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Mulheres de meia idade que perdem peso estão também perdendo massa óssea, publicado pelo The Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism

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Sob a coordenação da endocrinologista1 Dra. Meryl LeBoff, do hospital Brigham and Women's Hospital, em Boston, foi realizado um estudo com o objetivo de abordar o papel das alterações na massa gorda2 e na massa magra3 no declínio da densidade mineral óssea (DMO) em ambos os sexos. Neste trabalho, independentemente dos tipos de alimentos ou quantidade de cálcio em suas dietas, mulheres de meia idade que perderam uma quantidade moderada de peso ao longo de um período de dois anos também perderam mais densidade óssea do que os homens ou as mulheres mais jovens.

Os pesquisadores estudaram as diferenças sexuais dos efeitos de dietas de emagrecimento na densidade mineral óssea e na composição corporal. Os participantes do ensaio clínico randomizado4 Preventing Overweight Using Novel Dietary Strategies (POUNDS-LOST Trial), com duração de dois anos, foram 424 indivíduos com sobrepeso5 e obesidade6 (idade média de 52±9 anos, 57% do sexo feminino).

No início do estudo, a correlação mais forte entre DMO e medidas de composição corporal foi observada em mulheres, principalmente com relação à massa magra3 (r=0,419, 0,507 e 0.523 para coluna, cabeça7 do fêmur8 e quadril, respectivamente, todos com p<0.001). Nos homens, a massa magra3 foi correlacionada apenas com a DMO do quadril. A média de perda de peso em dois anos foi de -6,9%, sem diferenças entre as dietas. Em dois anos, alterações na DMO foram de 0,005 (p=0,04), -0,014 (p<0,001), e -0,014 gm/cm² (p<0,001), ao nível da coluna, quadril e cabeça7 do fêmur8, respectivamente. Estas alterações foram diretamente correlacionadas às mudanças na massa magra3 em mulheres, enquanto que a perda de massa gorda2 foi correlacionada apenas com mudanças na DMO do quadril (p<0,001). Nos homens, as mudanças na massa magra3 e na massa gorda2 foram negativamente correlacionadas a alterações na DMO da coluna vertebral9.

Dietas de emagrecimento resultam em efeitos específicos sobre a densidade mineral óssea em ambos os sexos. Enquanto os homens apresentaram um aumento paradoxal10 na DMO da coluna, as mulheres tenderam a diminuir a DMO do quadril, da coluna e da cabeça7 do fêmur8.

Os pesquisadores alertam que enquanto a perda de peso pode ter efeitos benéficos sobre doenças cardiovasculares11 e diabetes12, por exemplo, é importante considerar a saúde13 do esqueleto14, especialmente em mulheres nas quais a perda de peso pode resultar em perda de massa óssea, uma vez que as mulheres têm um risco significativamente aumentado de fraturas ósseas e osteoporose15.

Fonte: The Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism, publicação online, de 31 de março de 2015

NEWS.MED.BR, 2015. Mulheres de meia idade que perdem peso estão também perdendo massa óssea, publicado pelo The Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/saude/752847/mulheres-de-meia-idade-que-perdem-peso-estao-tambem-perdendo-massa-ossea-publicado-pelo-the-journal-of-clinical-endocrinology-amp-metabolism.htm>. Acesso em: 28 mar. 2024.

Complementos

1 Endocrinologista: Médico que trata pessoas que apresentam problemas nas glândulas endócrinas.
2 Massa gorda: É a porção de massa do organismo constituída de gordura armazenada (encontrada no tecido subcutâneo) e gordura essencial (encontrada nas vísceras, responsável pelo funcionamento fisiológico normal). A massa gorda é o resultado em quilos do percentual de gordura existente no organismo. Por exemplo, um indivíduo de 100 quilos e com percentual de gordura de 38%, pode ter o valor da massa gorda calculado em 38 quilos.
4 Randomizado: Ensaios clínicos comparativos randomizados são considerados o melhor delineamento experimental para avaliar questões relacionadas a tratamento e prevenção. Classicamente, são definidos como experimentos médicos projetados para determinar qual de duas ou mais intervenções é a mais eficaz mediante a alocação aleatória, isto é, randomizada, dos pacientes aos diferentes grupos de estudo. Em geral, um dos grupos é considerado controle – o que algumas vezes pode ser ausência de tratamento, placebo, ou mais frequentemente, um tratamento de eficácia reconhecida. Recursos estatísticos são disponíveis para validar conclusões e maximizar a chance de identificar o melhor tratamento. Esses modelos são chamados de estudos de superioridade, cujo objetivo é determinar se um tratamento em investigação é superior ao agente comparativo.
5 Sobrepeso: Peso acima do normal, índice de massa corporal entre 25 e 29,9.
6 Obesidade: Condição em que há acúmulo de gorduras no organismo além do normal, mais severo que o sobrepeso. O índice de massa corporal é igual ou maior que 30.
7 Cabeça:
8 Fêmur: O mais longo e o maior osso do esqueleto; está situado entre o quadril e o joelho. Sinônimos: Trocanter
9 Coluna vertebral:
10 Paradoxal: Que contém ou se baseia em paradoxo(s), que aprecia paradoxo(s). Paradoxo é o pensamento, proposição ou argumento que contraria os princípios básicos e gerais que costumam orientar o pensamento humano, ou desafia a opinião consabida, a crença ordinária e compartilhada pela maioria. É a aparente falta de nexo ou de lógica; contradição.
11 Doenças cardiovasculares: Doença do coração e vasos sangüíneos (artérias, veias e capilares).
12 Diabetes: Nome que designa um grupo de doenças caracterizadas por diurese excessiva. A mais frequente é o Diabetes mellitus, ainda que existam outras variantes (Diabetes insipidus) de doença nas quais o transtorno primário é a incapacidade dos rins de concentrar a urina.
13 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
14 Esqueleto:
15 Osteoporose: Doença óssea caracterizada pela diminuição da formação de matriz óssea que predispõe a pessoa a sofrer fraturas com traumatismos mínimos ou mesmo na ausência deles. É influenciada por hormônios, sendo comum nas mulheres pós-menopausa. A terapia de reposição hormonal, que administra estrógenos a mulheres que não mais o produzem, tem como um dos seus objetivos minimizar esta doença.
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