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Oseltamivir combinado a cuidados usuais em doenças semelhantes à influenza na atenção primária: um estudo publicado pelo The Lancet

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Os antivirais são prescritos com pouca frequência nos cuidados primários europeus para doenças semelhantes à influenza1, principalmente devido à ineficácia percebida e porque os indivíduos que se beneficiarão especialmente ainda não foram identificados em ensaios independentes.

O objetivo deste estudo publicado pelo The Lancet foi determinar se a adição de tratamento antiviral aos cuidados primários usuais para pacientes2 gerais com doença semelhante à influenza1 reduz o tempo de recuperação geral. E também para pacientes2 nos principais subgrupos que podem se beneficiar mais ainda desta adição.

Foi realizado um ensaio clínico randomizado3, pragmático e adaptável, com adição de oseltamivir aos cuidados usuais em pacientes com 1 ano de idade ou mais que apresentavam doença semelhante à influenza1 na atenção primária. O objetivo primário foi o tempo de recuperação, definido como o retorno às atividades habituais, com febre4, dor de cabeça5 e dor muscular menores ou ausentes. O estudo foi desenvolvido para avaliar os benefícios do oseltamivir em geral e em 36 subgrupos pré-especificados, definidos por idade, comorbidade6, duração anterior dos sintomas7 e gravidade dos sintomas7, usando um modelo de análise primária exponencial bayesiana por partes.

Entre 15 de janeiro de 2016 e 12 de abril de 2018, foram recrutados 3.266 participantes em 15 países europeus durante três temporadas sazonais de influenza1. Alocou-se 1.629 para os cuidados usuais mais oseltamivir e 1.637 para os cuidados habituais, e verificou-se o resultado primário em 1.533 (94%) e 1.526 (93%), respectivamente.

1590 (52%) de 3.059 participantes tiveram infecção8 por influenza1 confirmada por PCR9. O tempo para recuperação foi menor nos participantes aleatoriamente designados ao oseltamivir (razão de risco 1:29, intervalo Bayesiano credível [BCrI] a 95% 1,20–1,39) no geral e em 30 dos 36 subgrupos pré-especificados, com taxas de risco estimadas que variam de 1,13 a 1,72.

O benefício médio absoluto estimado do oseltamivir foi de 1,2 dias (BCrI 95% 0,74–1,31) no geral, e nos subgrupos pré-especificados variou de 0,70 (BCrI 95% 0,30–1,20) em pacientes com menos de 12 anos, com sintomas7 menos graves, sem comorbidades10 e menor duração anterior da doença até 3,20 (BCrI 95% 1,00–5,50) em pacientes com 65 anos ou mais que apresentavam doença mais grave, comorbidades10 e maior duração anterior da doença. Em relação aos danos, foi observado um aumento da carga de vômito11 ou náusea12 no grupo oseltamivir.

Os pacientes da atenção primária com doença semelhante à influenza1 tratados com oseltamivir se recuperaram um dia mais cedo, em média, do que aqueles tratados apenas com os cuidados habituais. Pacientes mais velhos e doentes com comorbidades10 e maior duração anterior dos sintomas7 se recuperaram 2 a 3 dias antes.

Leia sobre “Gripe13”, “Resfriado comum” e “Vírus14”.

 

Fonte: The Lancet, publicação em 12 de dezembro de 2019.

 

NEWS.MED.BR, 2019. Oseltamivir combinado a cuidados usuais em doenças semelhantes à influenza na atenção primária: um estudo publicado pelo The Lancet. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/1354773/oseltamivir-combinado-a-cuidados-usuais-em-doencas-semelhantes-a-influenza-na-atencao-primaria-um-estudo-publicado-pelo-the-lancet.htm>. Acesso em: 20 abr. 2024.

Complementos

1 Influenza: Doença infecciosa, aguda, de origem viral que acomete o trato respiratório, ocorrendo em epidemias ou pandemias e frequentemente se complicando pela associação com outras infecções bacterianas.
2 Para pacientes: Você pode utilizar este texto livremente com seus pacientes, inclusive alterando-o, de acordo com a sua prática e experiência. Conheça todos os materiais Para Pacientes disponíveis para auxiliar, educar e esclarecer seus pacientes, colaborando para a melhoria da relação médico-paciente, reunidos no canal Para Pacientes . As informações contidas neste texto são baseadas em uma compilação feita pela equipe médica da Centralx. Você deve checar e confirmar as informações e divulgá-las para seus pacientes de acordo com seus conhecimentos médicos.
3 Randomizado: Ensaios clínicos comparativos randomizados são considerados o melhor delineamento experimental para avaliar questões relacionadas a tratamento e prevenção. Classicamente, são definidos como experimentos médicos projetados para determinar qual de duas ou mais intervenções é a mais eficaz mediante a alocação aleatória, isto é, randomizada, dos pacientes aos diferentes grupos de estudo. Em geral, um dos grupos é considerado controle – o que algumas vezes pode ser ausência de tratamento, placebo, ou mais frequentemente, um tratamento de eficácia reconhecida. Recursos estatísticos são disponíveis para validar conclusões e maximizar a chance de identificar o melhor tratamento. Esses modelos são chamados de estudos de superioridade, cujo objetivo é determinar se um tratamento em investigação é superior ao agente comparativo.
4 Febre: É a elevação da temperatura do corpo acima dos valores normais para o indivíduo. São aceitos como valores de referência indicativos de febre: temperatura axilar ou oral acima de 37,5°C e temperatura retal acima de 38°C. A febre é uma reação do corpo contra patógenos.
5 Cabeça:
6 Comorbidade: Coexistência de transtornos ou doenças.
7 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
8 Infecção: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
9 PCR: Reação em cadeia da polimerase (em inglês Polymerase Chain Reaction - PCR) é um método de amplificação de DNA (ácido desoxirribonucleico).
10 Comorbidades: Coexistência de transtornos ou doenças.
11 Vômito: É a expulsão ativa do conteúdo gástrico pela boca. Pode ser classificado como: alimentar, fecalóide, biliar, em jato, pós-prandial. Sinônimo de êmese. Os medicamentos que agem neste sintoma são chamados de antieméticos.
12 Náusea: Vontade de vomitar. Forma parte do mecanismo complexo do vômito e pode ser acompanhada de sudorese, sialorréia (salivação excessiva), vertigem, etc.
13 Gripe: Doença viral adquirida através do contágio interpessoal que se caracteriza por faringite, febre, dores musculares generalizadas, náuseas, etc. Sua duração é de aproximadamente cinco a sete dias e tem uma maior incidência nos meses frios. Em geral desaparece naturalmente sem tratamento, apenas com medidas de controle geral (repouso relativo, ingestão de líquidos, etc.). Os antibióticos não funcionam na gripe e não devem ser utilizados de rotina.
14 Vírus: Pequeno microorganismo capaz de infectar uma célula de um organismo superior e replicar-se utilizando os elementos celulares do hospedeiro. São capazes de causar múltiplas doenças, desde um resfriado comum até a AIDS.
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