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Pioglitazona reduziu em 72% a conversão da intolerância à glicose ao diabetes mellitus tipo 2, evitando alguns casos da doença, segundo artigo publicado no NEJM

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Artigo publicado no The New England Journal of Medicine (NEJM) diz que a terapia com pioglitazonas reduziu em 72% a conversão da intolerância à glicose1 ao diabetes tipo 22, mas efeitos adversos como o ganho de peso e a presença de edema3 são mais frequentes com o uso do medicamento.

O diabetes tipo 22 tem uma progressão natural, que começa com a predisposição genética à doença em alguns indivíduos, resistência insulínica, intolerância à glicose1 e, finalmente, o diabetes mellitus4 tipo 2 e a falência das células5 beta do pâncreas6, produtoras de insulina7.

A hiperglicemia8 contribui para o desenvolvimento das complicações micro e macro vasculares9 da doença, sugerindo que se ela for prevenida ou postergada as complicações são reduzidas no longo prazo. Pesquisas prévias já demonstraram que a conversão da intolerância à glicose1 ao diabetes tipo 22 pode ser reduzida por modificações no estilo de vida, cirurgia bariátrica10 ou uso de metformina11, tiazolidinedionas ou acarbose12.

A pioglitazona é uma tiazolidinediona usada para tratar o diabetes mellitus4 tipo 2, aumentando a sensibilidade à insulina7. Para investigar se ela pode reduzir o risco de desenvolvimento do diabetes tipo 22, os cientistas fizeram um estudo randomizado13, duplo-cego, controlado por placebo14, envolvendo 602 adultos recebendo pioglitazona ou placebo14. A média de seguimento foi de 2,4 anos. Os investigadores mediram os níveis glicêmicos quatro vezes ao ano e fizeram teste oral de tolerância à glicose1 anualmente. O diagnóstico15 de diabetes16 foi baseado nestes resultados.

Destes pacientes, 2,1% dos que receberam pioglitazona passaram a ter diabetes tipo 22, comparados a 7,6% recebendo placebo14. Além disso, 48% do grupo da pioglitazona passaram a ter níveis normais de glicose1 comparados a 28% do grupo do placebo14. A pioglitazona foi associada a níveis mais reduzidos de glicemia de jejum17, melhores resultados no teste de tolerância à glicose1 e na hemoglobina glicada18 (HbA1c19) quando comparada ao placebo14. Os pacientes que receberam pioglitazona também tinham pressão arterial diastólica20 melhor controlada, redução do espessamento da camada íntima média das carótidas21 e maior aumento do HDL colesterol22 (“colesterol23 bom”).

Os pacientes que receberam a medicação mostraram maior ganho de peso (3,9 kg versus 0,77 kg) e presença mais frequente de edema3 (12,9% versus 6,4%).

Fonte: NEJM de 24 de março de 2011

NEWS.MED.BR, 2011. Pioglitazona reduziu em 72% a conversão da intolerância à glicose ao diabetes mellitus tipo 2, evitando alguns casos da doença, segundo artigo publicado no NEJM. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/176412/pioglitazona-reduziu-em-72-a-conversao-da-intolerancia-a-glicose-ao-diabetes-mellitus-tipo-2-evitando-alguns-casos-da-doenca-segundo-artigo-publicado-no-nejm.htm>. Acesso em: 18 abr. 2024.

