JAMA: terapia diária com aspirina pode estar relacionada à diminuição do risco de carcinoma hepatocelular em pacientes com hepatite B crônica
A terapia antiviral não pode apagar o risco do carcinoma1 hepatocelular (CHC) em doentes com hepatite2 B crônica, e não é indicada para a maioria dos portadores do vírus3 da hepatite2 B (VHB). Por isso, outra forma eficaz de reduzir o risco de CHC precisa ser desenvolvida. A aspirina pode prevenir o desenvolvimento de câncer4, mas as evidências clínicas em pacientes com CHC relacionado ao VHB permanecem limitadas até o momento.
Saiba mais sobre "Câncer4 de fígado5" e "Hepatite2 B".
Com o objetivo de investigar a associação da terapia diária de aspirina e o risco de CHC relacionado ao HBV, foi realizado um estudo de coorte6 em Taiwan, no qual pesquisadores taiwaneses analisaram 204.507 doentes com hepatite2 B crônica, no período de 1º de janeiro de 1997 a 31 de dezembro de 2012.
Após a exclusão de pacientes com fatores de confusão, 2.123 pacientes receberam continuamente aspirina diária, durante 90 ou mais dias (grupo tratado), e foram combinados aleatoriamente (1:4) com 8.492 pacientes que nunca tinham recebido terapia antiplaquetária (grupo não tratado), por meio de contagens de propensão, consistindo na data de seguimento índice, características de base e uso de drogas potencialmente quimiopreventivas no acompanhamento.
Os dados foram analisados no período de 1º de agosto a 30 de novembro de 2018. A incidência7 cumulativa e as taxas de risco (HRs) do CHC foram estudadas após o ajuste da mortalidade8 dos pacientes como um evento de risco competitivo.
Dos 10.615 pacientes incluídos na análise, 7.690 (72,4%) eram homens; a idade média (DP) era de 58,8 (11,8) anos. A incidência7 cumulativa de CHC no grupo tratado foi significativamente menor do que no grupo não tratado em 5 anos (5,20%; IC 95% 4,11%-6,29% vs. 7,87%; IC 95% 7,15%-8,60%; P<0,001).
Na análise de regressão multivariada, a terapia com aspirina foi independentemente associada com um risco reduzido de CHC (HR 0,71, IC 95% 0,58-0,86, P<0,001). Análises de subgrupos de sensibilidade também verificaram essa associação (todos os HRs <1,0). Além disso, a idade avançada (HR 1,01 por ano; IC 95% 1,00-1,02), o sexo masculino (HR 1,75; IC 95% 1,43-2,14) e a cirrose9 (HR 2,89; IC 95% 2.45- 3,40) foram independentemente associados a um risco aumentado de CHC, mas o uso de análogos de núcleos(t)ídeos (HR 0,54; IC 95% 0,41-0,71) ou de estatina (HR 0,62; IC 95% 0,42-0,90) foi correlacionado com a diminuição do risco de CHC.
Concluiu-se neste trabalho que a terapia diária com aspirina pode estar associada a um risco reduzido de CHC relacionado ao HBV.
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Fonte: JAMA Internal Medicine, publicação online, de 18 de março de 2019