Café foi associado a menor risco de fibrose hepática avançada em pessoas com menor resistência à insulina
Em um estudo de pacientes com doença hepática1 gordurosa não alcoólica (DHGNA), o consumo de café foi associado a um menor risco de fibrose2 hepática1 avançada em pessoas com menor resistência à insulina3, mas não naqueles com maior resistência à insulina3.
Os potenciais efeitos benéficos do café para os pacientes com doença hepática1 crônica estão se tornando mais evidentes, de acordo com Kiran Bambha, professora assistente de medicina na divisão de gastroenterologia e hepatologia da University of Colorado Denver, em Aurora, nos Estados Unidos. Ela apresentou os resultados de um estudo transversal na reunião The Liver Meeting 2012: American Association for the Study of Liver Diseases 63rd Annual Meeting.
Em um trabalho anterior, os estudos de Bambha mostraram os efeitos benéficos do café em uma variedade de condições crônicas de saúde4, incluindo diabetes tipo 25 e fibrose2 hepática1 em DHGNA. Por isso, ela e seus colegas estudaram como a possível interação entre o consumo de café e a resistência à insulina3 estão relacionados à fibrose2 avançada (na fase 2 ou mais avançada) em pacientes com biópsia6 comprovada de DHGNA.
Os 782 participantes, com 18 anos ou mais, foram incluídos na pesquisa Nonalcoholic Steatohepatitis (NASH) Clinical Research Network. A histologia foi estudada no início da pesquisa e revista dentro de um intervalo de seis meses de triagem clínica.
O consumo de café foi documentado e a resistência insulínica (RI) foi avaliada com o modelo de avaliação da homeostase-resistência insulínica (HOMA-IR7).
A média de idade dos participantes foi de 48 anos, 38% eram homens e 84% eram brancos. O índice de massa corporal8 médio foi de 33,5 kg/m² (variação, 29,7-38,3 kg/m²). Na histologia, 79% tinham DHGNA definitiva ou provável e, destes, 75% tinham fibrose2 no estágio 2 ou inferior e 25% tinham fibrose2 mais avançada do que a fase 2 (7,5% tinham cirrose9). A pontuação mediana do HOMA-IR7 foi de 4,3 e 24% (n = 189) dos participantes tinham diabetes10.
Para o consumo de café, 29% dos participantes bebiam 0 xícaras/dia, 28% bebiam menos de uma xícara/dia, 15% bebiam menos de duas xícaras/dia e 28% bebiam pelo menos duas xícaras/dia. O uso de álcool e cigarro foi positivamente correlacionado ao maior consumo de café (tendência de p<0,001 para ambos).
Testes de regressão logística multivariada mostraram uma relação inversa significativa entre o consumo de café e o risco de fibrose2 grave, dependendo do grau de RI (interação P = 0,01). Esta relação era mantida para os participantes com menor RI, mas não para aqueles com maior RI. O consumo de café foi inversamente correlacionado à fibrose2 avançada (estágio 2 ou mais avançado) em participantes com um valor de HOMA-RI abaixo de 4,0; mas não naqueles com uma pontuação de 4,0 ou superior. Não houve associação significativa entre o consumo de café e a gravidade da esteatose11, inflamação12 lobular, balonismo hepatocelular ou DHGNA definitiva.
Ainda são necessários estudos longitudinais para aprofundar o entendimento da associação entre o consumo de café e a fibrose2 hepática1 e para determinar se o café pode ser um complemento útil para pacientes13 com fígado14 gorduroso, explicou a coordenadora da pesquisa. Ainda não se sabe se a cafeína é que traz os benefícios observados. É possível que alguns flavonoides presentes no café sejam os responsáveis por este efeito. O café é uma "substância complexa" que contém centenas de componentes, incluindo cafeína, vitaminas, minerais, fibras, compostos fenólicos, lignanas, ácido ferúlico, diterpenos e trigonelina, para citar alguns exemplos.