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Vitamina C venosa e agentes quimioterápicos convencionais inibiram sinergicamente o câncer de ovário em cobaias, publicado pela Science Translational Medicine

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O ácido ascórbico (vitamina1 C) é uma terapia pouco ortodoxa para o câncer2, com um perfil de segurança excelente, mas com benefícios clínicos insignificantes. O ácido ascórbico oral foi ineficaz em dois ensaios clínicos3 de câncer2, por isso foi abandonado pela oncologia convencional, mas continuou a ser usado na medicina complementar e alternativa.

Estudos recentes fornecem justificativa para a reavaliação do tratamento com o ácido ascórbico. Por causa de diferenças farmacocinéticas da vitamina1 C, o seu uso intravenoso, mas não oral, produz concentrações milimolares tanto no sangue4 como nos tecidos, matando células5 cancerosas sem danificar tecidos normais. No fluido que envolve as células5 tumorais intersticiais, as concentrações de ácido ascórbico milimolares exercem efeitos pró-oxidantes locais mediando a formação de peróxido de hidrogênio (H₂O₂), que mata as células5 cancerígenas.

Foram investigados os mecanismos de morte celular induzida pelo ácido ascórbico. Os dados mostram que o ácido ascórbico milimolar, agindo como um pró-oxidante, induz danos ao DNA e depleção6 de adenosina trifosfato (ATP7), ativando a via mutada da ataxia8 telangiectasia9 (ATM)/proteína quinase ativada por adenosina monofosfato (AMPK) e resultou na inibição da proteína alvo de rapamicina de mamíferos (mTOR) e na morte de células5 de câncer2 de ovário10. A combinação de ácido ascórbico parenteral com agentes quimioterápicos convencionais como a carboplatina e o paclitaxel inibiu sinergicamente o câncer2 de ovário10 em cobaias e reduziu a toxicidade11 associada à quimioterapia12 em pacientes com câncer2 de ovário10.

Com base no seu potencial benefício e em sua toxicidade11 mínima, a avaliação do uso de ácido ascórbico intravenoso em combinação a alguns tipos de quimioterapia12 padrão se justifica em ensaios clínicos3 de larga escala.

Fonte: Science Translational Medicine, volume 6, número 222, de 5 de fevereiro de 2014 

NEWS.MED.BR, 2014. Vitamina C venosa e agentes quimioterápicos convencionais inibiram sinergicamente o câncer de ovário em cobaias, publicado pela Science Translational Medicine. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/saude/522564/vitamina-c-venosa-e-agentes-quimioterapicos-convencionais-inibiram-sinergicamente-o-cancer-de-ovario-em-cobaias-publicado-pela-science-translational-medicine.htm>. Acesso em: 2 dez. 2024.

Complementos

1 Vitamina: Compostos presentes em pequenas quantidades nos diversos alimentos e nutrientes e que são indispensáveis para o desenvolvimento dos processos biológicos normais.
2 Câncer: Crescimento anormal de um tecido celular capaz de invadir outros órgãos localmente ou à distância (metástases).
3 Ensaios clínicos: Há três fases diferentes em um ensaio clínico. A Fase 1 é o primeiro teste de um tratamento em seres humanos para determinar se ele é seguro. A Fase 2 concentra-se em saber se um tratamento é eficaz. E a Fase 3 é o teste final antes da aprovação para determinar se o tratamento tem vantagens sobre os tratamentos padrões disponíveis.
4 Sangue: O sangue é uma substância líquida que circula pelas artérias e veias do organismo. Em um adulto sadio, cerca de 45% do volume de seu sangue é composto por células (a maioria glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas). O sangue é vermelho brilhante, quando oxigenado nos pulmões (nos alvéolos pulmonares). Ele adquire uma tonalidade mais azulada, quando perde seu oxigênio, através das veias e dos pequenos vasos denominados capilares.
5 Células: Unidades (ou subunidades) funcionais e estruturais fundamentais dos organismos vivos. São compostas de CITOPLASMA (com várias ORGANELAS) e limitadas por uma MEMBRANA CELULAR.
6 Depleção: 1. Em patologia, significa perda de elementos fundamentais do organismo, especialmente água, sangue e eletrólitos (sobretudo sódio e potássio). 2. Em medicina, é o ato ou processo de extração de um fluido (por exxemplo, sangue) 3. Estado ou condição de esgotamento provocado por excessiva perda de sangue. 4. Na eletrônica, em um material semicondutor, medição da densidade de portadores de carga abaixo do seu nível e do nível de dopagem em uma temperatura específica.
7 ATP: Adenosina Trifosfato (ATP) é nucleotídeo responsável pelo armazenamento de energia. Ela é composta pela adenina (base azotada), uma ribose (açúcar com cinco carbonos) e três grupos de fosfato conectados em cadeia. A energia é armazenada nas ligações entre os fosfatos. O ATP armazena energia proveniente da respiração celular e da fotossíntese, para consumo imediato, não podendo ser estocada. A energia pode ser utilizada em diversos processos biológicos, tais como o transporte ativo de moléculas, síntese e secreção de substâncias, locomoção e divisão celular, dentre outros.
8 Ataxia: Reflete uma condição de falta de coordenação dos movimentos musculares voluntários podendo afetar a força muscular e o equilíbrio de uma pessoa. É normalmente associada a uma degeneração ou bloqueio de áreas específicas do cérebro e cerebelo. É um sintoma, não uma doença específica ou um diagnóstico.
9 Telangiectasia: Dilatação permanente da parede de um pequeno vaso sanguíneo localizado na derme.
10 Ovário: Órgão reprodutor (GÔNADAS) feminino. Nos vertebrados, o ovário contém duas partes funcionais Sinônimos: Ovários
11 Toxicidade: Capacidade de uma substância produzir efeitos prejudiciais ao organismo vivo.
12 Quimioterapia: Método que utiliza compostos químicos, chamados quimioterápicos, no tratamento de doenças causadas por agentes biológicos. Quando aplicada ao câncer, a quimioterapia é chamada de quimioterapia antineoplásica ou quimioterapia antiblástica.
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