Equipe de F1 ajuda a construir novo aparelho de auxílio respiratório para pacientes com Covid-19 no Reino Unido
Um aparelho respiratório1 projetado e construído em menos de uma semana para manter os pacientes da Covid-19 fora dos cuidados intensivos foi entregue aos hospitais de Londres para testes clínicos.
O dispositivo fornece um fluxo constante de oxigênio e ar para pacientes2 que estão com dificuldades para respirar e pode ser usado em enfermarias padrão, ao contrário da ventilação3, que exige que os pacientes tenham um procedimento invasivo e sedação4 em uma unidade de terapia intensiva5.
Esses dispositivos de pressão positiva contínua nas vias aéreas (Cpap – do inglês continuous positive airway pressure), que estão sendo amplamente utilizados em hospitais na Itália e na China, preenchem a lacuna entre uma máscara de oxigênio e a ventilação3 completa. Os hospitais britânicos têm o aparelho, mas ele é escasso.
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Engenheiros do University College London (UCL) e médicos do hospital do UCL (UCLH) desenvolveram o dispositivo, que é considerado uma melhoria nos sistemas Cpap existentes, com a equipe Mercedes de Formula 1 em menos de 100 horas desde a primeira reunião até o primeiro modelo de produção. O dispositivo foi aprovado pela Agência Reguladora de Medicamentos e Produtos de Saúde6 do Reino Unido.
"Esses dispositivos ajudarão a salvar vidas, garantindo que os ventiladores, um recurso limitado, sejam usados apenas para os mais graves", disse o professor Mervyn Singer, consultor de cuidados intensivos do UCLH que trabalhou no projeto.
"Enquanto eles serão testados no UCLH primeiro, esperamos que eles façam uma diferença real para hospitais em todo o Reino Unido, reduzindo a demanda de funcionários e leitos de terapia intensiva5, além de ajudar os pacientes a se recuperarem sem a necessidade de ventilação3 mais invasiva".
As máquinas Cpap são usadas rotineiramente nos hospitais do Reino Unido para apoiar pacientes com dificuldades respiratórias nas enfermarias ou em casa, mas o equipamento é escasso. Os dispositivos usam pressão positiva para enviar uma mistura de ar e oxigênio para a boca7 e a mangueira a uma taxa constante, aumentando assim a quantidade de oxigênio que entra nos pulmões8.
A pressão positiva significa que, quando o paciente expira, as estruturas pulmonares que trocam oxigênio, os alvéolos9, permanecem abertas, o que ajuda na oxigenação e torna a respiração menos trabalhosa.
Tim Baker, um engenheiro da equipe da UCL, disse: “Dada a necessidade urgente, estamos agradecidos por termos conseguido reduzir um processo que poderia levar anos para alguns dias.
“Ao receber o resumo, trabalhamos todas as horas do dia, desmontando e analisando um dispositivo sem patente. Usando simulações em computador, aprimoramos ainda mais o dispositivo para criar uma versão de ponta adequada à produção em massa.”
Tim Cook, professor de anestesia10 e medicina intensiva do Hospital Royal United, fundação do NHS em Bath, disse: “Se o paciente pode permanecer em uma máquina Cpap, ele pode permanecer em uma enfermaria cuidada por enfermeiros especializados, e não por enfermeiros da UTI.
“Uma enfermaria provavelmente pode cuidar de 10 desses pacientes com duas enfermeiras e um médico. Dez pacientes em UTI podem precisar de cinco ou dez enfermeiros e três a quatro médicos. O custo e a mão11 de obra necessários na UTI são muito, muito maiores, e a UTI é muito mais complexa e perigosa.”
Duncan Young, professor de medicina intensiva da Universidade de Oxford, disse que a velocidade com que o dispositivo foi desenvolvido era "notável", mas acrescentou que o uso de máquinas Cpap em pacientes com infecções12 respiratórias contagiosas é controverso, pois pequenos vazamentos ao redor da máscara poderia pulverizar gotículas das vias aéreas dos pacientes para a equipe clínica.
Singer disse que o risco de transmitir o vírus13 através dessas gotículas deve ser "muito baixo" se a equipe de atendimento estiver usando equipamentos de proteção individual adequados.
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Fonte: The Guardian, publicado em 30 de março de 2020.