Complementos

1 Glicose: Uma das formas mais simples de açúcar.
2 Diabetes tipo 2: Condição caracterizada por altos níveis de glicose causada tanto por graus variáveis de resistência à insulina quanto por deficiência relativa na secreção de insulina. O tipo 2 se desenvolve predominantemente em pessoas na fase adulta, mas pode aparecer em jovens.
3 Edema: 1. Inchaço causado pelo excesso de fluidos no organismo. 2. Acúmulo anormal de líquido nos tecidos do organismo, especialmente no tecido conjuntivo.
4 Diabetes mellitus: Distúrbio metabólico originado da incapacidade das células de incorporar glicose. De forma secundária, podem estar afetados o metabolismo de gorduras e proteínas.Este distúrbio é produzido por um déficit absoluto ou relativo de insulina. Suas principais características são aumento da glicose sangüínea (glicemia), poliúria, polidipsia (aumento da ingestão de líquidos) e polifagia (aumento da fome).
5 Células: Unidades (ou subunidades) funcionais e estruturais fundamentais dos organismos vivos. São compostas de CITOPLASMA (com várias ORGANELAS) e limitadas por uma MEMBRANA CELULAR.
6 Pâncreas: Órgão nodular (no ABDOME) que abriga GLÂNDULAS ENDÓCRINAS e GLÂNDULAS EXÓCRINAS. A pequena porção endócrina é composta pelas ILHOTAS DE LANGERHANS, que secretam vários hormônios na corrente sangüínea. A grande porção exócrina (PÂNCREAS EXÓCRINO) é uma glândula acinar composta, que secreta várias enzimas digestivas no sistema de ductos pancreáticos (que desemboca no DUODENO).
7 Insulina: Hormônio que ajuda o organismo a usar glicose como energia. As células-beta do pâncreas produzem insulina. Quando o organismo não pode produzir insulna em quantidade suficiente, ela é usada por injeções ou bomba de insulina.
8 Hiperglicemia: Excesso de glicose no sangue. Hiperglicemia de jejum é o nível de glicose acima dos níveis considerados normais após jejum de 8 horas. Hiperglicemia pós-prandial acima de níveis considerados normais após 1 ou 2 horas após alimentação.
9 Vasculares: Relativo aos vasos sanguíneos do organismo.
10 Cirurgia Bariátrica:
11 Metformina: Medicamento para uso oral no tratamento do diabetes tipo 2. Reduz a glicemia por reduzir a quantidade de glicose produzida pelo fígado e ajudando o corpo a responder melhor à insulina produzida pelo pâncreas. Pertence à classe das biguanidas.
12 Acarbose: Medicamento hipoglicemiante de uso oral para tratamento do diabetes tipo 2. Ele bloqueia a enzima alfa glicosidase que digere o amido dos alimentos. O resultado é uma redução do aumento do açúcar no sangue durante todo o dia, especialmente após as refeições.
13 Estudo randomizado: Ensaios clínicos comparativos randomizados são considerados o melhor delineamento experimental para avaliar questões relacionadas a tratamento e prevenção. Classicamente, são definidos como experimentos médicos projetados para determinar qual de duas ou mais intervenções é a mais eficaz mediante a alocação aleatória, isto é, randomizada, dos pacientes aos diferentes grupos de estudo. Em geral, um dos grupos é considerado controle - o que algumas vezes pode ser ausência de tratamento, placebo, ou mais frequentemente, um tratamento de eficácia reconhecida. Recursos estatísticos são disponíveis para validar conclusões e maximizar a chance de identificar o melhor tratamento. Esses modelos são chamados de estudos de superioridade, cujo objetivo é determinar se um tratamento em investigação é superior ao agente comparativo.
14 Placebo: Preparação neutra quanto a efeitos farmacológicos, ministrada em substituição a um medicamento, com a finalidade de suscitar ou controlar as reações, geralmente de natureza psicológica, que acompanham tal procedimento terapêutico.
15 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
16 Diabetes: Nome que designa um grupo de doenças caracterizadas por diurese excessiva. A mais frequente é o Diabetes mellitus, ainda que existam outras variantes (Diabetes insipidus) de doença nas quais o transtorno primário é a incapacidade dos rins de concentrar a urina.
17 Glicemia de jejum: Teste que checa os níveis de glicose após um período de jejum de 8 a 12 horas (frequentemente dura uma noite). Este teste é usado para diagnosticar o pré-diabetes e o diabetes. Também pode ser usado para monitorar pessoas com diabetes.
18 Hemoglobina glicada: Hemoglobina glicada, hemoglobina glicosilada, glico-hemoglobina ou HbA1C e, mais recentemente, apenas como A1C é uma ferramenta de diagnóstico na avaliação do controle glicêmico em pacientes diabéticos. Atualmente, a manutenção do nível de A1C abaixo de 7% é considerada um dos principais objetivos do controle glicêmico de pacientes diabéticos. Algumas sociedades médicas adotam metas terapêuticas mais rígidas de 6,5% para os valores de A1C.
19 HbA1C: Hemoglobina glicada, hemoglobina glicosilada, glico-hemoglobina ou HbA1C e, mais recentemente, apenas como A1C é uma ferramenta de diagnóstico na avaliação do controle glicêmico em pacientes diabéticos. Atualmente, a manutenção do nível de A1C abaixo de 7% é considerada um dos principais objetivos do controle glicêmico de pacientes diabéticos. Algumas sociedades médicas adotam metas terapêuticas mais rígidas de 6,5% para os valores de A1C.
20 Pressão arterial diastólica: É a pressão mais baixa detectada no sistema arterial sistêmico, observada durante a fase de diástole do ciclo cardíaco. É também denominada de pressão mínima.
21 Carótidas: Artérias originadas a partir da aorta torácica ou a partir de um dos seus ramos principais, encarregadas de conduzir o maior volume sangüíneo para as estruturas do crânio.Estão dispostas de cada lado do pescoço (carótidas externas), que a seguir ramifica-se em várias artérias e unem-se aos troncos arteriais derivados do circuito cerebral posterior, através dos ramos comunicantes posteriores.
22 HDL colesterol: Do inglês high-density-lipoprotein cholesterol, ou colesterol de alta densidade. Também chamado de bom colesterol.
23 Colesterol: Tipo de gordura produzida pelo fígado e encontrada no sangue, músculos, fígado e outros tecidos. O colesterol é usado pelo corpo para a produção de hormônios esteróides (testosterona, estrógeno, cortisol e progesterona). O excesso de colesterol pode causar depósito de gordura nos vasos sangüíneos. Seus componentes são: HDL-Colesterol: tem efeito protetor para as artérias, é considerado o bom colesterol. LDL-Colesterol: relacionado às doenças cardiovasculares, é o mau colesterol. VLDL-Colesterol: representa os triglicérides (um quinto destes).
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