Relação cintura-quadril e mortalidade na insuficiência cardíaca
Estudo publicado pelo European Journal of Heart Failure sugere que a adiposidade central deve ser alvo de tratamento na insuficiência cardíaca1 (IC), especialmente em mulheres. E que a composição corporal pode ser mais importante de se avaliar do que o índice de massa corporal2 (IMC3).
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O índice de massa corporal2 mais alto está associado a melhor sobrevida5 em pacientes com insuficiência cardíaca1 (IC), também conhecido como "paradoxo da obesidade6". No entanto, o IMC3 não leva em conta a composição corporal. Pesquisadores do Departamento de Cardiologia, da University Medical Center Groningen, na Holanda, analisaram a associação entre gordura abdominal7, medida pela relação cintura-quadril (RCQ) e pelo índice de massa corporal2 e a mortalidade8 por todas as causas em pacientes com IC.
Para esta análise, 1.738 pacientes do estudo de validação Scottish BIOlogy Study to TAilored Treatment in Chronic Heart Failure (BIOSTAT-CHF) foram incluídos. Pacientes sem medidas de cintura e quadril foram excluídos. A RCQ foi definida como circunferência da cintura/ circunferência do quadril, dividida em tercis e separada sexo. A regressão linear dos componentes principais de um extenso painel de biomarcadores foi realizada para fornecer uma visão9 da fisiopatologia10 por trás de uma maior RCQ. No total, 1.479 pacientes foram incluídos, dos quais 33% eram do sexo feminino e a média de idade era de 75 ± 11 anos.
Uma RCQ mais alta foi independentemente associada a um IMC3 mais alto, maior prevalência11 de diabetes12 e maior pontuação na Classificação Funcional da New York Heart Association para a insuficiência cardíaca1, um meio simples de classificar a extensão da insuficiência cardíaca1 e que categoriza os doentes em uma de quatro categorias baseada na limitação da atividade física (dispneia13). Os pacientes classificados na classe IV apresentam severas limitações.
Houve uma interação significativa entre sexo e RCQ em sua associação com mortalidade8 (P<0,001). Nas mulheres, uma RCQ mais alta foi associada a um maior risco de mortalidade8 [razão de risco (RR) 2,23, intervalo de confiança de 95% (IC) 1,37-3,63; P = 0,001], enquanto nenhuma associação significativa foi encontrada em homens (HR 0,87, IC 95% 0,63-1,20; P = 0,409). Encontrou-se uma forte associação entre uma RCQ mais elevada e marcadores elevados de inflamação14 e ativação da cascata de MAPK (cascata de ativação da proteína quinase mitogênica) em mulheres, enquanto estas associações foram menos evidenciadas nos homens.
As conclusões mostram que uma RCQ mais alta foi associada a um maior risco de morte em pacientes do sexo feminino com insuficiência cardíaca1, mas não em pacientes do sexo masculino. Esses achados desafiam o "paradoxo da obesidade6" e sugerem que a deposição central de gordura15 é fisiopatologicamente prejudicial e pode ser um alvo promissor na terapia de pacientes do sexo feminino com insuficiência cardíaca1.
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Fonte: European Journal of Heart Failure, publicado em 2 de julho de 2018