Hipertensão ligada a danos cerebrais precoces identificados pelo rastreamento de fibras cerebrais por RNM
A hipertensão1 é um dos principais fatores de risco para demência2. O dano sutil provocado pela hipertensão1 crônica no cérebro3 é geralmente evidenciado pela ressonância nuclear magnética convencional (RNM), em termos de hiperintensidade da substância branca ou atrofia4 cerebral. No entanto, é claro que, quando o dano cerebral é visível, pode ser tarde demais para impedir a neurodegeneração. O objetivo deste estudo, publicado pela revista Cardiovascular Research, foi caracterizar o dano cerebral precoce induzido pela hipertensão1, antes que a lesão5 neurodegenerativa se manifeste.
Saiba mais sobre "Demência2", "Hipertensão arterial6" e "Ressonância magnética7".
Este trabalho foi realizado por pesquisadores italianos do Department of Angiocardioneurology and Translational Medicine, IRCCS Neuromed, na Itália, com a participação de indivíduos hipertensos e normotensos, sem sinais8 de danos estruturais na neuroimagem convencional e sem diagnóstico9 de demência2 revelado por avaliação neuropsicológica.
Todos os indivíduos foram submetidos a exame clínico cardiológico para definir o estado de hipertensão arterial6 e o dano relacionado ao órgão alvo. Além disso, os pacientes foram submetidos à varredura DTI-RNM para identificar danos microestruturais da substância branca por rastreamento probabilístico de fibras.
A RNM do tipo "Diffusion-weighted magnetic resonance imaging (DWI or DW-MRI)" é utilizada para sequências especiais de RNM através de uso de software específico, fazendo a difusão de moléculas de água para gerar contrastes em imagens de ressonância magnética7. Um tipo especial deste exame foi usado neste estudo, a DTI-RNM ou "Diffusion Tensor Imaging", o qual faz varreduras da substância branca cerebral.
Para obter insights do perfil neurocognitivo dos pacientes, uma bateria específica de exames foi administrada. Como desfecho primário do estudo, procurou-se encontrar qualquer dano específico de alterações do trato fibroso em pacientes hipertensos, associado a um comprometimento das funções cognitivas relacionadas.
Pacientes hipertensos apresentaram alterações significativas em três tratos espectrofotométricos da substância branca: a radiação talâmica anterior, o fascículo longitudinal superior e o fórceps menor. Pacientes hipertensos também tiveram uma pontuação significativamente pior nos domínios cognitivos10 atribuíveis a regiões cerebrais conectadas por meio desses tratos de fibras de substância branca, mostrando desempenhos reduzidos em funções executivas, velocidade de processamento, memória e tarefas de aprendizagem associativa emparelhadas.
No geral, o rastreamento de fibras de substância branca neste tipo especial de RNM evidenciou dano precoce em pacientes hipertensos quando ainda não eram detectáveis pela neuroimagem convencional. Em perspectiva, esta abordagem poderia permitir identificar os pacientes que estão em estágios iniciais de dano cerebral e poderiam se beneficiar de terapias destinadas a limitar a transição para a demência2 e a neurodegeneração.
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Fonte: Cardiovascular Research, volume 114, número 11, publicado em 1º de setembro de 2018.