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Intervenções que reduzem a solidão podem prevenir ou reduzir a depressão em adultos mais velhos

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A solidão é sentida por um terço dos adultos mais velhos no Reino Unido e é um fator de risco1 potencial modificável para sintomas2 depressivos. Não está claro como a associação entre solidão e sintomas2 depressivos persiste ao longo do tempo e se é independente de construções sociais relacionadas e fatores de confusão genéticos.

O objetivo desse estudo, publicado pelo The Lancet Psychiatry, foi investigar a associação entre solidão e sintomas2 depressivos, avaliados em várias ocasiões durante 12 anos de acompanhamento, em uma grande coorte3 nacionalmente representativa de adultos com 50 anos ou mais na Inglaterra.

Saiba mais sobre "Depressões", "Depressão maior" e "Sentimentos de solidão".

Foi feito um estudo longitudinal usando sete ondas de dados que foram coletados uma vez a cada 2 anos entre 2004 e 2017, de adultos com 50 anos ou mais no English Longitudinal Study of Aging (ELSA). A exposição foi a solidão no início do estudo (onda dois), medida com a breve revisão de 1980 da Escala de Solidão da Universidade da Califórnia, Los Angeles (R-UCLA).

O desfecho primário foi uma pontuação que indica a gravidade da depressão medida em seis pontos de tempo subsequentes (ondas de três a oito), usando a versão de oito itens da Escala de Depressão do Centro de Estudos Epidemiológicos (CES-D). As análises foram regressões lineares de vários níveis, antes e depois do ajuste para isolamento social, suporte social, escores de risco poligênico e outros fatores de confusão sociodemográficos e relacionados à saúde4. O desfecho secundário foi o diagnóstico5 de depressão, medido por meio de uma versão binária da CES-D.

4.211 (46%) de 9.171 participantes elegíveis tinham dados completos sobre a exposição, desfecho e fatores de confusão e foram incluídos na amostra de casos completa. Após todos os ajustes, um aumento de 1 ponto no escore de solidão foi associado a um aumento de 0,16 (IC 95% 0,13–0,19) no escore de gravidade dos sintomas2 depressivos (média de todos os acompanhamentos).

Estimou-se uma fração atribuível à população para depressão associada à solidão de 18% (IC 95% 12–24) em 1 ano de acompanhamento e 11% (3–19) no acompanhamento final (onda oito), sugerindo que 11–18% dos casos de depressão poderiam ser potencialmente evitados se a solidão fosse eliminada.

As associações entre solidão e sintomas2 depressivos permaneceram após 12 anos de acompanhamento, embora os tamanhos dos efeitos fossem menores com o acompanhamento mais longo.

Independentemente de outras experiências sociais, maiores escores de solidão no início do estudo foram associados a maiores escores de gravidade dos sintomas2 de depressão durante 12 anos de acompanhamento entre adultos com 50 anos ou mais.

As intervenções que reduzem a solidão podem prevenir ou reduzir a depressão em idosos, o que representa um crescente problema de saúde4 pública em todo o mundo.

Leia sobre "Isolamento social", "Principais síndromes geriátricas" e "Transtornos afetivos".

 

Fonte: The Lancet Psychiatry, publicação em 09 de novembro de 2020.

 

NEWS.MED.BR, 2020. Intervenções que reduzem a solidão podem prevenir ou reduzir a depressão em adultos mais velhos. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/1382823/intervencoes-que-reduzem-a-solidao-podem-prevenir-ou-reduzir-a-depressao-em-adultos-mais-velhos.htm>. Acesso em: 16 abr. 2024.

Complementos

1 Fator de risco: Qualquer coisa que aumente a chance de uma pessoa desenvolver uma doença.
2 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
3 Coorte: Grupo de indivíduos que têm algo em comum ao serem reunidos e que são observados por um determinado período de tempo para que se possa avaliar o que ocorre com eles. É importante que todos os indivíduos sejam observados por todo o período de seguimento, já que informações de uma coorte incompleta podem distorcer o verdadeiro estado das coisas. Por outro lado, o período de tempo em que os indivíduos serão observados deve ser significativo na história natural da doença em questão, para que haja tempo suficiente do risco se manifestar.
4 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
5 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
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