Remoção das adenoides e das amígdalas na infância pode aumentar risco de doenças respiratórias, alérgicas e infecciosas em até 3%
Existem riscos para a saúde1 a longo prazo após a remoção das adenoides ou das amígdalas2 na infância? Neste estudo de coorte3 de base populacional com quase 1,2 milhão de crianças, a remoção das adenoides ou das amígdalas2 na infância foi associada a um risco relativo significativamente aumentado de doenças respiratórias, alérgicas e infecciosas em idades posteriores. Os aumentos dos riscos absolutos de doença a longo prazo foram consideravelmente maiores do que as alterações no risco para os distúrbios que essas cirurgias visam tratar. Isto significa que os riscos a longo prazo destas cirurgias merecem uma análise cuidadosa.
A remoção cirúrgica de adenoides e amígdalas2 para tratar a respiração obstruída ou infecções4 recorrentes da orelha média5 continuam sendo procedimentos pediátricos comuns; no entanto, pouco se sabe sobre suas consequências para a saúde1 a longo prazo, apesar do fato de que esses órgãos linfáticos desempenham papeis importantes no desenvolvimento e na função do sistema imunológico6.
Saiba mais sobre "Amigdalectomia", "Alergias" e "Otites7".
Com o objetivo de estimar os riscos de doença em longo prazo associados à adenoidectomia8, amigdalectomia e adenoamigdalectomia na infância foi realizado um estudo de coorte3 de base populacional de quase 1,2 milhão de crianças nascidas na Dinamarca, entre 1979 e 1999, e avaliado em registros nacionais vinculados até 2009, cobrindo pelo menos os primeiros 10 anos e indo até os 30 anos de vida. Os participantes dos grupos caso e controle foram selecionados de forma que sua saúde1 não diferisse significativamente antes da cirurgia.
Os participantes foram classificados como expostos se as adenoides ou as amígdalas2 fossem removidas nos primeiros 9 anos de vida.
A incidência9 de diagnósticos de doença (definida pela Classificação Internacional de Doenças, Oitava Revisão [CID-8] e Décima Revisão [CID-10]) até os 30 anos de idade foi examinada usando regressões estratificadas de risco proporcional de Cox ajustadas para 18 covariáveis, incluindo história de doença parental, complicações na gravidez10, peso ao nascer, índice de Apgar, sexo, marcadores socioeconômicos e região de nascimento na Dinamarca.
Os resultados mostram que um total de até 1.189.061 crianças foram incluídas neste estudo (48% mulheres); 17.460 foram submetidas à adenoidectomia8, 11.830 à amigdalectomia e 31.377 à adenoamigdalectomia; 1.157.684 estavam no grupo controle. A adenoidectomia8 e amigdalectomia foram associadas com um aumento de 2 a 3 vezes nas doenças do trato respiratório superior (risco relativo [RR] 1,99; IC 95% 1,51-2,63 e RR 2,72; IC 95% 1,54-4,80; respectivamente).
Menores aumentos nos riscos para doenças infecciosas e alérgicas também foram encontrados: a adenoamigdalectomia foi associada a um aumento de 17% no risco de doenças infecciosas (RR 1,17; IC 95% 1,10-1,25), correspondendo a um risco absoluto de 2,14%, pois essas doenças são relativamente comuns (12%) na população. Em contraste, os riscos a longo prazo para as condições que essas cirurgias visam tratar muitas vezes não diferem significativamente e às vezes são menores ou maiores.
Neste estudo, as cirurgias foram associadas a um aumento dos riscos a longo prazo de doenças respiratórias, infecciosas e alérgicas. Embora controles rigorosos de fatores de confusão tenham sido usados onde esses dados estavam disponíveis, é possível que esses efeitos não possam ter sido totalmente contabilizados. Os resultados sugerem que é importante considerar os riscos a longo prazo ao tomar decisões para realizar amigdalectomia ou adenoidectomia8, principalmente em crianças.
Veja também sobre "Dor de garganta11", "Adenoidite", "Hipertrofia12 de adenoides", "Hipertrofia12 das amígdalas2" e "Nasofibroscopia".
Fonte: JAMA Otolaryngology Head & Neck Surgery, publicação online, em 7 de junho de 2018