Prevalência do tabagismo e das doenças a ele atribuídas em 195 países e territórios (1990-2015): análise sistemática do estudo Global Burden of Disease Study 2015
A ampliação do controle do tabagismo, especialmente após a adoção da Framework Convention for Tobacco Control, é uma grande história de sucesso na saúde1 pública. No entanto, o tabagismo continua a ser um dos principais fatores de risco de morte precoce e incapacidade em todo o mundo, e, portanto, continua a exigir um compromisso político sustentado.
O The Global Burden of Diseases, Injuries, and Risk Factors Study (GBD) oferece uma plataforma robusta através da qual o progresso global, regional e nacional em direção à obtenção de metas relacionadas ao fumo pode ser avaliado.
Saiba mais sobre "Parar de fumar".
Foram sintetizadas 2.818 fontes de dados e produzidas estimativas da prevalência2 diária de tabagismo por sexo, faixa etária e ano para 195 países e territórios, de 1990 a 2015. Foram analisados 38 pares de risco-resultado para gerar estimativas de mortalidade3 atribuível ao tabagismo e de encargos produzidos pelas doenças, medidos pelos anos de vida ajustados por incapacidade (DALYs). Em seguida, realizou-se uma análise de coorte4 da prevalência2 de tabagismo por coorte4 de nascimento-ano para entender melhor os padrões temporais de idade no tabagismo.
Também foi realizada uma análise de decomposição, na qual analisou-se as mudanças nos DALYs atribuíveis ao tabagismo por todas as causas devido às mudanças no crescimento populacional, envelhecimento da população, prevalência2 de tabagismo e taxas de DALY com risco excluído. Finalmente, explorou-se os resultados por nível de desenvolvimento utilizando o índice Socio-Demographic Index (SDI).
Em todo o mundo, a prevalência2 padronizada por idade do tabagismo diário foi de 25% para homens e 5,4% para mulheres, representando reduções de 28,4% e 34,4%, respectivamente, desde 1990. Uma maior percentagem de países e territórios atingiu um declínio mais significativo nas taxas anualizadas da prevalência2 do tabagismo entre 1990 e 2005 do que entre 2005 e 2015; no entanto, apenas quatro países tiveram aumentos significativos anualizados na prevalência2 do tabagismo entre 2005 e 2015 (Congo [Brazzaville] e Azerbaijão para homens e Kuwait e Timor-Leste para mulheres).
Em 2015, 11,5% dos óbitos globais (6,4 milhões) foram atribuídos ao tabagismo em todo o mundo, dos quais 52,2% ocorreram em quatro países (China, Índia, EUA e Rússia). O tabagismo foi classificado entre os cinco principais fatores de risco para DALYs em 109 países e territórios em 2015, aumentando em relação a 88 áreas geográficas em 1990.
Em termos de coortes de nascimento, a prevalência2 de tabagismo masculino seguiu padrões de idade semelhantes entre os níveis de SDI, enquanto muito mais heterogeneidade foi encontrada em padrões de idade para fumantes do sexo feminino por nível de desenvolvimento.
Enquanto a prevalência2 de tabagismo e as taxas de DALY excluídas pelo risco diminuíram principalmente por sexo e pelo quintil5 de SDI, crescimento populacional, envelhecimento da população ou uma combinação de ambos impulsionaram aumentos no DALY global atribuível ao tabagismo em regiões geográficas de médios e de baixos SDIs entre 2005 e 2015.
O ritmo do progresso na redução da prevalência2 do tabagismo tem sido heterogêneo em várias áreas geográficas, status de desenvolvimento e sexo, e, como ressaltado pelas tendências mais recentes, a manutenção de taxas de declínio passadas não deve ser tida como certa, especialmente entre as mulheres e em países com SDI baixos e médios.
Para além do efeito da indústria do tabaco e dos costumes da sociedade, um desafio crucial para as iniciativas de controle do tabaco é que as forças demográficas estão prontas para aumentar o número global de fumantes, a menos que se possa acelerar substancialmente a prevenção do início do hábito de fumar e a promoção para parar de fumar.
O maior êxito no controle do tabagismo é possível, mas exige políticas efetivas, abrangentes e adequadamente implementadas e aplicadas, que por sua vez exigem níveis de compromisso político global e nacional além do alcançado nos últimos 25 anos.
Veja também sobre "Fumante passivo", "Doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC)", "Enfisema6 pulmonar" e "Câncer7 de pulmão8".
Fonte: The Lancet, de 5 de abril de 2017