Ácidos graxos ômega-3 circulantes foram associados a menor risco de eventos adversos em pacientes com infarto agudo do miocárdio
A doença arterial coronariana é a principal causa de mortalidade1 em todo o mundo. Avanços nos métodos de reperfusão imediata reduziram a mortalidade1 aguda associada ao infarto do miocárdio2 (IM); no entanto, eventos cardiovasculares secundários continuam a representar uma carga significativa para além do período de tempo de tratamento agudo3 para sobreviventes de IM. Portanto, o desenvolvimento de estratégias para melhorar o prognóstico4 após um infarto do miocárdio2 é uma questão importante em ambientes clínicos e de saúde5 pública.
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Dietas ricas em frutos do mar têm sido fortemente associadas a um menor risco de eventos cardiovasculares fatais, particularmente morte cardíaca súbita. O ácido eicosapentaenoico (EPA) ômega-3 da dieta tem várias propriedades cardioprotetoras. A proporção de EPA na fosfatidilcolina (FC) sérica reflete a ingestão de EPA na dieta durante as semanas anteriores. O EPA circulante no infarto6 agudo3 do miocárdio7 com elevação do segmento ST (IAMCST) está relacionado ao tamanho menor do infarto6 e função ventricular preservada em longo prazo.
Nesse estudo, publicado pelo Journal of the American College of Cardiology (JACC), os autores investigaram se os níveis de EPA na FC sérica (representante para consumo de ômega-3 marinho) no momento do IAMCST estavam associados a uma menor incidência8 de eventos cardiovasculares adversos maiores (ECAM), mortalidade1 por todas as causas e readmissão por causas cardiovasculares (CV) no seguimento de 3 anos. Também foi explorada a associação de ácido alfa-linolênico (ALA, representante para ingestão de ômega-3 vegetal) com mortalidade1 por todas as causas e ECAM.
Os autores incluíram prospectivamente 944 pacientes consecutivos com IAMCST (idade média de 61 anos, 209 mulheres) submetidos a intervenção coronária percutânea primária. Os ácidos graxos na FC sérica foram determinados com cromatografia gasosa.
Durante o acompanhamento, 211 pacientes tiveram ECAM, 108 morreram e 130 foram readmitidos por causas CV. Um modelo de riscos proporcionais de Cox ajustado para preditores clínicos conhecidos mostrou que o EPA na FC sérica no momento do IAMCST foi inversamente associado com ECAM incidente9 e readmissão por causas CV (razão de risco [HR]: 0,76; intervalo de confiança [IC] de 95%: 0,62 a 0,94 e HR: 0,74; IC 95%: 0,58 a 0,95, respectivamente, para um aumento de 1 desvio padrão [DP]).
O ALA na FC sérica foi inversamente relacionado à mortalidade1 por todas as causas (HR: 0,65; IC 95%: 0,44 a 0,96, para um aumento de 1-DP).
O estudo concluiu que os níveis elevados de ácido eicosapentaenoico (EPA) e ácido alfa-linolênico (ALA) na fosfatidilcolina (FC) sérica no momento do infarto6 agudo3 do miocárdio7 com elevação do segmento ST (IAMCST) foram associados a um menor risco de eventos adversos clínicos. O consumo de alimentos ricos nesses ácidos graxos pode melhorar o prognóstico4 do IAMCST.
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Fonte: JACC, Vol. 76, Nº 18, em outubro de 2020.