Bactéria Wolbachia pode ser usada como estratégia complementar na prevenção da transmissão da febre amarela urbana
Surtos de febre amarela1 ressurgiram no Brasil durante 2016 e 2018, com taxas de mortalidade2 de até 30%. Embora a transmissão urbana não tenha sido relatada desde 1942, o risco de reurbanização da febre amarela1 é significativo, uma vez que o Aedes aegypti, principal vetor da doença no passado, está presente na maioria das cidades tropicais e subtropicais do mundo.
A introgressão3 da bactéria4 Wolbachia em populações de mosquitos Aedes aegypti está sendo testada em vários países como um método de biocontrole contra a Dengue5, Zika, Chikungunya e Febre6 Mayaro. Neste trabalho, estudou-se a capacidade da bactéria4 Wolbachia em reduzir o potencial dos mosquitos Aedes aegypti transmitirem o vírus7 da febre amarela1 (YFV).
Dois vírus7 da febre amarela1 isolados recentemente, obtidos de primatas e de humanos, foram usados para desafiar os mosquitos Aedes aegypti do tipo selvagem derivado do campo e infectado pela Wolbachia (wMel +). O status de infecção8 por YFV foi acompanhado por 7, 14 e 21 dias após a alimentação oral (dpf). O potencial de transmissão do YFV pelos mosquitos foi avaliado através da nanoinjeção de saliva em mosquitos não infectados ou por inoculação9 em camundongos.
Os pesquisadores, liderados por Luciano Moreira, pesquisador da Fiocruz e líder do World Mosquito Program (WMP) no Brasil, descobriram que a Wolbachia foi capaz de reduzir significativamente a prevalência10 de mosquitos com cabeças e tórax11 infectados com YFV para ambos os isolados virais. Além disso, análises da saliva do mosquito, através de injeção12 indireta em mosquitos ingênuos ou via modelo de rato com interferon-deficiente, indicaram que a Wolbachia foi associada com uma redução profunda no potencial de transmissão do YFV pelos mosquitos (14dpf). Ou seja, a presença da bactéria4 Wolbachia em Aedes aegypti tem a capacidade de reduzir a transmissão do vírus7 da febre amarela1 nesta espécie de mosquito.
Os resultados sugerem que a introgressão3 da Wolbachia poderia ser usada como uma estratégia complementar para a prevenção da transmissão da febre amarela1 urbana, juntamente com o programa de vacinação humana.
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Fonte: Gates Open Research 2019, 3:161.