Diagnóstico e tratamento precoces são a chave para reduzir o comprometimento cognitivo após um AVC
De acordo com a Organização Mundial da Saúde1 (OMS), o acidente vascular cerebral2 – uma redução ou interrupção do suprimento de sangue3 para o cérebro4 – afetará 1 em cada 4 pessoas durante a vida. E o risco vitalício de desenvolver um AVC dobrou desde 1990.
Com melhorias nos cuidados médicos, mais pessoas estão sobrevivendo a AVCs. Embora 10% se recupere totalmente, a maioria ficará com algum tipo de deficiência. Por exemplo, 40% dos sobreviventes de AVC têm deficiências moderadas a graves, enquanto 10% requerem cuidados de longo prazo em uma casa de repouso ou instalação semelhante.
Essas deficiências podem incluir:
- Paralisia5 em parte do corpo
- Dormência6 e dor em áreas do corpo
- Problemas de fala e linguagem
- Questões cognitivas, como problemas de pensamento e memória.
Muitos sobreviventes de AVC ficam com algum comprometimento cognitivo7, e até 1 em cada 3 desenvolve demência8 após um AVC.
Agora, a American Heart Association e a American Stroke Association publicaram uma declaração científica destacando que mais da metade das pessoas que sobrevivem a um AVC ficam com algum comprometimento cognitivo7 pós-AVC (CGPA). A declaração enfatiza a importância da triagem para identificar o comprometimento cognitivo7 e permitir o tratamento precoce.
A declaração foi publicada no Stroke, um jornal científico da American Heart Association.
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Os AVCs podem ser isquêmicos – um coágulo9 sanguíneo bloqueia uma artéria10 que leva a uma parte do cérebro4 – ou hemorrágicos11, quando ocorre sangramento no cérebro4. As consequências dependem de qual parte do cérebro4 é afetada pelo AVC.
O CGPA e perda de memória são comuns após o AVC, sendo o AVC a segunda causa mais comum de comprometimento cognitivo7 e demência8.
De acordo com um comunicado de imprensa da AHA, 87% dos AVCs são isquêmicos e 13% são hemorrágicos11. Ambos podem levar ao comprometimento cognitivo7 imediatamente após o AVC ou alguns anos depois.
Mais comumente, o CGPA ocorre dentro de 2 semanas de um acidente vascular cerebral2, então, para minimizar os danos duradouros, a AHA recomenda a triagem imediatamente após um acidente vascular cerebral2 e posteriormente para avaliar quaisquer alterações cognitivas.
No relatório, a Dra. Nada Husseini, presidente do comitê científico de redação sobre o AVC e professora associada de Neurologia no Duke University Medical Center, disse: “O comprometimento cognitivo7 é frequentemente subnotificado e subdiagnosticado – mas é uma condição muito comum com a qual os sobreviventes de AVC costumam lidar.”
“Os sobreviventes de AVC devem ser sistematicamente avaliados quanto ao comprometimento cognitivo7, para que o tratamento possa começar o mais rápido possível após o aparecimento dos sinais”, acrescentou ela.
De acordo com a declaração da AHA, o comprometimento cognitivo7 pode ser revertido se detectado e tratado logo após um AVC. No entanto, a maioria das pessoas apresenta melhora em vez de recuperação completa dos níveis cognitivos12 anteriores ao AVC.
Um estudo descobriu que o AVC dobrou o risco de demência8, mesmo após o ajuste para idade, sexo, educação e fatores de risco de AVC.
Em sobreviventes de AVC mais velhos, o AVC acelera o declínio cognitivo7 e os AVCs subsequentes irão acelerá-lo. A declaração, portanto, enfatiza a importância da prevenção do AVC naqueles que já tiveram um AVC ou que estão em risco de AVC.
A declaração também destaca que: “Os fatores de risco para CGPA refletem o declínio cognitivo7 pré-AVC, vulnerabilidade cerebral preexistente/reserva reduzida e o impacto do AVC; um pequeno AVC pode precipitar demência8 em uma pessoa idosa com um cérebro4 vulnerável”.
