Progressão da microangiopatia cerebral está relacionada ao aumento substancial no risco de acidente vascular cerebral a longo prazo
Os dados sobre a importância das hiperintensidades da substância branca (WMH, do inglês white matter hyperintensities) / infartos cerebrais lacunares combinados e a progressão deles ao longo do tempo para a previsão de acidente vascular cerebral1 são escassos.
Nesse estudo publicado no jornal Stroke, estudou-se associações entre a progressão em medidas combinadas de microangiopatia cerebral e risco de acidente vascular cerebral1 no estudo ARIC (Atherosclerosis Risk in Communities).
Foi feita uma análise prospectiva de 907 participantes do ARIC livres de AVC que foram submetidos a uma ressonância magnética2 do cérebro3 (MRI) em 1993 a 1995, uma segunda ressonância magnética2 do cérebro3 em 2004 a 2006, e foram subsequentemente acompanhados para incidência4 de AVC até 31 de dezembro de 2017 (mediana [25% –75%] de acompanhamento 12,6 [8,9–13,4] anos).
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Uma medida combinada de microangiopatia cerebral foi definida em cada visita e categorizada pela progressão da primeira para a segunda ressonância magnética2 do cérebro3 como: nenhuma progressão, progressão leve (aumento de ≥1 unidade no grau de WMH ou nova lacuna) e progressão moderada (aumento de ≥1 unidade no grau WMH e nova lacuna).
Todos os acidentes vasculares6 cerebrais isquêmicos ou hemorrágicos7 incidentes8 definidos / prováveis ocorridos após essa segunda ressonância magnética2 e até 2017 foram incluídos.
As associações entre microangiopatia cerebral, progressão nas medidas combinadas e incidência4 de AVC foram estudadas com modelos de risco proporcional de Cox, ajustando para idade, sexo, raça, nível de educação, tempo da primeira à segunda ressonância magnética2, índice de massa corporal9, tabagismo, hipertensão10, diabetes mellitus11 e doença cardíaca coronariana.
Na segunda ressonância magnética2 do cérebro3 (idade média de 72), a distribuição da medida combinada foi de 37% grau de WMH <2 e sem lacuna; 57% grau de WMH ≥2 ou lacuna; e 6% grau de WMH ≥2 e lacuna.
Nenhuma progressão nas medidas combinadas foi observada em 38% dos participantes, 57% apresentaram progressão leve e 5% apresentaram progressão moderada. Sessenta e quatro acidentes vasculares6 cerebrais ocorreram durante o período de acompanhamento.
Comparado com nenhuma mudança na medida combinada, a progressão moderada da microangiopatia cerebral foi significativamente associada com maior risco de acidente vascular cerebral1 (razão de risco ajustada, 3,00 [IC de 95%, 1,30–6,94]).
A progressão da microangiopatia cerebral, manifestando-se como novos infartos cerebrais lacunares e aumento no grau de hiperintensidades da substância branca, está relacionada ao aumento substancial no risco de acidente vascular cerebral1 a longo prazo.
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Fonte: Stroke, publicação em 01 de outubro de 2020.