Aquisição da linguagem em filhos de mães com epilepsia que usaram ácido fólico na gestação, estudo publicado no Neurology
A associação entre o status de folato materno e as habilidades verbais de filhos de mães epilépticas, que fizeram uso de ácido fólico quatro semanas antes do início da gestação até o final do primeiro trimestre da gravidez1, foi estudada por pesquisadores da University of Bergen, na Noruega, e teve publicação pelo periódico Neurology.
O objetivo do estudo foi examinar o efeito da suplementação2 materna com ácido fólico e das concentrações de folato e de antiepilépticos no plasma3 materno sobre o atraso da linguagem em crianças expostas a drogas antiepilépticas (DAEs) e ao folato.
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Foram incluídas no estudo crianças de mães com e sem epilepsia4 inscritas no estudo de coorte5 Norwegian Mother and Child Cohort Study de 1999 a 2008. Informações sobre histórico médico, uso de DAEs e suplementação2 com ácido fólico durante a gravidez1 foram coletadas de questionários preenchidos pelos pais. As concentrações de folato no plasma3 materno e as concentrações de DAE no plasma3 materno e no cordão umbilical6 foram medidas em amostras de sangue7 da 17ª a 19ª semanas gestacionais até imediatamente após o nascimento, respectivamente. O desenvolvimento da linguagem aos 18 e 36 meses foi avaliado pelo questionário Ages and Stages Questionnaires.
Um total de 335 filhos de mães com epilepsia4 expostos a DAEs e 104.222 filhos de mães sem epilepsia4 foram pesquisados. Para aqueles sem suplementação2 periconcepcional materna com ácido fólico, o odds ratio (OR) totalmente ajustado para atraso de linguagem em crianças expostas a DAEs, comparado aos controles aos 18 meses, foi de 3,9 (intervalo de confiança [IC] 95% 1,9-7,8; p<0,001) e aos 36 meses foi de 4,7 (IC 95% 2,0-10,6; p<0,001). Quando a suplementação2 com ácido fólico foi utilizada, os OR correspondentes para atraso de linguagem foram 1,7 (IC 95% 1,2-2,6; p=0,01) e 1,7 (IC 95% 0,9-3,2, p=0,13), respectivamente. O efeito positivo do uso de suplemento de ácido fólico sobre o atraso de linguagem em crianças expostas às DAEs foi significativo apenas quando o suplemento foi utilizado no período de 4 semanas antes da gravidez1 até o final do primeiro trimestre.
Concluiu-se nesta pesquisa que o uso de ácido fólico no início da gestação pode ter um efeito preventivo8 no atraso da linguagem associado à exposição intrauterina às DAEs.
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Fonte: Neurology, em 1º de agosto de 2018