Pesquisa mostra que mosquiteiros tratados com inseticida diminuem população do mosquito transmissor da dengue
Estudo, publicado na revista Tropical Medicine & International Health, mostra a eficácia de mosquiteiros tratados com inseticida (ITNs) na redução de populações de mosquitos Aedes aegypti - transmissores da dengue1 – e na transmissão da dengue1, mesmo este mosquito não tendo costume de picar à noite (como o da malária, o da doença de Chagas2 e o da filariose).
O estudo, realizado em Leogane (Haiti), envolveu 1017 residências divididas em 18 setores. No início, nove setores receberam ITNs e nove não (chamados de setores de controle). Os pesquisadores fizeram medidas entomológicas (índices de Breteau (BI), casas (HI), criadouros (CI), pupas por pessoa (PPI) e atividade de oviposição) antes de colocar os mosquiteiros, e também um e cinco meses depois da intervenção. No sexto mês de seguimento, os setores controle receberam ITNs e, decorridos mais seis meses, foi feita nova análise entomológica.
Exames sorológicos dos moradores com relação à soropositividade para imunoglobulina3 M (IgM) anti-dengue1 foram colhidos antes da entrega dos mosquiteiros para as famílias e após 12 meses. A eficácia de ITNs foi avaliada por medida da OMS (Organização Mundial de Saúde4) e todas as casas foram geo-referenciadas por análise espacial informatizada.
Os resultados mostram que os mosquiteiros tratados com inseticida têm um efeito imediato na redução da população de vetores da dengue1 em todos os setores estudados. Até o primeiro mês, as armadilhas para ovos ficaram mais vazias no grupo com mosquiteiro, assim como todas as medidas – BI, HI, CI, PPI e atividade de oviposição – reduziram.
No quinto mês, o grupo controle, sem mosquiteiro, também estava com todas as medidas curiosamente mais baixas que as dos setores com mosquiteiro, sugerindo um “efeito cascata” vindo das casas com mosquiteiros. Após mais seis meses de pesquisa, agora com todos os setores sob o uso de ITNs, todos os índices foram significativamente mais baixos do que aqueles do início do estudo. Além disso, a sorologia para IgM anti-dengue1 mostrou decréscimo de 15,3% no número de indivíduos positivos comparado ao início do estudo, 12 meses antes.
Lenhart e colaboradores realizaram a pesquisa inédita para avaliar o uso de ITNs como uma possibilidade eficaz contra a dengue1. Como o Aedes aegypti freqüentemente entra e permanece nas casas após se alimentar de sangue5, especialmente em casas pequenas, ele pode ter contato com os ITNs, mesmo não sendo um mosquito que pica à noite.
Os pesquisadores esclarem que este é um estudo inicial e que novas pesquisas abrangendo maior número de residências devem ser implementadas, principalmente em regiões pobres nas quais a dengue1 é um grave problema de saúde4 pública.
Fonte: Tropical Medicine & International Health
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