Infecção por Clostridium difficile associada à artrite reativa precisa ser melhor identificada em crianças
Esta coorte1 e estudo caso-controle utilizou registros de saúde2 eletrônicos, a partir de 1° de janeiro de 2004 a 31 de Dezembro de 2013, de três redes de cuidados de saúde2 pediátricos geograficamente diversas. Os pesquisadores da University of Pennsylvania, na Filadélfia, selecionaram casos de artrite3 reativa em 148 crianças, com idades entre 2 e 21 anos, com diagnóstico4 ou procedimento sugestivo de doença músculo-esquelética associada ao diagnóstico4 de infecção5 ou teste positivo para C. difficile.
Foram identificados 26 casos de artrite3 aguda ou tenossinovite no prazo de quatro semanas antes e doze semanas após a infecção5 por C. difficile confirmada com (1) nenhuma explicação alternativa para artrite3 e (2) culturas de líquido sinovial6 negativas (quando realizadas). Controles infectados com C. difficile, sem artrite3, pareados por rede, foram selecionados aleatoriamente no momento da infecção5 por C. difficile nos membros da coorte1.
A incidência7 de artrite3 reativa associada à infecção5 por C. difficile foi calculada com base na (1) população de origem pediátrica e (2) crianças com infecção5 por C. difficile. Características dos casos e controles foram comparadas por meio de regressão logística condicional.
Com base nos casos identificados na população fonte das três redes hospitalares, estimou-se que a incidência7 de artrite3 reativa associada à infecção5 por C. difficile foi de 5,0 casos por milhão de pessoas-ano (IC 95%, 3,0-7,8). A artrite3 reativa afetava 1,4% de crianças com infecção5 por C. difficile anualmente (IC 95% 0,8% -2,3%). Os sintomas8 articulares começavam em média 10,5 dias após os sintomas8 gastrointestinais iniciais, frequentemente acompanhados por febre9 (N=15 [58%]) ou erupção10 cutânea11 (N=14 [54%]).
Apenas 35% dos casos de artrite3 reativa associada à infecção5 por C. difficile foram corretamente diagnosticados pelos profissionais de saúde2 assistentes (intervalo entre os centros, 0%-64%). Cinco crianças afetadas (19%) foram tratadas para artrite3 séptica do quadril presumida, mesmo com cultura negativa, apesar de já terem apresentado anteriormente diarreia12 pós-antibiótico e/ou outras articulações13 envolvidas.
Comparados aos controles, os casos de artrite3 reativa associada à infecção5 por C. difficile foram menos propensos a terem doenças crônicas subjacentes (odds ratio [OR] 0,3; IC 95%, 0,1-0,8). Embora todos os casos apresentassem infecção5 comunitária por C. difficile e menos comorbidades14, eles eram mais propensos a serem tratados nos serviços de emergência15 e/ou hospitalizados (OR 7,1; IC 95%, 1,6-31,7).
As conclusões mostram que a artrite3 reativa associada à infecção5 por C. difficile é uma patologia16 subdiagnosticada, potencialmente mórbida e ocasionalmente diagnosticada de maneira incorreta como artrite3 séptica. Dada a crescente incidência7 de infecções17 por C. difficile em pacientes pediátricos, um melhor reconhecimento deste tipo de artrite3 faz-se necessário.
Fonte: JAMA Pediatrics, publicação online, em 16 de maio de 2016