Análise de células cervicais obtidas a partir do exame Papanicolau pode identificar pessoas com alto risco de câncer de ovário
Uma análise de DNA de células1 cervicais retiradas de exames de esfregaço de rotina, conhecido como preventivo2 ou papanicolau3, pode identificar pessoas que podem se beneficiar de exames adicionais para câncer4 de ovário5. No futuro, esses padrões epigenéticos podem ajudar os médicos a prever quais indivíduos estão em alto risco de desenvolver a doença, para que possam ser rastreados com métodos mais sensíveis para detectar tumores precocemente.
Atualmente, 75% dos cânceres de ovário5 são detectados em um estágio tardio, quando o tumor6 se espalhou por todo o abdômen e as taxas de sobrevivência7 são baixas.
Martin Widschwendter, da Universidade de Innsbruck, na Áustria, e seus colegas desenvolveram um novo teste que pode identificar corretamente mais de 70% das pessoas com menos de 50 anos com câncer4 de ovário5 em vários estágios da doença e 55% das pessoas com mais de 50 anos. O estudo relatando as descobertas foi publicado na revista Nature Communications.
O método envolve olhar para as células1 do colo do útero8. Em muitos países, já são oferecidos às pessoas exames de esfregaço regulares, nos quais uma pequena amostra de células1 é retirada do colo do útero8, para procurar sinais9 que indiquem um alto risco de câncer4 do colo do útero8.
Para avaliar a probabilidade de câncer4 de ovário5, o novo teste procura por pequenas moléculas chamadas grupos metil que são marcadas em certas sequências de DNA, criando marcas epigenéticas.
Saiba mais sobre "Preventivo2, Exame de Papanicolau3 ou Citologia Oncótica" e "Câncer4 de ovário5: saiba mais sobre ele".
“As marcas epigenéticas registram os fatores ambientais que o indivíduo experimentou. Isso inclui eventos durante o desenvolvimento embrionário, mas também fatores de estilo de vida, como tabagismo e alterações hormonais”, diz Widschwendter. “Dessa forma, o teste fornece um método simples e de fácil acesso para avaliar muitos fatores de risco que contribuem para o risco de câncer4 de ovário”.
Os pesquisadores usaram aprendizado de máquina para analisar amostras de DNA de esfregaços cervicais de um grupo inicial de 242 pessoas com câncer4 e 869 pessoas saudáveis. Isso permitiu que eles identificassem uma assinatura única de marcas epigenéticas encontradas no DNA de pessoas com câncer4 de ovário5, mas não de pessoas saudáveis. Eles então validaram sua abordagem em um segundo conjunto de dados coletados de 47 pessoas com câncer4 e 227 amostras saudáveis.
Em seguida, Widschwendter e sua equipe pretendem mostrar que esse teste pode prever o risco das pessoas desenvolverem câncer4 de ovário5 no futuro. A ideia é que, se o teste mostrar que alguém tem um alto risco de câncer4 de ovário5, a pessoa pode ser rastreada com mais frequência usando exames de sangue10 sensíveis para a presença de câncer4, diz Widschwendter. Se esses exames de sangue10 forem positivos e o câncer4 for confirmado, a pessoa pode passar por uma cirurgia para remover o tumor6.
No entanto, todos os testes de rastreamento de câncer4 às vezes sinalizam cânceres incorretamente, o que pode resultar em pessoas submetidas a tratamentos desnecessários. O teste da equipe identificou erroneamente pessoas saudáveis como tendo câncer4 de ovário5 em 25% das vezes.
“Precisaremos desenvolver maneiras de comunicar os resultados do teste e garantir que as pessoas entendam o que isso significa”, diz Widschwendter.
No artigo publicado, os pesquisadores contextualizam que a grande maioria dos cânceres epiteliais de ovário5 surge de tecidos que são embriologicamente derivados do Ducto Mülleriano. No estudo, demonstrou-se que uma assinatura de metilação de DNA em células1 cervicais de fácil acesso derivadas do Ducto Mülleriano de mulheres com e sem câncer4 de ovário5 (ou seja, referidas como o índice de Identificação de Risco de Mulheres para Câncer4 de Ovário5 ou índice WID-OC) é capaz de identificar mulheres com câncer4 de ovário5 na ausência de DNA tumoral com uma AUC11 de 0,76 e mulheres com câncer4 de endométrio12 com uma AUC11 de 0,81.
Isso e a observação de que o índice WID-OC de célula13 cervical imita o programa epigenético daquelas células1 em risco de se tornarem cancerosas em portadores de mutação14 germinativa BRCA1/2 (ou seja, epitélio15 mamário, fímbrias da trompa de Falópio, próstata16) sugerem ainda que a má programação epigenética de células1 cervicais é um indicador de predisposição ao câncer4.
Este conceito tem o potencial de avançar o campo do rastreamento e prevenção do câncer4 estratificado por risco.
Leia sobre "Exames preventivos que toda mulher deve fazer" e "Marcadores tumorais: para que eles servem".
Fontes:
Nature Communications, publicação em 01 de fevereiro de 2022.
New Scientist, notícia publicada em 01 de fevereiro de 2022.