Privação parcial do sono pode contribuir para o ganho de peso no longo prazo: uma revisão sistemática e meta-análise publicada pelo European Journal of Clinical Nutrition
Desconhece-se se a curta duração do sono contribui de forma causal para o ganho de peso. Estudos que investigam os efeitos da privação parcial do sono (PPS) sobre os componentes do balanço energético relatam achados conflitantes. O objetivo da revisão sistemática e meta-análise realizada por pesquisadores do King's College London foi avaliar os efeitos da PPS sobre a ingestão de energia (IE) e sobre o gasto energético (GE).
Foram usadas informações das bases de dados EMBASE, Medline, Cochrane CENTRAL, Web of Science e Scopus. As diferenças de IE e GE total após PPS em comparação com uma condição de controle foram geradas usando o método de variância inversa com modelos de efeitos aleatórios. Os resultados secundários incluíram a distribuição de macronutrientes1 e a taxa metabólica de repouso. A heterogeneidade foi quantificada com a estatística I2.
Resultados: dezessete estudos (n=496) foram elegíveis para inclusão na revisão sistemática e 11 estudos (n=172) forneceram dados suficientes para serem incluídos nas metanálises. A ingestão de energia (IE) foi significativamente aumentada em 385 kcal (intervalo de confiança de 95%: 252 a 517, P<0,00001) após a PPS em comparação com a condição de controles. Não houve alteração significativa de gasto energético (GE) total ou na taxa metabólica de repouso como resultado da PPS. O aumento observado na IE foi acompanhado por uma ingestão significativamente maior de gorduras e menor de proteínas2, mas sem efeito na ingestão de carboidratos.
Concluiu-se que os efeitos combinados dos estudos com dados extraíveis indicaram que a PPS resultou em aumento da ingestão de calorias3 (ingestão energética) sem efeito sobre o gasto energético (GE), levando a um balanço energético líquido positivo que, no longo prazo, pode contribuir para o ganho de peso.
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Fonte: European Journal of Clinical Nutrition, publicação online de 2 de novembro de 2016