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Uma intervenção digital melhorou os sintomas depressivos em 3 meses em pacientes com hipertensão ou diabetes comórbidos no Brasil e no Peru

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Qual é o efeito de uma intervenção digital de ativação comportamental aplicada ao longo de um período de 6 semanas sobre os sintomas1 depressivos entre pacientes com hipertensão2 ou diabetes3 comórbidos no Brasil e no Peru?

A depressão é um dos principais contribuintes para o fardo de doenças em todo o mundo. As intervenções digitais de saúde4 mental podem resolver a lacuna de tratamento em países de baixa e média renda, mas a eficácia nesses países é desconhecida.

Nesse contexto, o objetivo deste estudo, publicado pelo JAMA, foi investigar a eficácia de uma intervenção digital na redução dos sintomas1 depressivos entre pessoas com diabetes3 e/ou hipertensão2.

Leia sobre "Depressão maior", "Terapia cognitivo5 comportamental" e "Saúde4 mental - o que é".

Participantes com sintomas1 depressivos clinicamente significativos (pontuação do Questionário de Saúde4 do Paciente-9 [PHQ-9] ≥10) que estavam sendo tratados para hipertensão2 e/ou diabetes3 foram inscritos em um ensaio clínico randomizado6 (ECR) de grupo em 20 locais em São Paulo, Brasil (N = 880; de setembro de 2016 a setembro de 2017; acompanhamento final, abril de 2018), e em um ECR de nível individual em 7 locais em Lima, Peru (N = 432; de janeiro de 2017 a setembro de 2017; acompanhamento final, março de 2018).

Uma intervenção digital de baixa intensidade de 18 sessões foi realizada durante 6 semanas por meio de um smartphone fornecido, com base nos princípios de ativação comportamental e apoiada por auxiliares de enfermagem (n = 440 participantes em 10 grupos em São Paulo; n = 217 participantes em Lima) versus cuidados habituais aprimorados (n = 440 participantes em 10 grupos em São Paulo; n = 215 participantes em Lima).

O desfecho primário foi uma redução de pelo menos 50% da linha de base nas pontuações do PHQ-9 (variação, 0-27; pontuação mais alta indica depressão mais grave) em 3 meses. Os desfechos secundários incluíram uma redução de pelo menos 50% das pontuações basais do PHQ-9 em 6 meses.

Entre 880 pacientes agrupados randomizados no Brasil (idade média, 56,0 anos; 761 [86,5%] mulheres) e 432 pacientes randomizados individualmente no Peru (idade média, 59,7 anos; 352 [81,5%] mulheres), 807 (91,7%) no Brasil e 426 (98,6%) no Peru completaram pelo menos uma avaliação de acompanhamento.

A proporção de participantes em São Paulo com uma redução na pontuação do PHQ-9 de pelo menos 50% no acompanhamento de 3 meses foi de 40,7% (159/391 participantes) no grupo de intervenção digital vs 28,6% (114/399 participantes) no grupo de tratamento usual aprimorado (diferença, 12,1 pontos percentuais [IC 95%, 5,5 a 18,7]; odds ratio [OR] ajustado, 1,6 [IC 95%, 1,2 a 2,2]; P = 0,001).

Em Lima, a proporção de participantes com uma redução na pontuação do PHQ-9 de pelo menos 50% no acompanhamento de 3 meses foi de 52,7% (108/205 participantes) no grupo de intervenção digital vs 34,1% (70/205 participantes) no grupo de cuidados usuais aprimorados (diferença, 18,6 pontos percentuais [IC 95%, 9,1 a 28,0]; OR ajustado, 2,1 [IC 95%, 1,4 a 3,2]; P <0,001).

No acompanhamento de 6 meses, as diferenças entre os grupos não eram mais estatisticamente significativas.

Em 2 ensaios clínicos7 randomizados de pacientes com hipertensão2 ou diabetes3 e sintomas1 depressivos no Brasil e no Peru, uma intervenção digital realizada em um período de 6 semanas melhorou significativamente os sintomas1 depressivos em 3 meses, quando comparada ao tratamento usual aprimorado. No entanto, a magnitude do efeito foi pequena no estudo do Brasil e os efeitos não foram sustentados em 6 meses.

Veja também sobre "Depressões - o que são", "O que é psicoterapia" e "O que saber sobre antidepressivos".

 

Fonte: JAMA, publicação em 11 de maio de 2021.

 

NEWS.MED.BR, 2021. Uma intervenção digital melhorou os sintomas depressivos em 3 meses em pacientes com hipertensão ou diabetes comórbidos no Brasil e no Peru. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/1394690/uma-intervencao-digital-melhorou-os-sintomas-depressivos-em-3-meses-em-pacientes-com-hipertensao-ou-diabetes-comorbidos-no-brasil-e-no-peru.htm>. Acesso em: 19 mar. 2024.

Complementos

1 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
2 Hipertensão: Condição presente quando o sangue flui através dos vasos com força maior que a normal. Também chamada de pressão alta. Hipertensão pode causar esforço cardíaco, dano aos vasos sangüíneos e aumento do risco de um ataque cardíaco, derrame ou acidente vascular cerebral, além de problemas renais e morte.
3 Diabetes: Nome que designa um grupo de doenças caracterizadas por diurese excessiva. A mais frequente é o Diabetes mellitus, ainda que existam outras variantes (Diabetes insipidus) de doença nas quais o transtorno primário é a incapacidade dos rins de concentrar a urina.
4 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
5 Cognitivo: 1. Relativo ao conhecimento, à cognição. 2. Relativo ao processo mental de percepção, memória, juízo e/ou raciocínio. 3. Diz-se de estados e processos relativos à identificação de um saber dedutível e à resolução de tarefas e problemas determinados. 4. Diz-se dos princípios classificatórios derivados de constatações, percepções e/ou ações que norteiam a passagem das representações simbólicas à experiência, e também da organização hierárquica e da utilização no pensamento e linguagem daqueles mesmos princípios.
6 Randomizado: Ensaios clínicos comparativos randomizados são considerados o melhor delineamento experimental para avaliar questões relacionadas a tratamento e prevenção. Classicamente, são definidos como experimentos médicos projetados para determinar qual de duas ou mais intervenções é a mais eficaz mediante a alocação aleatória, isto é, randomizada, dos pacientes aos diferentes grupos de estudo. Em geral, um dos grupos é considerado controle – o que algumas vezes pode ser ausência de tratamento, placebo, ou mais frequentemente, um tratamento de eficácia reconhecida. Recursos estatísticos são disponíveis para validar conclusões e maximizar a chance de identificar o melhor tratamento. Esses modelos são chamados de estudos de superioridade, cujo objetivo é determinar se um tratamento em investigação é superior ao agente comparativo.
7 Ensaios clínicos: Há três fases diferentes em um ensaio clínico. A Fase 1 é o primeiro teste de um tratamento em seres humanos para determinar se ele é seguro. A Fase 2 concentra-se em saber se um tratamento é eficaz. E a Fase 3 é o teste final antes da aprovação para determinar se o tratamento tem vantagens sobre os tratamentos padrões disponíveis.
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