Grávidas expostas a inseticidas e filhos com autismo: estudo de coorte publicado no The American Journal of Psychiatry
O autismo é um complexo distúrbio do neurodesenvolvimento com etiologia1 amplamente desconhecida. Até o momento, poucos estudos investigaram a exposição pré-natal a toxinas2 e sua relação com o risco de autismo usando biomarcadores maternos de exposição. Os poluentes orgânicos persistentes são compostos orgânicos halogenados lipofílicos e incluem o inseticida diclorodifeniltricloroetano (DDT), bem como o seu metabólito3 p,p'-diclorodifenil dicloroetileno (p,p'-DDE) e o bifenilpoliclorado (PCBs). O objetivo deste estudo foi testar se os elevados níveis maternos de poluentes orgânicos persistentes estão associados ao autismo entre os filhos.
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A investigação foi derivada do Finnish Prenatal Study of Autism, um estudo de coorte4 de países nórdicos, de nascimento baseado em um projeto de controle de caso aninhado. Casos de autismo entre crianças nascidas entre 1987 e 2005 foram determinados por vínculos de registros nacionais. Em casos de autismo infantil e indivíduos de controle pareados (778 pares caso-controle pareados), as amostras de soro5 materno do início da gravidez6 foram avaliadas quanto aos níveis de p,p'-DDE e níveis totais de PCBs.
As chances de autismo entre os filhos foram significativamente aumentadas quando os níveis maternos de p,p'-DDE estavam no 75º percentil mais alto, com ajuste para idade materna, paridade e história de transtornos psiquiátricos (odds ratio = 1,32; IC 95% = 1,02 a 1,71). As chances de autismo com deficiência intelectual foram aumentadas em mais de duas vezes com os níveis maternos de p,p'-DDE acima desse limiar (odds ratio = 2,21, IC 95% = 1,32 a 3,69). Não houve associação entre os níveis totais de PCBs maternos e autismo.
Esses achados fornecem a primeira evidência baseada em biomarcadores de que a exposição materna a inseticidas está associada ao autismo entre os filhos. Embora mais pesquisas sejam necessárias para replicar este achado, o estudo tem implicações para a prevenção do autismo e pode fornecer uma melhor compreensão de sua patogênese7.
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Fonte: The American Journal of Psychiatry, publicação online, de 16 de agosto de 2018