Uma dieta com alto índice glicêmico foi associada ao aumento do risco de eventos cardiovasculares graves e mortalidade
Uma análise global de informações dietéticas sugere que dietas ricas em carboidratos de baixa qualidade estão associadas a um maior risco de ataque cardíaco, derrame1 e morte.
O estudo PURE incluiu mais de 135.000 participantes de 20 países diferentes em 5 continentes, e seus dados sugerem que uma dieta com alto índice glicêmico foi associada a um aumento de 21% no risco de um evento cardiovascular maior ou morte entre aqueles sem histórico de doença cardiovascular, com esse risco tornando-se maior entre aqueles com doença cardiovascular preexistente.
“Tenho estudado o impacto das dietas com alto índice glicêmico por muitas décadas, e este estudo ratifica que o consumo de grandes quantidades de carboidratos de baixa qualidade é um problema mundial”, disse o pesquisador principal David Jenkins, MD, PhD, professor de ciências nutricionais e medicina na Temerty Faculty of Medicine da Universidade de Toronto e um cientista do Instituto de Conhecimento Li Ka Shing do Hospital St. Michael, Unity Health Toronto, em um comunicado.
Saiba mais sobre "Índice glicêmico e o que ele significa para o organismo" e "Carboidratos e como agem no organismo".
A maioria dos dados sobre a associação entre o índice glicêmico e doenças cardiovasculares2 vem de populações ocidentais de alta renda, com poucas informações de países não ocidentais com renda baixa ou média. Para preencher essa lacuna, são necessários dados de uma grande população geograficamente diversa.
Este estudo, publicado pelo The New England Journal of Medicine, buscou avaliar a associação entre índice glicêmico, carga glicêmica e doença cardiovascular e mortalidade3.
A análise incluiu 137.851 participantes com idades entre 35 e 70 anos que vivem em cinco continentes, com um seguimento médio de 9,5 anos. Foram usados questionários de frequência alimentar específicos de cada país para determinar a ingestão alimentar e estimou-se o índice glicêmico e a carga glicêmica com base no consumo de sete categorias de alimentos com carboidratos.
Calculou-se as razões de risco usando modelos multivariáveis de fragilidade de Cox. O desfecho primário foi um composto de um evento cardiovascular maior (morte cardiovascular, infarto do miocárdio4 não fatal, acidente vascular cerebral5 e insuficiência cardíaca6) ou morte por qualquer causa.
Na população do estudo, 8.780 mortes e 8.252 eventos cardiovasculares maiores ocorreram durante o período de acompanhamento. Depois de realizar ajustes extensos comparando os quintis de índice glicêmico mais baixo e mais alto, descobriu-se que uma dieta com um índice glicêmico alto estava associada a um risco aumentado de um evento cardiovascular maior ou morte, tanto entre participantes com doença cardiovascular (DCV) preexistente (razão de risco, 1,51; Intervalo de confiança [IC] de 95%, 1,25 a 1,82) quanto entre aqueles sem DCV (razão de risco, 1,21; IC de 95%, 1,11 a 1,34).
Entre os componentes do desfecho primário, um alto índice glicêmico também foi associado a um maior risco de morte por causas cardiovasculares. Os resultados em relação à carga glicêmica foram semelhantes aos achados em relação ao índice glicêmico entre os participantes com doença cardiovascular no início do estudo, mas a associação não foi significativa entre aqueles sem doença cardiovascular preexistente.
Neste estudo, uma dieta com alto índice glicêmico foi associada a um risco aumentado de doença cardiovascular e morte.
“Os ensaios do estudo PURE já indicaram que nem todos os alimentos com carboidratos são iguais. Dietas ricas em carboidratos de baixa qualidade estão associadas à longevidade reduzida, enquanto dietas ricas em carboidratos de alta qualidade, como frutas, vegetais e legumes, têm efeitos benéficos”, disse Jenkins.
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Fontes:
The New England Journal of Medicine, publicação em 24 de fevereiro de 2021.
Practical Cardiology, notícia publicada em 02 de março de 2021.