Tratamento de cinco pacientes gravemente enfermos com COVID-19 com plasma convalescente
A doença do coronavírus 2019 (COVID-19) é uma pandemia1 sem agentes terapêuticos específicos e mortalidade2 substancial. É fundamental encontrar novos tratamentos.
O objetivo desse estudo, publicado pelo JAMA, foi determinar se a transfusão3 de plasma4 convalescente pode ser benéfica no tratamento de pacientes críticos com infecção5 por coronavírus 2 (SARS-CoV-2) com síndrome6 respiratória aguda grave.
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O estudo consistiu da análise de uma série de casos de 5 pacientes críticos com COVID-19 confirmado em laboratório e síndrome6 do desconforto respiratório agudo8 (SDRA) que atenderam aos seguintes critérios: pneumonia9 grave com progressão rápida e carga viral continuamente alta apesar do tratamento antiviral; PaO2/FiO2 <300; e ventilação10 mecânica. Todos os 5 foram tratados com transfusão3 de plasma4 convalescente.
O estudo foi realizado no departamento de doenças infecciosas do hospital Shenzhen Third People, em Shenzhen, China, de 20 de janeiro de 2020 a 25 de março de 2020; a data final de acompanhamento foi 25 de março de 2020. Os desfechos clínicos foram comparados antes e após a transfusão3 de plasma4 convalescente.
Os pacientes receberam transfusão3 com plasma4 convalescente com uma concentração de ligação a anticorpo11 específico para SARS-CoV-2 (IgG) maior que 1:1000 (concentração de diluição do ponto final, por ensaio de imunoabsorção enzimática [ELISA]) e uma concentração de neutralização maior que 40 (concentração de diluição do ponto final) obtido em 5 pacientes que se recuperaram do COVID-19. O plasma4 convalescente foi administrado entre 10 e 22 dias após a admissão.
Os principais resultados e medidas foram alterações da temperatura corporal, pontuação na Avaliação Sequencial de Falência de Órgãos [SOFA] (faixa de 0 a 24, com pontuações mais altas indicando doença mais grave), PaO2/FiO2, carga viral, concentração de anticorpos12 séricos, índice bioquímico de rotina no sangue13, SDRA e suportes de oxigenação por membrana ventilatória e extracorpórea (ECMO) antes e após a transfusão3 de plasma4 convalescente.
Todos os 5 pacientes (faixa etária de 36 a 65 anos; duas mulheres) estavam recebendo ventilação10 mecânica no momento do tratamento e todos receberam agentes antivirais e metilprednisolona.
Após a transfusão3 de plasma4, a temperatura corporal normalizou em 3 dias em 4 de 5 pacientes, o escore SOFA diminuiu e a PaO2/FiO2 aumentou em 12 dias (variação: 172-276 antes e 284-366 depois).
As cargas virais também diminuíram e se tornaram negativas 12 dias após a transfusão3, e as concentrações ELISA específicos para SARS-CoV-2 e anticorpos12 neutralizantes aumentaram após a transfusão3 (intervalo 40-60 antes e 80-320 no dia 7).
A SDRA foi resolvida em 4 pacientes aos 12 dias após a transfusão3 e 3 pacientes foram retirados da ventilação10 mecânica dentro de 2 semanas do tratamento. Dos 5 pacientes, 3 receberam alta hospitalar (tempo de permanência: 53, 51 e 55 dias) e 2 estão em condição estável aos 37 dias após a transfusão3.
Nesta série de casos preliminares não controlados de 5 pacientes gravemente doentes com COVID-19 e SDRA, a administração de plasma4 convalescente contendo anticorpo11 neutralizante foi seguida por melhora no seu estado clínico. O tamanho limitado da amostra e o desenho do estudo impedem uma afirmação definitiva sobre a eficácia potencial desse tratamento, e essas observações requerem avaliação em ensaios clínicos14.
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Fonte: JAMA, publicação em 27 de março de 2020.