A chave para gerenciar os efeitos cognitivos12 e outros do AVC é minimizar a probabilidade de novos AVCs. De acordo com a American Stroke Association, 25% das pessoas com um AVC terão outro, mas o risco de AVCs subsequentes pode ser reduzido.
Ao adotar hábitos saudáveis, como uma dieta saudável, atividade física regular e tomar a medicação prescrita, os sobreviventes de AVC podem reduzir o risco de sofrer um segundo AVC em até 80%.
A declaração enfatizou que mais pesquisas são necessárias para ajudar a identificar quais sobreviventes de AVC correm maior risco de comprometimento cognitivo7 e para ajudar a desenvolver técnicas de triagem e gerenciamento culturalmente relevantes.
E o Dr. Adi Iyer, neurocirurgião, explicou que é importante reconhecer o impacto de um AVC para garantir o maior benefício da terapia:
“Antes que os pacientes que sofreram AVC retornem ao trabalho ou comecem a dirigir, por exemplo, é fundamental que os médicos entendam suas limitações funcionais.”
“Além disso, as sequelas13 cognitivas do AVC podem levar à depressão subsequente e a resultados piores em geral. Esta declaração do estudo ilustra a necessidade de uma terapia cognitiva14 mais guiada para dar aos pacientes a melhor chance de recuperação significativa”, acrescentou.
Leia sobre "Demência8", "Demência8 vascular15" e "Mal de Alzheimer16".
Comprometimento cognitivo7 após AVC isquêmico17 e hemorrágico18: uma declaração científica da American Heart Association / American Stroke Association
O comprometimento cognitivo7 é uma consequência comum do AVC e tem implicações diretas no funcionamento pós-AVC e na qualidade de vida, incluindo a capacidade de manter um emprego, viver de forma independente, manter relacionamentos interpessoais e dirigir um veículo.
Nesta declaração científica, avaliou-se criticamente a literatura sobre a prevalência19, o diagnóstico20 e o tratamento do comprometimento cognitivo7 pós-AVC (CGPA) e forneceu-se uma estrutura para o atendimento clínico, destacando as lacunas que merecem um estudo mais aprofundado.
Foi realizada uma revisão de escopo da literatura de ensaios clínicos21 randomizados controlados, estudos de coorte22 prospectivos e retrospectivos, estudos de caso-controle, diretrizes clínicas, artigos de revisão e editoriais sobre incidência23 e prevalência19, história natural, diagnóstico20 e tratamento de CGPA.
As revisões de escopo determinam o escopo de um corpo de literatura sobre um determinado tópico24 para indicar o volume da literatura e os estudos atualmente disponíveis e fornecer uma visão25 geral de seu foco.
O CGPA é comum após AVC, especialmente no primeiro ano, e varia de leve a grave. Embora o comprometimento cognitivo7 seja reversível em alguns casos logo após o AVC, até um terço dos indivíduos com AVC desenvolvem demência8 em 5 anos.
A fisiopatologia26 ainda não está totalmente elucidada, mas é provavelmente atribuível a um acidente vascular cerebral2 agudo27 precipitando uma série de eventos patológicos, muitas vezes no contexto de alterações microvasculares e neurodegenerativas preexistentes.
A triagem de comorbidades28 associadas e o manejo interdisciplinar são componentes integrais do cuidado de indivíduos com CGPA.
Há necessidade de estudos prospectivos avaliando a trajetória individual do CGPA e o papel do evento vascular15 agudo27 na predisposição para a doença de Alzheimer29 e demências relacionadas, bem como ensaios clínicos21 randomizados de alta qualidade focados no manejo do CGPA.
Veja também sobre "Doenças cerebrovasculares" e "Doenças degenerativas30".
Fontes:
Stroke, declaração publicada no Vol. 54, Nº 6, em 01 de maio de 2023.
Medical News Today, notícia publicada em 02 de maio de 2023.