JAMA: Fluconazol oral na gravidez e risco de mortes fetal e neonatal
Embora o tratamento com fluconazol oral durante a gravidez1 seja geralmente desencorajado, aproximadamente 4% das gestantes nos Estados Unidos usam este medicamento na gestação. Há preocupações de que o uso de fluconazol possa estar associado à natimortalidade, particularmente em doses acima daquelas comumente usadas para o tratamento de candidíase2 (150 mg, administrada por uma ou duas vezes).
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Em um novo estudo dinamarquês, conduzido por Björn Pasternak e Viktor Wintzell, ambos do Department of Medicine Solna, Karolinska Institutet, em Estocolmo, na Suécia, e por Kari Furu, do Department of Pharmacoepidemiology, do Norwegian Institute of Public Health, em Oslo, na Noruega, a exposição ao fluconazol não foi associada a um risco aumentado de natimortalidade ou de morte neonatal. O presente estudo, publicado pelo periódico The Journal of the American Medical Association (JAMA), incluiu duas vezes mais o número de gestações expostas ao fluconazol do que um estudo dinamarquês anterior¹, embora o número de gestações expostas a doses mais altas de fluconazol tenha sido pequeno. O estudo não confirmou o risco aumentado de natimortalidade sugerido anteriormente, tanto com qualquer exposição ao fluconazol quanto com doses acima de 300 mg.
A análise combinada de dados de registros de mais de 1,4 milhão de gestações na Suécia e na Noruega mostra que houve 2,7 natimortos por 1000 gravidezes expostas ao fluconazol e 3,6 por 1000 gravidezes não expostas (taxa de risco 0,76). E houve 1,2 mortes neonatais por 1000 gravidezes expostas e 1,7 por 1000 gravidezes não expostas (risco relativo 0,73). Esses achados foram semelhantes para doses de 300 mg ou menos e para mais de 300 mg, escreveram os autores do estudo, embora eles observem que o número de gestações expostas a doses mais altas de fluconazol (>300 mg) tenha sido pequeno.
Embora os dados sobre o uso de fluconazol na gravidez1 não sugiram risco aumentado de natimortalidade, estudos adicionais devem ser conduzidos e o corpo coletivo de dados examinado pelas autoridades farmacêuticas antes que recomendações clínicas sejam feitas.
É bom lembrar que a Food and Drug Administration (FDA), dos EUA, emitiu um alerta de segurança² para o uso de fluconazol oral durante a gravidez1, em abril de 2016, após a publicação do citado estudo dinamarquês que mostrou que uma ou duas doses de fluconazol oral, de 150 mg, durante 7 a 22 semanas de gestação, aumentou o risco de aborto em 48%. As descobertas também indicaram que o risco de aborto espontâneo foi aumentado em 62% nas mulheres tratadas com fluconazol oral em baixas doses, em comparação com as mulheres tratadas com azóis tópicos.
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Referências
[1] Association Between Use of Oral Fluconazole During Pregnancy and Risk of Spontaneous Abortion and Stillbirth, 2016, disponível em https://jamanetwork.com/journals/jama/fullarticle/2480487.
[2] FDA to review study examining use of oral fluconazole (Diflucan) in pregnancy, 2016, disponível em https://www.fda.gov/downloads/drugs/drugsafety/ucm497705.pdf.
Fonte: The Journal of the American Medical Association (JAMA), em 12 de junho de 2018