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Malária: infecção assintomática persistente por Plasmodium falciparum na estação seca aumenta o tempo de circulação do parasita

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A estação seca é um grande desafio para os parasitas Plasmodium falciparum em muitas regiões endêmicas da malária, onde a disponibilidade de água limita os mosquitos vetores a apenas uma parte do ano. Como o P. falciparum liga duas estações de transmissão com meses de intervalo, sem ser eliminado pelo hospedeiro humano ou comprometer a sobrevivência1 do hospedeiro, é pouco compreendido.

Nesse estudo, publicado na revista Nature Medicine, pesquisadores mostraram que baixos níveis de parasitas P. falciparum persistem no sangue2 de indivíduos malineses assintomáticos durante a estação seca de 5 a 6 meses, raramente causando sintomas3 e afetando minimamente a resposta imune do hospedeiro.

Parasitas isolados durante a estação seca são transcricionalmente distintos daqueles de indivíduos com malária febril na estação de transmissão, coincidindo com uma circulação4 mais longa dentro de cada ciclo replicativo de eritrócitos5 parasitados sem aderir ao endotélio vascular6.

Os baixos níveis de parasitas durante a estação seca não são devidos à replicação prejudicada, mas sim ao aumento da depuração esplênica7 de eritrócitos5 infectados de longa circulação4, o que provavelmente mantém as parasitemias abaixo do radar clínico e imunológico.

Dessa forma, propõe-se que a virulência8 de P. falciparum em áreas de transmissão sazonal da malária seja regulada de modo que o parasita9 diminua sua capacidade de ligação endotelial, permitindo o aumento da depuração esplênica7 e possibilitando vários meses de persistência subclínica do parasita9.

Leia sobre "Malária", "Simbiose10, parasitismo, comensalismo" e "Animais que mais matam no mundo".

 

Fonte: Nature Medicine, publicação em 26 de outubro de 2020.

 

NEWS.MED.BR, 2020. Malária: infecção assintomática persistente por Plasmodium falciparum na estação seca aumenta o tempo de circulação do parasita. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/1381843/malaria-infeccao-assintomatica-persistente-por-plasmodium-falciparum-na-estacao-seca-aumenta-o-tempo-de-circulacao-do-parasita.htm>. Acesso em: 29 mar. 2024.

Complementos

1 Sobrevivência: 1. Ato ou efeito de sobreviver, de continuar a viver ou a existir. 2. Característica, condição ou virtude daquele ou daquilo que subsiste a um outro. Condição ou qualidade de quem ainda vive após a morte de outra pessoa. 3. Sequência ininterrupta de algo; o que subsiste de (alguma coisa remota no tempo); continuidade, persistência, duração.
2 Sangue: O sangue é uma substância líquida que circula pelas artérias e veias do organismo. Em um adulto sadio, cerca de 45% do volume de seu sangue é composto por células (a maioria glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas). O sangue é vermelho brilhante, quando oxigenado nos pulmões (nos alvéolos pulmonares). Ele adquire uma tonalidade mais azulada, quando perde seu oxigênio, através das veias e dos pequenos vasos denominados capilares.
3 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
4 Circulação: 1. Ato ou efeito de circular. 2. Facilidade de se mover usando as vias de comunicação; giro, curso, trânsito. 3. Movimento do sangue, fluxo de sangue através dos vasos sanguíneos do corpo e do coração.
5 Eritrócitos: Células vermelhas do sangue. Os eritrócitos maduros são anucleados, têm forma de disco bicôncavo e contêm HEMOGLOBINA, cuja função é transportar OXIGÊNIO. Sinônimos: Corpúsculos Sanguíneos Vermelhos; Corpúsculos Vermelhos Sanguíneos; Corpúsculos Vermelhos do Sangue; Glóbulos Vermelhos; Hemácias
6 Endotélio Vascular: Camada única de células que alinha-se na superfície luminal em todo o sistema vascular. Regulam o transporte de macromoléculas e componentes do sangue do interstício ao lúmem. Sua função tem sido mas amplamente estudada nos capilares sangüíneos.
7 Esplênica: Relativa ao baço.
8 Virulência: 1. Qualidade ou estado do que é ou está virulento. 2. Capacidade de um vírus ou bactéria de se multiplicar dentro de um organismo, provocando doença. 3. No sentido figurado, caráter daquilo ou daquele que está carregado de violência ou de ímpeto violento.
9 Parasita: Organismo uni ou multicelular que vive às custas de outro, denominado hospedeiro. A presença de parasitos em um hospedeiro pode produzir diferentes doenças dependendo do tipo de afecção produzida, do estado geral de saúde do hospedeiro, de mecanismos imunológicos envolvidos, etc. São exemplos de parasitas: a sarna, os piolhos, os áscaris (lombrigas), as tênias (solitárias), etc.
10 Simbiose: Tipo de associação intima e duradora entre seres vivos de 2 espécies diferentes, pela qual é assegurada a sobrevivência de ambas as espécies em função das trocas metabólicas ou de outros fatores indispensáveis.
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