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Alimentos fritos e seu impacto na saúde do coração: cada porção adicional de comida frita por semana foi associada a um aumento de 3% no risco de eventos cardiovasculares adversos

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Os resultados de um novo estudo estão estabelecendo uma ligação direta entre o consumo de alimentos fritos e o aumento do risco de doenças cardiovasculares1 e mortalidade2 por todas as causas.

Em uma metanálise de mais de uma dúzia de estudos observacionais, o novo estudo sugere que cada porção adicional de comida frita por semana foi associada a um aumento de 3% no risco de eventos cardiovasculares adversos maiores, um aumento de 2% no risco de doença arterial coronariana, e um aumento de 12% no risco de insuficiência cardíaca3.

“Nosso estudo forneceu evidências para os efeitos adversos do consumo de alimentos fritos nas doenças cardiovasculares1 e pode ser útil para diretrizes dietéticas”, escreveram os pesquisadores. “A OMS sugeriu limitar o consumo de alimentos fritos para reduzir a quantidade total de gordura4 ingerida e a ingestão de ácidos graxos trans produzidos industrialmente para uma dieta saudável. No entanto, nenhuma diretriz dietética é aprovada para o efeito específico do consumo de alimentos fritos nas doenças cardiovasculares1.”

Saiba mais sobre "Doenças cardiovasculares1", "Alimentação saudável" e "Importância das gorduras para o organismo".

No estudo publicado pelo Heart, jornal que faz parte do BMJ Journals, foi realizada uma metanálise, incluindo análise de dose-resposta, para determinar quantitativamente a associação do consumo de alimentos fritos e risco de doença cardiovascular e mortalidade2 por todas as causas na população adulta em geral.

Foram pesquisadas as bases de dados PubMed, EMBASE e Web of Science para todos os artigos antes de 11 de abril de 2020. Modelos de efeitos aleatórios foram usados ​​para estimar os riscos relativos (RRs) resumidos e ICs de 95%.

A partir desses estudos, os pesquisadores obtiveram informações relacionadas a 562.445 indivíduos e 36.727 eventos cardiovasculares maiores. Digno de nota, 6 estudos de coorte5 examinaram a mortalidade2 por todas as causas – esses estudos incluíram 754.873 participantes que foram acompanhados por uma média de 9,5 anos. Também digno de nota, 85.906 mortes ocorreram durante o período de acompanhamento desses estudos.

Ao comparar a maior com a menor ingestão de alimentos fritos, os RRs resumidos (IC de 95%) foram:

  • 1,28 (1,15 a 1,43; n = 17, I² = 82,0%) para eventos cardiovasculares maiores (prospectivo6: 1,24 (1,12 a 1,38), n = 13, I² = 75,7%; caso-controle: 1,91 (1,15 a 3,17), n = 4, I² = 92,1%);
  • 1,22 (1,07 a 1,40; n = 11, I² = 77,9%) para doença arterial coronariana (prospectivo6: 1,16 (1,05 a 1,29), n = 8, I² = 44,6%; caso-controle: 1,91 (1,05 a 3,47), n = 3, I² = 93,9%);
  • 1,37 (0,97 a 1,94; n = 4, I² = 80,7%) para AVC (coorte7: 1,21 (0,87 a 1,69), n = 3, I² = 77,3%; caso-controle: 2,01 (1,27 a 3,19), n = 1);
  • 1,37 (1,07 a 1,75; n = 4, I² = 80,0%) para insuficiência cardíaca3;
  • 1,02 (0,93 a 1,14; n = 3, I² = 27,3%) para mortalidade2 cardiovascular;
  • e 1,03 (IC 95% 0,96-1,12; n = 6, I² = 38,0%) para mortalidade2 por todas as causas.

A associação foi linear para eventos cardiovasculares maiores, doença arterial coronariana e insuficiência cardíaca3.

Assim, comparando participantes com os níveis mais altos de ingestão de alimentos fritos com aqueles com os mais baixos, os resultados sugeriram que o aumento da ingestão estava associado a um aumento de 28% no risco de eventos cardiovasculares maiores, um aumento de 22% no risco de doença arterial coronariana, um aumento de 37% no risco de acidente vascular cerebral8 e um aumento de 37% no risco de insuficiência cardíaca3.

