Implantação de mosquitos infectados por Wolbachia se mostrou eficaz para o controle da dengue
Mosquitos Aedes aegypti infectados com a cepa1 wMel de Wolbachia pipientis são menos suscetíveis do que o A. aegypti de tipo selvagem à infecção2 pelo vírus3 da dengue4.
Pesquisadores conduziram um ensaio clínico aleatório, publicado no The New England Journal of Medicine, envolvendo a liberação de mosquitos A. aegypti infectados com wMel para o controle da dengue4 em Yogyakarta, Indonésia.
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Atribuiu-se aleatoriamente 12 agrupamentos geográficos para receber implantações de A. aegypti infectados com wMel (agrupamentos de intervenção) e 12 agrupamentos para não receber implantações (agrupamentos de controle). Todos os agrupamentos praticaram medidas locais de controle de mosquitos, como de costume.
Um design de teste negativo foi usado para avaliar a eficácia da intervenção. Pacientes com febre5 aguda indiferenciada que compareceram a clínicas locais de atenção primária e tinham de 3 a 45 anos de idade foram recrutados.
O teste de laboratório foi usado para identificar os participantes que tinham dengue4 virologicamente confirmada (DVC) e aqueles que eram controles com teste negativo. O desfecho primário foi a DVC sintomática6 de qualquer gravidade causada por qualquer sorotipo do vírus3 da dengue4.
Após a introgressão7 bem-sucedida de wMel nos agrupamentos de intervenção, 8.144 participantes foram inscritos; 3.721 viviam em agrupamentos de intervenção e 4.423 viviam em agrupamentos de controle.
Na análise de intenção de tratar, DVC ocorreu em 67 de 2.905 participantes (2,3%) nos agrupamentos de intervenção e em 318 de 3.401 (9,4%) nos agrupamentos de controle (odds ratio agregado para DVC, 0,23; intervalo de confiança [IC] de 95%, 0,15 a 0,35; P = 0,004).
A eficácia protetora da intervenção foi de 77,1% (IC 95%, 65,3 a 84,9) e foi semelhante contra os quatro sorotipos do vírus3 da dengue4.
A incidência8 de hospitalização por DVC foi menor entre os participantes que viviam em agrupamentos de intervenção (13 de 2.905 participantes [0,4%]) do que entre aqueles que viviam em agrupamentos de controle (102 de 3.401 [3,0%]) (eficácia protetora, 86,2%; IC 95%, 66,2 a 94,3).
O estudo concluiu que a introgressão7 de wMel nas populações de A. aegypti foi eficaz na redução da incidência8 de dengue4 sintomática6 e resultou em menos hospitalizações por dengue4 entre os participantes.
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Fonte: The New England Journal of Medicine, publicação em 10 de junho de 2021.