Lesão cardíaca está associada à mortalidade em pacientes hospitalizados com COVID-19 em trabalho com pacientes de Wuhan, China
Qual é a incidência1 e a significância da lesão2 cardíaca em pacientes com COVID-19?
A doença do coronavírus 2019 (COVID-19) resultou em considerável morbimortalidade em todo o mundo desde dezembro de 2019. No entanto, as informações sobre lesões3 cardíacas em pacientes afetados por COVID-19 são limitadas.
O objetivo desse estudo, publicado pelo JAMA Cardiology, foi explorar a associação entre lesão2 cardíaca e mortalidade4 em pacientes com COVID-19.
Leia sobre "Nova cepa5 do coronavírus (SARS-CoV-2)" e "Mapeando o coronavírus".
Este estudo de coorte6 foi realizado de 20 de janeiro de 2020 a 10 de fevereiro de 2020, em um único centro no Hospital Renmin da Universidade de Wuhan, em Wuhan, China; a data final do acompanhamento foi em 15 de fevereiro de 2020. Todos os pacientes consecutivos com COVID-19 confirmada por laboratório foram incluídos neste estudo.
Dados clínicos laboratoriais, radiológicos e de tratamento foram coletados e analisados. Resultados de pacientes com e sem lesão2 cardíaca foram comparados. A associação entre lesão2 cardíaca e mortalidade4 foi analisada.
Um total de 416 pacientes hospitalizados com COVID-19 foram incluídos na análise final; a mediana da idade foi de 64 anos (variação de 21 a 95 anos) e 211 (50,7%) eram do sexo feminino. Os sintomas7 comuns incluíram febre8 (334 pacientes [80,3%]), tosse (144 [34,6%]) e falta de ar (117 [28,1%]).
Um total de 82 pacientes (19,7%) teve lesão2 cardíaca e, em comparação com pacientes sem lesão2 cardíaca, esses pacientes eram mais velhos (idade média [faixa], 74 [34-95] vs 60 [21-90] anos; P <0,001); tiveram mais comorbidades9 (por exemplo, hipertensão10 em 49 de 82 [59,8%] vs 78 de 334 [23,4%]; P <0,001); apresentaram maior contagem de leucócitos11 (mediana [intervalo interquartil (IQR)], 9400 [6900-13800] vs 5500 [4200-7400] células12/μL) e níveis de proteína C reativa (mediana [IQR], 10,2 [6,4-17,0 ] vs 3,7 [1,0-7,3] mg/dL13), procalcitonina (mediana [IQR], 0,27 [0,10-1,22] vs 0,06 [0,03-0,10] ng/mL), creatinina14 quinase – banda miocárdica (mediana [IQR]), 3,2 [1,8-6,2] vs 0,9 [0,6-1,3] ng/mL), miohemoglobina (mediana [IQR], 128 [68-305] vs 39 [27-65] μg/L), troponina I de alta sensibilidade (mediana [IQR], 0,19 [0,08-1,12] vs <0,006 [<0,006-0,009] μg/L), peptídeo natriurético do tipo pró-B do terminal N (mediana [IQR], 1689 [698-3327] vs 139 [51- 335] pg/mL), aspartato aminotransferase (mediana [IQR], 40 [27-60] vs 29 [21-40] U/L) e creatinina14 (mediana [IQR], 1,15 [0,72-1,92] vs 0,64 [0,54-0,78] mg/dL13); e tiveram uma proporção mais alta de manchas múltiplas e opacidade em vidro fosco nos achados radiográficos (53 de 82 pacientes [64,6%] vs 15 de 334 pacientes [4,5%]).
Maiores proporções de pacientes com lesão2 cardíaca exigiram ventilação15 mecânica não invasiva (38 de 82 [46,3%] vs 13 de 334 [3,9%]; P <0,001) ou ventilação15 mecânica invasiva (18 de 82 [22,0%] vs 14 de 334 [4,2%]; P <0,001) do que aqueles sem lesão2 cardíaca.
As complicações foram mais comuns em pacientes com lesão2 cardíaca do que naqueles sem lesão2 cardíaca e incluíram síndrome16 do desconforto respiratório agudo17 (48 de 82 [58,5%] vs 49 de 334 [14,7%]; P <0,001), lesão2 renal18 aguda (7 de 82 [8,5%] vs 1 de 334 [0,3%]; P <0,001), distúrbios eletrolíticos (13 de 82 [15,9%] vs 17 de 334 [5,1%]; P = 0,003), hipoproteinemia (11 de 82 [13,4%] vs 16 de 334 [4,8%]; P = 0,01) e distúrbios da coagulação19 (6 de 82 [7,3%] vs 6 de 334 [1,8%]; P = 0,02).
Pacientes com lesão2 cardíaca tiveram maior mortalidade4 do que aqueles sem lesão2 cardíaca (42 de 82 [51,2%] vs 15 de 334 [4,5%]; P <0,001). Em um modelo de regressão de Cox, os pacientes com vs aqueles sem lesão2 cardíaca apresentaram maior risco de morte, tanto durante o tempo de início dos sintomas7 (taxa de risco, 4,26 [IC 95%, 1,92-9,49]) quanto da admissão ao ponto final (taxa de risco, 3,41 [IC 95%, 1,62-7,16]).
O estudo concluiu que a lesão2 cardíaca é uma condição comum entre pacientes hospitalizados com COVID-19 em Wuhan, China, e está associada a um maior risco de mortalidade4 hospitalar.
Saiba mais sobre "Ventilação15 mecânica" e "Síndrome16 respiratória aguda grave".
Fonte: JAMA Cardiology, publicação em 25 de março de 2020.