Avaliação da função endotelial periférica prediz risco futuro de câncer de tumor sólido
As métricas de saúde1 cardiovascular preveem o risco não apenas de doenças cardiovasculares2, mas também de vários tipos de câncer3. A disfunção endotelial microvascular pode prever eventos adversos cardiovasculares futuros, mas o valor preditivo da disfunção endotelial microvascular para o risco futuro de câncer3 de tumor4 sólido ainda não foi caracterizado.
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Foram incluídos neste estudo, publicado no periódico European Journal of Preventive Cardiology, 488 pacientes submetidos à avaliação da função endotelial microvascular por tonometria arterial periférica de hiperemia5 reativa. A disfunção endotelial microvascular foi definida como um índice de tonometria arterial periférica de hiperemia5 reativa ≤2,0.
Dos 221 pacientes com um índice basal de tonometria arterial periférica de hiperemia5 reativa ≤2,0, 21 pacientes (9,5%) foram diagnosticados com câncer3 de tumor4 sólido incidente6 durante o acompanhamento, enquanto que, de 267 pacientes com um índice basal de tonometria arterial periférica de hiperemia5 reativa >2,0, 10 pacientes (3,7%) foram diagnosticados com câncer3 de tumor4 sólido incidente6 durante o acompanhamento (p = 0,009).
Pacientes com índice de tonometria arterial periférica de hiperemia5 reativa ≤2,0 apresentaram menor sobrevida7 livre de câncer3 de tumor4 sólido em comparação com pacientes com índice de tonometria arterial periférica de hiperemia5 reativa >2,0 (log-rank p = 0,017; acompanhamento médio 6,0 [3,0– 9,1] anos).
As análises de risco proporcional de Cox mostraram que um índice de tonometria arterial periférica de hiperemia5 reativa ≤2,0 previa a incidência8 de câncer3 de tumor4 sólido, com uma taxa de risco de 2,52 (intervalo de confiança de 95%, 1,17–5,45; p = 0,019) após o ajuste para idade, sexo e doença arterial coronariana; 2,83 (intervalo de confiança de 95%, 1,30–6,17; p = 0,009) após o ajuste para diabetes mellitus9, hipertensão10, tabagismo e índice de massa corporal11 >30 kg/m²; 2,79 (intervalo de confiança de 95%, 1,21–6,41; p = 0,016) após o ajuste para glicemia12 plasmática em jejum, pressão arterial sistólica13, tabagismo (atual ou anterior) e índice de massa corporal11; e 2,43 (intervalo de confiança de 95%, 1,10–5,34; p = 0,028) após o ajuste para o escore de risco de Framingham.
Concluiu-se neste trabalho que a disfunção endotelial microvascular, definida por um índice de tonometria arterial periférica de hiperemia5 reativa ≤2,0, foi associada a um risco mais que duas vezes maior de câncer3 de tumor4 sólido. A disfunção endotelial microvascular pode ser um marcador útil para prever o risco futuro de câncer3 de tumor4 sólido, além de sua capacidade conhecida de prever doença cardiovascular.
Mais pesquisas são necessárias para desenvolver estratégias adequadas de rastreamento do câncer3 para pacientes14 com disfunção endotelial microvascular.
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Fonte: European Journal of Preventive Cardiology, em 31 de outubro de 2019.