Uma análise posterior indicou um aumento de 2% no risco de mortalidade2 cardiovascular e um aumento de 3% no risco de mortalidade2 por todas as causas.

O estudo mostrou que o consumo de alimentos fritos pode aumentar o risco de doenças cardiovasculares1 e apresenta uma relação linear dose-resposta. No entanto, a alta heterogeneidade e os vieses potenciais de recordação e classificação incorreta para o consumo de alimentos fritos dos estudos originais devem ser considerados.

Leia sobre "Doença arterial coronariana", "Insuficiência cardíaca3", "Acidente vascular cerebral8" e "Sete passos para um coração9 saudável".

 

Fontes:
Heart, publicação em 19 de janeiro de 2021.
Practical Cardiology, notícia publicada em 19 de janeiro de 2021.

 

NEWS.MED.BR, 2021. Alimentos fritos e seu impacto na saúde do coração: cada porção adicional de comida frita por semana foi associada a um aumento de 3% no risco de eventos cardiovasculares adversos. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/1387195/alimentos-fritos-e-seu-impacto-na-saude-do-coracao-cada-porcao-adicional-de-comida-frita-por-semana-foi-associada-a-um-aumento-de-3-no-risco-de-eventos-cardiovasculares-adversos.htm>. Acesso em: 29 mar. 2024.

Complementos

1 Doenças cardiovasculares: Doença do coração e vasos sangüíneos (artérias, veias e capilares).
2 Mortalidade: A taxa de mortalidade ou coeficiente de mortalidade é um dado demográfico do número de óbitos, geralmente para cada mil habitantes em uma dada região, em um determinado período de tempo.
3 Insuficiência Cardíaca: É uma condição na qual a quantidade de sangue bombeada pelo coração a cada minuto (débito cardíaco) é insuficiente para suprir as demandas normais de oxigênio e de nutrientes do organismo. Refere-se à diminuição da capacidade do coração suportar a carga de trabalho.
4 Gordura: Um dos três principais nutrientes dos alimentos. Os alimentos que fornecem gordura são: manteiga, margarina, óleos, nozes, carnes vermelhas, peixes, frango e alguns derivados do leite. O excesso de calorias é estocado no organismo na forma de gordura, fornecendo uma reserva de energia ao organismo.
5 Estudos de coorte: Um estudo de coorte é realizado para verificar se indivíduos expostos a um determinado fator apresentam, em relação aos indivíduos não expostos, uma maior propensão a desenvolver uma determinada doença. Um estudo de coorte é constituído, em seu início, de um grupo de indivíduos, denominada coorte, em que todos estão livres da doença sob investigação. Os indivíduos dessa coorte são classificados em expostos e não-expostos ao fator de interesse, obtendo-se assim dois grupos (ou duas coortes de comparação). Essas coortes serão observadas por um período de tempo, verificando-se quais indivíduos desenvolvem a doença em questão. Os indivíduos expostos e não-expostos devem ser comparáveis, ou seja, semelhantes quanto aos demais fatores, que não o de interesse, para que as conclusões obtidas sejam confiáveis.
6 Prospectivo: 1. Relativo ao futuro. 2. Suposto, possível; esperado. 3. Relativo à preparação e/ou à previsão do futuro quanto à economia, à tecnologia, ao plano social etc. 4. Em geologia, é relativo à prospecção.
7 Coorte: Grupo de indivíduos que têm algo em comum ao serem reunidos e que são observados por um determinado período de tempo para que se possa avaliar o que ocorre com eles. É importante que todos os indivíduos sejam observados por todo o período de seguimento, já que informações de uma coorte incompleta podem distorcer o verdadeiro estado das coisas. Por outro lado, o período de tempo em que os indivíduos serão observados deve ser significativo na história natural da doença em questão, para que haja tempo suficiente do risco se manifestar.
8 Acidente vascular cerebral: Conhecido popularmente como derrame cerebral, o acidente vascular cerebral (AVC) ou encefálico é uma doença que consiste na interrupção súbita do suprimento de sangue com oxigênio e nutrientes para o cérebro, lesando células nervosas, o que pode resultar em graves conseqüências, como inabilidade para falar ou mover partes do corpo. Há dois tipos de derrame, o isquêmico e o hemorrágico.
9 Coração: Órgão muscular, oco, que mantém a circulação sangüínea.
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