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Exame de sangue pode prever resposta ao tratamento de pacientes com depressão

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O aumento dos níveis de inflamação1 já foi associado a uma menor resposta aos antidepressivos em várias amostras clínicas, mas estas descobertas haviam sido limitadas pela baixa reprodutibilidade dos ensaios com biomarcadores através de laboratórios, dificuldade em prever a probabilidade de resposta em uma base individual e devido aos poucos esclarecimentos sobre os mecanismos moleculares envolvidos.

Neste trabalho, os cientistas mediram os valores absolutos de dois biomarcadores no RNAm (quantificação confiável do número de moléculas), o Fator Inibitório da Migração de Macrófagos2 e a Interleucina-1β, a partir de uma amostra de um estudo randomizado3 e controlado, comparando o escitalopram versus a nortriptilina. Em seguida, usaram análise discriminante linear para calcular valores de corte do RNAm que melhor discriminassem entre respondedores e não respondedores após 12 semanas de tratamento com os antidepressivos.

Foram identificados valores de corte para as medidas absolutas no RNAm que previram com precisão a probabilidade de resposta numa base individual, com valores preditivos positivos e especificidade para não respondedores de 100% em ambas as amostras (valor preditivo negativo de 82% a 85%, sensibilidade de 52% a 61%). Usando a análise de redes, identificou-se diferentes conjuntos de metas para estas duas citocinas4: o Fator Inibitório da Migração de Macrófagos2 interagindo predominantemente com caminhos envolvidos na neurogênese, neuroplasticidade e proliferação celular e a Interleucina-1β interagindo predominantemente com vias envolvidas no complexo inflamatório, estresse oxidativo e neurodegeneração.

Concluiu-se que estes dados fornecem uma abordagem clinicamente adequada para a personalização da terapia com antidepressivos, ou seja, pacientes que têm valores absolutos no RNAm acima dos pontos de corte poderiam ser direcionados para um acesso antecipado às estratégias mais assertivas com antidepressivos, incluindo a adição de outros antidepressivos ou anti-inflamatórios ao tratamento da depressão.

 

Fonte: International Journal of Neuropsychopharmacology, publicação online, de 11 de maio de 2016

NEWS.MED.BR, 2016. Exame de sangue pode prever resposta ao tratamento de pacientes com depressão. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/1265049/exame-de-sangue-pode-prever-resposta-ao-tratamento-de-pacientes-com-depressao.htm>. Acesso em: 19 abr. 2024.

Complementos

1 Inflamação: Conjunto de processos que se desenvolvem em um tecido em resposta a uma agressão externa. Incluem fenômenos vasculares como vasodilatação, edema, desencadeamento da resposta imunológica, ativação do sistema de coagulação, etc.Quando se produz em um tecido superficial (pele, tecido celular subcutâneo) pode apresentar tumefação, aumento da temperatura local, coloração avermelhada e dor (tétrade de Celso, o cientista que primeiro descreveu as características clínicas da inflamação).
2 Macrófagos: É uma célula grande, derivada do monócito do sangue. Ela tem a função de englobar e destruir, por fagocitose, corpos estranhos e volumosos.
3 Estudo randomizado: Ensaios clínicos comparativos randomizados são considerados o melhor delineamento experimental para avaliar questões relacionadas a tratamento e prevenção. Classicamente, são definidos como experimentos médicos projetados para determinar qual de duas ou mais intervenções é a mais eficaz mediante a alocação aleatória, isto é, randomizada, dos pacientes aos diferentes grupos de estudo. Em geral, um dos grupos é considerado controle - o que algumas vezes pode ser ausência de tratamento, placebo, ou mais frequentemente, um tratamento de eficácia reconhecida. Recursos estatísticos são disponíveis para validar conclusões e maximizar a chance de identificar o melhor tratamento. Esses modelos são chamados de estudos de superioridade, cujo objetivo é determinar se um tratamento em investigação é superior ao agente comparativo.
4 Citocinas: Citoquina ou citocina é a designação genérica de certas substâncias segregadas por células do sistema imunitário que controlam as reações imunes do organismo.
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