Gostou do artigo? Compartilhe!

JAMA Psychiatry: pílula anticoncepcional pode ter a depressão como efeito colateral

A+ A- Alterar tamanho da letra
Avalie esta notícia

Milhões de mulheres em todo o mundo usam a contracepção1 hormonal. Apesar da evidência clínica da influência dos contraceptivos hormonais sobre o humor de algumas mulheres, as associações entre o seu uso e os distúrbios de humor permanecem inadequadamente avaliados.

Com o objetivo de investigar a relação entre os anticoncepcionais hormonais e o uso posterior de antidepressivos e um diagnóstico2 de depressão, em um hospital psiquiátrico da Dinamarca, pesquisadores da Faculty of Health and Medical Sciences, da University of Copenhagen, realizaram um estudo com publicação online pelo JAMA Psychiatry.

Veja mais em: "Depressão maior ou transtorno depressivo reativo?" e "Depressão em mulheres".

O estudo de coorte3 prospectivo4 combinado a dados do National Prescription Register e do Psychiatric Central Research Register, ambos da Dinamarca, envolveu todas as mulheres e adolescentes, entre 15 e 34 anos, que viviam na Dinamarca e foram acompanhadas de 01 de janeiro de 2000 a dezembro de 2013, quando não tivessem diagnóstico2 anterior de depressão, câncer5 ou trombose6 venosa, não tivessem feito tratamento de infertilidade7 ou obtido prescrição para antidepressivos.

Saiba mais sobre "Prevenção do Câncer5", "Trombose venosa profunda8" e "Infertilidade7".

Mais de um milhão de mulheres (idade média de 24 anos; média de acompanhamento de 6,4 anos) foram incluídas na análise. Em comparação com não usuárias, as usuárias de contraceptivos orais combinados tiveram um risco relativo (RR) da primeira utilização de um antidepressivo de 1,23. Usuárias de pílulas só com progestágeno tiveram um RR para a primeira utilização de um antidepressivo de 1,34; usuárias de patch (norgestrolmin) apresentaram RR de 2,0; usuárias de anel vaginal (etonogestrel) tiveram RR de 1,6 e as usuárias de um sistema intrauterino de levonorgestrel RR de 1,4.

Para diagnósticos de depressão, dados semelhantes ou estimativas ligeiramente mais baixas foram encontrados. Os riscos relativos diminuíram com o aumento da idade. Adolescentes (entre 15 e 19 anos) utilizando contraceptivos orais combinados tiveram um RR de primeira utilização de antidepressivo de 1,8 e aquelas que só usavam pílulas de progestágeno de 2,2. Seis meses após o início do uso de contraceptivos hormonais, o RR do uso de antidepressivos atingiu um pico de 1,4. Quando o grupo de referência foi alterado para aquelas que nunca usaram a contracepção1 hormonal, as estimativas de RR para usuárias de contraceptivos orais combinados aumentaram para 1,7 (IC 95%, 1,66-1,71).

Concluiu-se que o uso de contraceptivos hormonais, especialmente entre as adolescentes, foi associado à posterior utilização de antidepressivos e um primeiro diagnóstico2 de depressão, sugerindo depressão como um potencial efeito adverso do uso de contraceptivo hormonal.

Leia também sobre "Pílulas anticoncepcionais", "Pílula do dia seguinte" e "EVRA: um novo conceito em anticoncepcionais".

 

Fonte: JAMA Psychiatry, publicação online, de 28 de setembro de 2016

 

NEWS.MED.BR, 2016. JAMA Psychiatry: pílula anticoncepcional pode ter a depressão como efeito colateral. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/1277293/jama-psychiatry-pilula-anticoncepcional-pode-ter-a-depressao-como-efeito-colateral.htm>. Acesso em: 19 nov. 2024.

Complementos

1 Contracepção: Qualquer processo que evite a fertilização do óvulo ou a implantação do ovo. Os métodos de contracepção podem ser classificados de acordo com o seu objetivo em barreiras mecânicas ou químicas, impeditivas de nidação e contracepção hormonal.
2 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
3 Estudo de coorte: Um estudo de coorte é realizado para verificar se indivíduos expostos a um determinado fator apresentam, em relação aos indivíduos não expostos, uma maior propensão a desenvolver uma determinada doença. Um estudo de coorte é constituído, em seu início, de um grupo de indivíduos, denominada coorte, em que todos estão livres da doença sob investigação. Os indivíduos dessa coorte são classificados em expostos e não-expostos ao fator de interesse, obtendo-se assim dois grupos (ou duas coortes de comparação). Essas coortes serão observadas por um período de tempo, verificando-se quais indivíduos desenvolvem a doença em questão. Os indivíduos expostos e não-expostos devem ser comparáveis, ou seja, semelhantes quanto aos demais fatores, que não o de interesse, para que as conclusões obtidas sejam confiáveis.
4 Prospectivo: 1. Relativo ao futuro. 2. Suposto, possível; esperado. 3. Relativo à preparação e/ou à previsão do futuro quanto à economia, à tecnologia, ao plano social etc. 4. Em geologia, é relativo à prospecção.
5 Câncer: Crescimento anormal de um tecido celular capaz de invadir outros órgãos localmente ou à distância (metástases).
6 Trombose: Formação de trombos no interior de um vaso sanguíneo. Pode ser venosa ou arterial e produz diferentes sintomas segundo os territórios afetados. A trombose de uma artéria coronariana pode produzir um infarto do miocárdio.
7 Infertilidade: Capacidade diminuída ou ausente de gerar uma prole. O termo não implica a completa inabilidade para ter filhos e não deve ser confundido com esterilidade. Os clínicos introduziram elementos físicos e temporais na definição. Infertilidade é, portanto, freqüentemente diagnosticada quando, após um ano de relações sexuais não protegidas, não ocorre a concepção.
8 Trombose Venosa Profunda: Caracteriza-se pela formação de coágulos no interior das veias profundas da perna. O que mais chama a atenção é o edema (inchaço) e a dor, normalmente restritos a uma só perna. O edema pode se localizar apenas na panturrilha e pé ou estar mais exuberante na coxa, indicando que o trombo se localiza nas veias profundas dessa região ou mais acima da virilha. Uma de suas principais conseqüências a curto prazo é a embolia pulmonar, que pode deixar seqüelas ou mesmo levar à morte. Fatores individuais de risco são: varizes de membros inferiores, idade maior que 40 anos, obesidade, trombose prévia, uso de anticoncepcionais, terapia de reposição hormonal, entre outras.
Gostou do artigo? Compartilhe!