The Lancet: Imunoterapia oral para alergia ao amendoim aumentou consideravelmente as reações alérgicas e anafiláticas
A imunoterapia oral é um tratamento experimental emergente para a alergia1 ao amendoim, mas seus benefícios e malefícios não são claros. Neste estudo, publicado pelo The Lancet, foi feita uma revisão sistemática da eficácia e segurança da imunoterapia oral versus o ato de evitar alérgenos2 ou placebo3 (sem imunoterapia oral) para a alergia1 ao amendoim.
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Na revisão sistemática e meta-análise Peanut Allergen immunotherapy, Clarifying the Evidence (PACE), foram pesquisados os bancos de dados MEDLINE, EMBASE, Cochrane Controlled Register of Trials, Latin American & Caribbean Health Sciences Literature, China National Knowledge Infrastructure, Plataforma de Registros de Ensaios Clínicos4 da OMS, US Food and Drug Administration e Agência Europeia de Medicamentos, desde o início até 06 de dezembro de 2018, para ensaios clínicos4 randomizados comparando imunoterapia oral versus nenhuma imunoterapia oral para alergia1 ao amendoim, sem restrições de linguagem.
Os estudos foram selecionados, os dados extraídos e feita avaliação do risco de viés independentemente em duplicata. Os principais desfechos incluíram anafilaxia5, reações alérgicas ou adversas, uso de epinefrina e qualidade de vida, meta-analisados por efeitos aleatórios. Avaliamos a certeza (qualidade) da evidência pela abordagem GRADE.
Doze estudos (n = 1.041; idade mediana nos ensaios 8,7 anos [IQR 5,9 – 11,2]) mostraram que a imunoterapia oral versus nenhuma imunoterapia oral aumentou o risco de anafilaxia5 (razão de risco [RR] 3,12 [IC 95%] 1,76 – 5,55], I²=0%, diferença de risco [RD] 15,1%, certeza alta), a frequência de anafilaxia5 (taxa de incidência6 [IRR] 2,72 [1,57 – 4,72 ], I²=0%, RD 12,2%, certeza alta) e o uso de epinefrina (RR 2,21 [1,27 – 3,83], I²=0%, RD 4,5%, certeza alta) de forma semelhante durante o acúmulo e manutenção (p interação = 0,92).
A imunoterapia oral aumentou os eventos adversos graves (RR 1,92 [1,00 ‐ 3,66], I²=0%, RD 5,7%, certeza moderada) e reações não anafiláticas (vômito7: RR 1,79 [IC 95% 1,35 – 2,38], I²=0%, certeza alta; angioedema8: 2,25 [1,13 – 4,47], I²=0%, certeza alta; reações respiratórias do trato superior: 1,36 [1,02 – 1,81], I²=0%, certeza moderada; reações respiratórias do trato inferior: 1,55 [0,96 – 2,50], I²= 28%, certeza moderada).
A aprovação em um desafio supervisionado, um substituto para prevenir reações fora da clínica, foi mais provável com a imunoterapia oral (RR 12,42 [IC 95% 6,82 – 22,61], I²=0%, RD 36,5 %, alta certeza). A qualidade de vida não foi diferente entre os grupos. Os achados foram robustos para análise de taxas de incidência6, teste sequencial, subgrupo e sensibilidade.
Em pacientes com alergia1 ao amendoim, evidências de alta certeza mostram que os regimes de imunoterapia oral com amendoim disponíveis aumentam consideravelmente as reações alérgicas e anafiláticas, em comparação com placebo3 ou com evitar amendoim, apesar de induzirem efetivamente a dessensibilização9. Abordagens mais seguras do tratamento da alergia1 ao amendoim e rigorosos ensaios clínicos4 randomizados que avaliam desfechos importantes para o paciente são necessários.
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Fonte: The Lancet, publicado em 25 de abril de 2019.