The Lancet: o controle da obesidade é urgente, mostra série de quatro artigos sobre a doença
Uma série de quatro artigos sobre a pandemia1 global de obesidade2 foi publicada no The Lancet. O primeiro artigo resume seus condutores, o segundo fala sobre o ônus econômico e para a saúde3, o terceiro desvenda a fisiologia4 por trás do controle de peso e sua manutenção, e o quarto conclui que a ciência fala sobre os tipos de ações necessárias para mudar nosso ambiente obesogênico e reverter o atual "tsunami" de fatores de risco para doenças crônicas nas gerações futuras.
Os últimos dados do Centers for Disease Control and Prevention para a população dos EUA, lançados em julho de 2010, são alarmantes: 12 estados têm taxas de obesidade2 superior a 30% e nenhum tem taxa inferior a 20%. Já que estes valores dependem de auto-relatos sobre altura e peso, eles tendem a ser subestimados.
No primeiro artigo da série, Boyd Swinburn e colaboradores dizem que 1,46 bilhões de adultos e 170 milhões de crianças em todo o mundo estavam com sobrepeso5 ou eram obesas em 2008. Se continuarmos sem intervenções bem sucedidas, as projeções para 2030, no segundo artigo da série, estimam mais 65 milhões de adultos obesos só nos EUA e mais 11 milhões apenas no Reino Unido com 6 a 8,5 milhões de pessoas com diabetes6, 5,7 a 7,3 milhões com doenças cardíacas e derrames, e 492.000 com câncer7. Os custos adicionais projetados para tratar essas doenças evitáveis é de 48 a 66 bilhões de dólares ao ano nos EUA, e 1,9 a 2 bilhões de libras ao ano no Reino Unido. Como os sistemas de saúde3 em todo o mundo já lutam para conter os custos, sem prevenção e controle dos fatores de risco para a obesidade2 estes sistemas serão sobrecarregados ao ponto de ruptura.
No entanto, as reações dos governos até o momento são inadequadas e dependem da regulação da indústria de alimentos e de bebidas. Mas argumenta-se que cabe ao indivíduo fazer suas escolhas de maneira adequada. Ao contrário do tabaco, alimentos e bebidas devem ser consumidos e uma interferência do Estado poderia ser considerada uma intromissão demasiada na vida do cidadão. O Governo do Reino Unido, em particular, deixou claro que apenas acordos voluntários com empresas de alimentos e bebidas estão na agenda, e muitos dos comitês de saúde3 pública são compostos de um grande número desses representantes da indústria. O artigo questiona se esses acordos voluntários funcionam, pois todas as indicações até agora são de que eles não cumprem o seu objetivo.
Uma premissa importante é que o aumento do peso corporal dos indivíduos é o resultado de uma resposta normal, de pessoas normais, para um ambiente anormal, segundo relatado pelo periódico The Lancet. A série de artigos sobre a obesidade2 deixa resumidamente cinco mensagens importantes sobre a complexa questão da obesidade2 e como ela deve ser abordada:
- A epidemia de obesidade2 não será revertida sem liderança do governo.
- Trabalhando esta questão como estamos, os custos serão dispendiosos em termos de saúde3 da população, despesas com cuidados de saúde3 e perda de produtividade.
- As suposições atuais sobre a velocidade e a sustentabilidade da perda de peso estão erradas.
- Precisamos monitorar com precisão e avaliar tanto os dados básicos do peso corporal da população, quanto os resultados de intervenção para esta patologia8.
- Uma abordagem sistemática é necessária, com o envolvimento de vários setores.
Fonte: The Lancet