ACOG enfatiza importância do "quarto trimestre" para melhor atendimento pós-parto
Em um novo parecer do Comitê sobre tratamento pós-parto ideal, o The American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG) enfatiza que um melhor atendimento à saúde1 física e mental das mulheres após o parto pode ajudar a reduzir a morbidade2 e mortalidade3 maternas.
"Além de ser um momento de alegria e entusiasmo, este 'quarto trimestre' pode apresentar desafios consideráveis para as mulheres, incluindo noites sem dormir, fadiga4, dores, dificuldades na amamentação5, estresse, início ou exacerbação de transtornos mentais, diminuição da libido6, alterações na vida sexual e incontinência urinária7", dizem Alison Stuebe, médico e professor associado de medicina materno-fetal da Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill e colegas, que escreveram no ACOG Committee Opinion, publicado online em 23 de abril de 2018. "Novas mães precisam de cuidados contínuos e o objetivo é substituir o check-up único em seis semanas por um período de apoio sustentado e holístico para famílias em crescimento", acrescenta Stuebe.
Saiba mais sobre "Amamentação5", "Estresse", "Queda da libido6" e "Incontinência urinária7".
Anteriormente, o ACOG aconselhava uma visita pós-parto única e abrangente nas primeiras 6 semanas após o parto. A nova recomendação diz que o cuidado pós-parto adequado é considerado um "processo" e não um "evento singular", e que deve ser iniciado antes mesmo do parto, com o desenvolvimento de um plano de cuidados pós-parto que aborde a transição para a paternidade e maternidade e os cuidados necessários à mulher.
O novo paradigma é projetado especificamente para corrigir a natureza inconsistente e fragmentada dos cuidados pós-parto nos Estados Unidos. Atualmente, cerca de 40% das mulheres que deram à luz não participam de uma visita pós-parto, e as taxas de frequência são menores entre as populações com recursos limitados, o que contribui para as disparidades de saúde1, observa o ACOG. A importância do "quarto trimestre" é reforçada dado que mais de metade das mortes relacionadas com a gravidez8 ocorrem após o nascimento do bebê.
Sob a nova visão9 de cuidados, as mulheres devem ter um contato inicial com o seu provedor de cuidados dentro de 3 semanas do parto para uma avaliação precoce de seu bem-estar, o que permite que os profissionais avaliem o risco das mulheres para a depressão pós-parto, oferece uma oportunidade para abordar os desafios da amamentação5 e estimulá-la. O apoio contínuo deve ser fornecido de acordo com necessidades individuais e uma visita abrangente deve ocorrer dentro de 12 semanas após o parto, segundo os autores.
Leia sobre "Alimentação durante a amamentação5", "Trabalho de parto" e "Depressão pós-parto".
Uma constelação de fatores, incluindo falta de sono, fadiga4, dor, incontinência urinária7, desafios da amamentação5, falta de desejo sexual, sintomas10 de saúde1 mental novos ou agravantes, estresse, ansiedade e incerteza podem contribuir para uma maior vulnerabilidade a problemas físicos e/ou psicológicos nas novas mães. As semanas que se seguem ao parto são, portanto, um período crítico para elas, de modo que a visita abrangente deve consistir de uma avaliação completa, incluindo:
- Recuperação física desde o nascimento
- Humor e bem-estar emocional
- Cuidados infantis e de alimentação
- Sono e fadiga4
- Sexualidade, contracepção11 e espaçamento entre nascimentos
- Gestão de doenças crônicas
- Manutenção da saúde1
- Gravidezes complicadas, condições crônicas e desfechos adversos de nascimento (devem receber orientações específicas)
Em particular, o ACOG recomenda que as mulheres com distúrbios hipertensivos da gravidez8 façam uma visita pós-parto dentro de 7 a 10 dias após o nascimento para avaliar sua pressão arterial12 e uma consulta de acompanhamento dentro de 72 horas para aquelas com hipertensão13 grave. Esta avaliação é fundamental, uma vez que mais de metade dos acidentes vasculares14 cerebrais no período pós-parto ocorrem dentro de 10 dias após a alta da maternidade.
O acompanhamento precoce também é benéfico para mulheres com alto risco de complicações, como depressão pós-parto, infecção15 por cesárea ou ferida perineal e dificuldades de lactação16 ou condições crônicas, como distúrbios convulsivos que exigem titulação de medicação no pós-parto.
Também as mulheres que sofreram um aborto espontâneo, morte fetal ou morte neonatal devem ser encorajadas a dar seguimento ao seu acompanhamento e devem ser direcionadas a recursos para apoio emocional e encaminhamentos, conforme necessário, bem como testes e aconselhamento sobre gravidez8 e riscos futuros.
Da mesma forma, mulheres com condições médicas crônicas, como obesidade17, diabetes18, doença renal19, problemas de tireoide20, transtornos de humor, transtornos por uso de substâncias ou transtornos convulsivos, entre outras, devem ser aconselhadas a fazer o acompanhamento com seu obstetra-ginecologista. Durante o período pós-parto, a mulher e seu obstetra-ginecologista ou outro prestador de cuidados obstétricos devem também identificar o prestador de cuidados de saúde1 que assumirá a responsabilidade primária pelos seus cuidados permanentes de saúde1.
Os autores observam que o ACOG endossa a licença parental paga como essencial e reforça que obstetra-ginecologistas devem estar na vanguarda dos esforços de políticas para permitir que todas as mulheres se recuperem do nascimento e cuidem de seus bebês21.
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Fonte: The American College of Obstetricians and Gynecologists, número 736, de maio de 2018