Pressão arterial sistólica noturna mais baixa está relacionada à proteinúria intensa e aos resultados em pacientes idosos com doença renal crônica
A doença renal1 crônica (DRC) pode surgir de doenças heterogêneas que afetam 11–16% da população mundial, dentre as quais diabetes mellitus2 e hipertensão3 são as duas principais causas de DRC na maioria dos municípios.
Está bem estabelecido que a pressão arterial4 (PA) elevada indica fortemente a progressão da função renal1 e mortalidade5 em populações com DRC ou sem. Nas últimas décadas, a monitorização ambulatorial da pressão arterial4 (MAPA) de 24 horas exerceu um melhor impacto na avaliação do estado da pressão arterial4 ao longo do dia, distinguindo hipertensão3 mascarada ou hipertensão3 do avental branco em pacientes com DRC de forma mais eficaz do que a pressão arterial4 de consultório.
As diretrizes de manejo da hipertensão3 têm sugerido consistentemente a MAPA como o melhor método para diagnosticar a hipertensão3 e pode identificar o momento adequado de administração de medicamentos anti-hipertensivos. A MAPA também tem efeito prognóstico6 na incidência7 e progressão do dano renal1.
Leia sobre "Insuficiência renal8 crônica", "Hipertensão arterial9" e "Mecanismo de ação dos anti-hipertensivos".
A proteinúria10 intensa é um dos fatores diagnósticos essenciais para a síndrome nefrótica11, sendo comumente reconhecida como superior a 3,5 g medida por um método de coleta de urina12 cronometrada de 24 horas. Dados clínicos e experimentais indicaram que a proteinúria10 intensa está associada à formação de fibrose13 intersticial14 renal1 e contribui para a progressão da insuficiência renal8.
O estudo NHANES mostrou que a proteinúria10 foi um fator de risco15 independente para hipertensão3 e independentemente associado ao controle da pressão arterial4 (PA) na DRC. O controle da PA reduz a incidência7 de albuminúria16. No entanto, a associação entre a proteinúria10 de 24 horas e a pressão arterial4 ambulatorial de 24 horas em pacientes idosos com DRC permanece incerta por causa de seus procedimentos complicados e demorados e gastos na prática clínica.
A MAPA gera uma abundância de dados. Os pesquisadores avaliaram a pressão arterial4 em momentos diferentes, como a pressão arterial4 matinal, diurna e noturna. No entanto, a pressão arterial sistólica17 noturna mais baixa (PASNB), que atualmente é usada para calcular o pico matinal, é pouco estudada em pacientes com DRC.
Nesse estudo, publicado na revista Scientific Reports, os pesquisadores estavam particularmente interessados na PASNB, se ela tem uma associação com proteinúria10 intensa e pode prever os resultados da DRC, o que não foi especificamente abordado até onde se sabe.
Portanto, nesse contexto em que a monitoração ambulatorial da pressão arterial4 pode produzir muitas variáveis, das quais a pressão arterial sistólica17 noturna mais baixa atualmente usada no cálculo18 do pico matinal é ocasionalmente esquecida em estudos renais recentes em comparação com outros parâmetros de MAPA, buscou-se explorar os efeitos clínicos da PASNB em pacientes idosos com doença renal1 crônica em um estudo multicêntrico de coorte19 observacional.
Um total de 356 pacientes idosos com DRC de 19 clínicas foram incluídos nesta análise. Usou-se regressão logística múltipla e análises de sobrevivência20 para avaliar as associações entre a pressão arterial sistólica17 noturna mais baixa e proteinúria10 intensa e resultados da doença renal1, respectivamente.
A mediana de idade foi de 66 anos e 66,6% eram homens. A eTFG (estimativa da Taxa de Filtração Glomerular) média foi de 49,2 ml/min /1,73 m².
A análise de regressão logística multivariada demonstrou que a PASNB (OR 1,24; IC 95% 1,10-1,39; P <0,001; por 10 mmHg) foi associada à proteinúria10 intensa.
Durante o acompanhamento médio de 23 meses, 70 pacientes (19,7%) tiveram um desfecho composto; destes, 25 iniciaram a diálise21, 25 tiveram perda de 40% da eTFG e 20 morreram.
A análise de Cox mostrou que o risco renal1 de PASNB para desfechos de DRC permaneceu significativo mesmo após o ajuste de fatores de base, incluindo idade, sexo, histórico médico de hipertensão3 e diabetes22, tabagismo, eTFG, proteinúria10 de 24 horas e etiologia23 da DRC (HR 1,18; IC 95% 1,06-1,32; P = 0,002; por 10 mmHg).
Assim, esse estudo mostrou que concentrar-se na pressão arterial sistólica17 noturna mais baixa pode ser valioso para orientar o tratamento anti-hipertensivo para controlar a proteinúria10 intensa e melhorar o prognóstico6 renal1 em pacientes idosos com doença renal1 crônica.
Veja também sobre "Proteinúria10 - perda de proteína na urina12", "O que vem a ser pressão arterial4" e "Avaliação da função renal1".
Fonte: Scientific Reports, publicação em 12 de março de 2021.