Associação da interrupção do ritmo circadiano com transtornos de humor, bem-estar subjetivo e função cognitiva: um estudo transversal UK Biobank
A interrupção do sono e a ritmicidade circadiana são uma característica central dos transtornos do humor e podem estar associados ao aumento da susceptibilidade1 a esses transtornos. Estudos anteriores nesta área usaram relatórios subjetivos de atividade e padrões de sono, mas a disponibilidade de dados baseados em acelerômetro de participantes do banco de dados do Reino Unido UK Biobank permite a derivação e a análise de novos parâmetros de ritmicidade circadiana objetivamente averiguados. Pesquisadores da University of Glasgow examinaram associações entre ritmicidade circadiana objetivamente avaliada e fenótipos de saúde2 mental e bem-estar, incluindo história de transtorno de humor ao longo da vida.
Residentes do Reino Unido, com idades entre 37 e 73 anos, foram recrutados na coorte3 geral de população do UK Biobank de 2006 a 2010. Foram utilizados dados de um subconjunto de participantes cujos níveis de atividade foram registrados usando um acelerômetro de pulso durante 7 dias. A partir desses dados, derivou-se uma variável de amplitude relativa circadiana, que é uma medida da extensão em que a ritmicidade circadiana dos ciclos de repouso-atividade é interrompida.
Na mesma amostra, examinou-se as associações transversais entre baixa amplitude relativa e transtorno de humor, bem-estar e variáveis cognitivas, utilizando uma série de modelos de regressão. O modelo final foi ajustado para idade e estação do ano no momento em que a acelerometria4 começou, sexo, origem étnica, escore de privação de Townsend, tabagismo, ingestão de álcool, escolaridade, aceleração média geral registrada por acelerometria4, índice de massa corporal5 e uma medida binária de trauma de infância.
Foram incluídos 91.105 participantes com dados de acelerometria4 coletados entre 2013 e 2015. Uma redução de um quinto na amplitude relativa foi associada ao aumento do risco de transtorno depressivo maior e transtorno bipolar ao longo da vida, bem como a maior instabilidade de humor, maiores escores de neuroticismo6, solidão, menos felicidade, menor satisfação com a saúde2 e tempos de reação mais lentos. Essas associações eram independentes de fatores demográficos, estilo de vida, educação e fatores de confusão gerais de atividade.
Concluiu-se que a ruptura circadiana está associada a vários resultados adversos de saúde2 mental e bem-estar, incluindo transtorno depressivo maior e transtorno bipolar. Menor amplitude relativa pode estar ligada ao aumento da susceptibilidade1 a transtornos de humor.
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Fonte: The Lancet Psychiatry, publicado em 15 de maio de 2018