Associação de padrões longitudinais de duração habitual do sono com o risco de eventos cardiovasculares e mortalidade por todas as causas
Medidas únicas autorreferidas da duração do sono estão associadas a resultados adversos à saúde1; no entanto, padrões de longo prazo de duração do sono autorreferidos e sua associação com eventos cardiovasculares (ECVs) e mortalidade2 por todas as causas permanecem desconhecidos.
O objetivo desse estudo, publicado pelo JAMA Network Open, foi determinar se as trajetórias da duração do sono em longo prazo versus a medida única estão associadas ao risco subsequente de ECVs e mortalidade2 por todas as causas.
Saiba mais sobre "Como é o sono", "Ciclos do sono" e "Doenças cardiovasculares3".
O estudo Kailuan é um estudo prospectivo4 de coorte5 de base populacional iniciado em 2006. A presente coorte5 incluiu 52.599 adultos chineses sem fibrilação atrial, infarto do miocárdio6, acidente vascular cerebral7 ou câncer8 até 2010.
Trajetórias na duração do sono, de 1º de janeiro de 2006 a 31 de dezembro de 2010, foram identificadas para investigar a associação com o risco de ECVs e mortalidade2 por todas as causas de 1º de janeiro de 2010 a 31 de dezembro de 2017. A análise dos dados foi realizada de 1º de julho a 31 de outubro de 2019.
As durações habituais de sono noturno autorrelatadas foram coletadas em 2006, 2008 e 2010. Trajetórias na duração do sono por 4 anos foram identificadas por modelagem latente de mistura.
A mortalidade2 por todas as causas e os primeiros ECVs incidentes9 (fibrilação atrial, infarto do miocárdio6 e acidente vascular cerebral7) de 2010 a 2017 foram confirmados por registros médicos. Com base na duração basal do sono e nos padrões ao longo do tempo, quatro trajetórias foram categorizadas (normal estável, normal decrescente, baixo crescente e baixo estável).
Dos 52.599 adultos incluídos no estudo (idade média [DP] no início do estudo, 52,5 [11,8] anos), 40.087 (76,2%) eram do sexo masculino e 12.512 (23,8%) do sexo feminino. Foram identificados quatro padrões distintos de trajetória de duração do sono em 4 anos: normal estável (variação de 7,4 a 7,5 horas [n = 40.262]), normal decrescente (diminuição média de 7,0 para 5,5 horas [n = 8.074]), baixo crescente (aumento médio de 4,9 para 6,9 horas [n = 3.384]) e baixo estável (variação de 4,2 a 4,9 horas [n = 879]).
Durante um seguimento médio (DP) de 6,7 (1,1) anos, 2.361 indivíduos morreram e 2.406 tiveram um ECV. Comparado ao padrão normal estável e ajustando para potenciais fatores de confusão, um padrão baixo crescente foi associado ao aumento do risco de primeiros ECVs (razão de risco [HR], 1,22; IC 95%, 1,04-1,43), um padrão normal descrescente foi associado ao aumento do risco de mortalidade2 por todas as causas (HR, 1,34; IC 95%, 1,15-1,57), e o padrão baixo estável foi associado ao maior risco de ECVs (HR, 1,47; IC 95%, 1,05-2,05) e morte (HR, 1,50; IC 95%, 1,07-2,10).
Neste estudo, as trajetórias de duração do sono com padrões mais baixos ou instáveis foram significativamente associadas ao aumento do risco de primeiros ECVs subsequentes e mortalidade2 por todas as causas.
Padrões longitudinais de duração do sono podem ajudar na identificação mais precisa de diferentes grupos de risco para possível intervenção. As pessoas que relatam dormir constantemente menos de 5 horas por noite devem ser consideradas uma população com maior risco de ECV e mortalidade2.
Leia sobre "Privação do sono atrapalha o desempenho", "Distúrbios do sono" e "Insônia".
Fonte: JAMA Network Open, publicação em 22 de maio de 2020.