Inatividade física, obesidade e sintomas de ansiedade e/ou depressão foram associados a piores resultados de asma e ao controle da asma
A asma1 é uma doença heterogênea e complexa, e uma descrição dos fenótipos da asma1 com base em características extrapulmonares tratáveis não foi relatada anteriormente.
Agora, a presença de uma ou várias doenças entre pacientes com asma1 foi mapeada em um estudo realizado por pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), em parceria com o National Health and Medical Research Council Centre of Excellence in Severe Asthma, da Universidade de Newcastle, da Austrália e mais outras instituições.
Pelo fato de a pesquisa identificar grupos com base em características tratáveis extrapulmonares, ele foi considerado pioneiro, e publicado na revista científica European Respiratory Journal.
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O objetivo do estudo foi identificar e caracterizar grupos com base em características clínicas, funcionais, antropométricas e psicológicas em participantes com asma1 moderada a grave. Assim, buscou-se identificar comorbidades2 mais comuns entre pacientes com asma1, além de tentar medir os impactos dessas comorbidades2 em maior ou menor gravidade.
“A inatividade física, níveis mais elevados de tempo sedentário, sintomas3 de ansiedade e depressão e obesidade4 foram associados a piores desfechos de asma1,” explica o Prof. Celso Carvalho, um dos autores do estudo, que ainda complementa, “tratar as comorbidades2 é tão importante quanto tratar a própria asma”.
Este foi um estudo transversal multicêntrico envolvendo centros do Brasil e da Austrália. Participantes (n = 296) com asma1 moderada a grave foram recrutados consecutivamente. Foram avaliados a atividade física e o tempo sedentário, o controle clínico da asma1, dados antropométricos, função pulmonar e estado psicológico e de saúde5.
Os participantes foram classificados por análise hierárquica de cluster e os grupos foram comparados por meio dos testes ANOVA6, Kruskal-Wallis e Qui-quadrado. Modelos de regressão logística múltipla e linear foram realizados para avaliar a associação entre as variáveis.
Foram identificados quatro grupos:
- participantes com asma1 controlada fisicamente ativos;
- participantes com asma1 não controlada fisicamente inativos e mais sedentários;
- participantes com asma1 não controlada e baixa atividade física, que também eram obesos e apresentavam sintomas3 de ansiedade e/ou depressão;
- participantes com asma1 muito descontrolada, fisicamente inativos, mais sedentários, obesos e com sintomas3 de ansiedade e/ou depressão.
Níveis mais elevados de tempo sedentário, sexo feminino e sintomas3 de ansiedade foram associados a maiores chances de risco de exacerbação, enquanto ser mais ativo apresentou fator protetor para hospitalização. O controle da asma1 esteve associado ao sexo, ocorrência de exacerbação, atividade física e estado de saúde5.
Inatividade física, obesidade4 e sintomas3 de ansiedade e/ou depressão foram associados a piores resultados de asma1 e intimamente e inextricavelmente associados ao controle da asma1.
Esta análise de grupos destaca a importância de avaliar as características extrapulmonares para melhorar o gerenciamento personalizado e os resultados para pessoas com asma1 moderada e grave.
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Fontes:
European Respiratory Journal, publicação em 21 de janeiro de 2021.
Medicina USP, notícia publicada em 27 de janeiro de 2021.