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Efeitos metabólicos do jantar tardio em voluntários saudáveis

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O consumo de calorias1 no final do dia está associado à obesidade2 e à síndrome metabólica3. No presente estudo, a hipótese dos pesquisadores foi que comer um jantar tardio altera o metabolismo4 do substrato durante o sono de uma maneira que promove a obesidade2.

O objetivo do estudo, publicado no The Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism (JCEM), foi analisar o impacto do jantar tardio no metabolismo4 noturno em voluntários saudáveis.

Este é um estudo cruzado randomizado5 de jantar tardio (JT, 22:00) versus jantar de rotina (JR, 18:00), com um período de sono fixo (23:00-07:00) em ambiente de laboratório.

Os participantes consistiam em 20 voluntários saudáveis ​​(10 homens, 10 mulheres), com idade de 26,0 ± 0,6 anos, IMC6 23,2 ± 0,7 kg/m², acostumados a ir dormir entre 22:00 e 01:00.

Uma dieta isocalórica de macronutrientes7 foi administrada em ambas as visitas. O jantar (35% das kcal diárias, 50% carboidrato8, 35% de gordura9) com um marcador lipídico oral ([²H31] palmitato, 15 mg/kg) foi dado às 18:00 no JR e 22:00 no JT.

Os principais desfechos foram glicemia10 plasmática noturna e no dia seguinte, insulina11, triglicerídeos, ácidos graxos livres (AGLs), cortisol, oxidação de ácidos graxos na dieta e polissonografia12 durante a noite.

O jantar tardio causou uma mudança de 4 horas no período pós-prandial, sobrepondo-se à fase do sono. Independentemente dessa mudança, o período pós-prandial após o JT foi caracterizado por maior glicemia10, um atraso no pico de triglicerídeos e menores valores de AGL e oxidação de ácidos graxos na dieta. O JT não afetou a arquitetura do sono, mas aumentou o cortisol plasmático. Essas alterações metabólicas foram mais pronunciadas em pessoas que dormem mais cedo, determinadas pelo monitoramento da actigrafia13.

O estudo concluiu que o jantar tardio induz intolerância noturna à glicose14 e reduz a oxidação e mobilização de ácidos graxos, principalmente em pessoas que dormem mais cedo. Esses efeitos podem promover a obesidade2 se ocorrerem cronicamente.

Saiba mais sobre "Obesidade2", "Metabolismo4", "Como é o sono" e "Alimentação saudável".

 

Fonte: JCEM, publicação em 11 de junho de 2020.

 

NEWS.MED.BR, 2020. Efeitos metabólicos do jantar tardio em voluntários saudáveis. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/1371263/efeitos-metabolicos-do-jantar-tardio-em-voluntarios-saudaveis.htm>. Acesso em: 19 abr. 2024.

Complementos

1 Calorias: Dizemos que um alimento tem “x“ calorias, para nos referirmos à quantidade de energia que ele pode fornecer ao organismo, ou seja, à energia que será utilizada para o corpo realizar suas funções de respiração, digestão, prática de atividades físicas, etc.
2 Obesidade: Condição em que há acúmulo de gorduras no organismo além do normal, mais severo que o sobrepeso. O índice de massa corporal é igual ou maior que 30.
3 Síndrome metabólica: Tendência de várias doenças ocorrerem ao mesmo tempo. Incluindo obesidade, resistência insulínica, diabetes ou pré-diabetes, hipertensão e hiperlipidemia.
4 Metabolismo: É o conjunto de transformações que as substâncias químicas sofrem no interior dos organismos vivos. São essas reações que permitem a uma célula ou um sistema transformar os alimentos em energia, que será ultilizada pelas células para que as mesmas se multipliquem, cresçam e movimentem-se. O metabolismo divide-se em duas etapas: catabolismo e anabolismo.
5 Randomizado: Ensaios clínicos comparativos randomizados são considerados o melhor delineamento experimental para avaliar questões relacionadas a tratamento e prevenção. Classicamente, são definidos como experimentos médicos projetados para determinar qual de duas ou mais intervenções é a mais eficaz mediante a alocação aleatória, isto é, randomizada, dos pacientes aos diferentes grupos de estudo. Em geral, um dos grupos é considerado controle – o que algumas vezes pode ser ausência de tratamento, placebo, ou mais frequentemente, um tratamento de eficácia reconhecida. Recursos estatísticos são disponíveis para validar conclusões e maximizar a chance de identificar o melhor tratamento. Esses modelos são chamados de estudos de superioridade, cujo objetivo é determinar se um tratamento em investigação é superior ao agente comparativo.
6 IMC: Medida usada para avaliar se uma pessoa está abaixo do peso, com peso normal, com sobrepeso ou obesa. É a medida mais usada na prática para saber se você é considerado obeso ou não. Também conhecido como IMC. É calculado dividindo-se o peso corporal em quilogramas pelo quadrado da altura em metros. Existe uma tabela da Organização Mundial de Saúde que classifica as medidas de acordo com o resultado encontrado.
7 Macronutrientes: Os macronutrientes fornecem as calorias aos alimentos. São eles: carboidratos, proteínas e lipídeos.
8 Carboidrato: Um dos três tipos de nutrientes dos alimentos, é um macronutriente. Os alimentos que possuem carboidratos são: amido, açúcar, frutas, vegetais e derivados do leite.
9 Gordura: Um dos três principais nutrientes dos alimentos. Os alimentos que fornecem gordura são: manteiga, margarina, óleos, nozes, carnes vermelhas, peixes, frango e alguns derivados do leite. O excesso de calorias é estocado no organismo na forma de gordura, fornecendo uma reserva de energia ao organismo.
10 Glicemia: Valor de concentração da glicose do sangue. Seus valores normais oscilam entre 70 e 110 miligramas por decilitro de sangue (mg/dl).
11 Insulina: Hormônio que ajuda o organismo a usar glicose como energia. As células-beta do pâncreas produzem insulina. Quando o organismo não pode produzir insulna em quantidade suficiente, ela é usada por injeções ou bomba de insulina.
12 Polissonografia: Exame utilizado na avaliação de algumas das causas de insônia.
13 Actigrafia: Ela estima parâmetros do sono, tais como tempo total de sono, início e fim do sono, tempo de vigília após início do sono, eficiência e latência do sono. Como é uma estimativa, não é considerada padrão ouro para analisar o sono.
14 Glicose: Uma das formas mais simples de açúcar.
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