumentado (OR ajustada 1,56 [1,27-1,92], p <0,001).
O risco de desenvolver adenocarcinoma8 lobular associado ao uso em longo prazo de antipsicóticos que aumentam a prolactina4 (OR ajustada 2,36 [IC 95% 1,46-3,82]) foi maior do que o risco de desenvolver adenocarcinoma8 ductal (OR ajustada 1,42 [IC 95% 1,12-1,80]).
O estudo concluiu que a exposição de longo prazo a antipsicóticos que aumentam a prolactina4, mas não a poupadores de prolactina4, está significativamente associada ao aumento da probabilidade de câncer1 de mama2. O monitoramento da prolactinemia e o tratamento da hiperprolactinemia são fundamentais em mulheres com esquizofrenia3 tratadas com antipsicóticos que aumentam a prolactina4.
Saiba mais sobre "Esquizofrenia3", "Psicoses - o que são" e "Principais transtornos mentais".
Fonte: The Lancet Psychiatry, publicação em 30 de agosto de 2021.