Sete "mitos" divulgados por médicos e pela população são estudados novamente para comprovar ou não sua veracidade
Usando o Medline e o Google para encontrar evidências que suportem ou refutem a veracidade dessas crenças, cientistas americanos descobriram que os sete “mitos populares” selecionados não podem ser comprovados através de evidências científicas.
Beber pelo menos 8 copos de água por dia faz bem à saúde1
Os estudos existentes sugerem que o consumo adequado de líquidos é alcançado pela ingestão diária que normalmente é feita por um adulto ao ingerir sucos de frutas, leite, café, chá e os líquidos existentes nas comidas sólidas preparadas. Além disto, beber água em excesso pode ser perigoso, pois pode levar à intoxição por água, hiponatremia2 e até morte.
O homem só usa 10% do cérebro3
Evidências de estudos sobre danos cerebrais, imagens do cérebro3, localização de funções cerebrais, análise microestrutural e estudos metabólicos mostram que as pessoas usam muito mais que 10% de seus cérebros. Imagens cerebrais mostram que não há nenhuma parte do cérebro3 completamente “inativa” ou “silenciosa”. Muitas funções do cérebro3 são extremamaente localizadas, com as tarefas diferentes alocadas em regiões anatômicas distintas. Exames feitos no cérebro3 falharam ao não conseguir identificar os 90% que não funcionam.
Pêlos e unhas4 crescem após a morte
Isto pode ser apenas uma “ilusão ótica” devido à desidratação5 e à retração da pele6 após a morte. O crescimento de pêlos e unhas4 requer uma complexa interação hormonal que deixa de existir após a morte.
Ler com pouca luz faz mal à visão7
A luz fraca pode criar uma sensação de dificuldade de focalização. Também diminui o número de vezes que a pessoa pisca os olhos8 e pode levar a um desconforto pois o olho9 fica mais seco. O importante é enfatizar que estes efeitos não persistem infinitamente. São efeitos negativos temporários. Não é comprovado que eles causem uma mudança permanente na função ou na estrutura dos olhos8.
Raspar pêlos faz com que eles cresçam mais rápido, mais grossos e em maior quantidade
Fortes evidências científicas desmentem esta crença. Desde 1928, evidências científicas já comprovaram que raspar os pêlos não interfere no seu crescimento. Estudos mais recentes demonstraram que raspar os cabelos não interfere em seu ritmo de crescimento, nem na sua espessura. É a parte morta que é retirada com a raspagem, e não a parte viva que fica abaixo da pele6. Na explicação dos especialistas, ao ser raspado o pêlo perde a ponta fina que tem antes de ser barbeado e, como conseqüência, nasce eriçado.
Telefones celulares não podem ficar ligados em hospitais devido à interferência eletromagnética nos aparelhos
Na busca dos pesquisadores americanos não foi encontrado nenhum caso de morte atribuída ao uso de celulares dentro de ambientes hospitalares. Alguns pequenos incidentes10 já foram ocasionalmente relatados, como disparos falsos de alarmes, mal funcionamento em bombas de infusão e leituras incorretas em monitores cardíacos.
No Reino Unido, estudos iniciais mostraram que os celulares interferem em 4% dos dispositivos hospitalares somente a uma distância menor do que um metro. Ao contrário, várias pesquisas mostram que ficar com o telefone celular ligado dentro de hospitais não causa interferência magnética que afete equipamentos médicos.
Uma pesquisa realizada com anestesistas concluiu que o uso de celulares em salas de cirurgia reduziu em 20% os riscos de erros médicos resultantes de comunicações tardias entre médicos.
Comer peru provoca sonolência
O aminoácido triptofano presente na carne do peru - que está envolvido no controle do sono e do humor - também é encontrado em quantidades semelhantes em outras carnes, como no frango e na carne moída. Outras fontes de proteína, como porco e queijo, têm maior concentração deste aminoácido se comparadas à carne de peru.
Fonte: British Medical Journal (BMJ)