Trombólise endovenosa com alteplase no AVC isquêmico agudo: meta-análise de dados publicada no The Lancet
O alteplase é eficaz para o tratamento do acidente vascular cerebral1 (AVC) isquêmico2 agudo3, mas o debate continua sobre o seu uso após períodos maiores desde o início do derrame4, em pacientes mais idosos e entre pacientes que tiveram eventos menos ou mais graves. O presente estudo avaliou o papel desses fatores no bom resultado do tratamento de pacientes com AVC que receberam alteplase.
Foi realizada uma meta-análise pré-especificada de dados individuais de 6.756 pacientes em nove ensaios clínicos5 randomizados comparando alteplase com placebo6 ou controle aberto. Foram incluídos todos os ensaios clínicos5 randomizados concluídos, de fase 3, com o uso de alteplase intravenoso para o tratamento de acidente vascular cerebral1 isquêmico2 agudo3 para os quais os dados estavam disponíveis. Definiu-se como um bom resultado do tratamento do AVC a ausência de deficiência significativa entre três e seis meses, definida por um escore de Rankin modificado de 0 ou 1. Resultados adicionais incluíram hemorragia7 intracraniana sintomática8 (definida pelo tipo 2 de hemorragia7 no parênquima9 dentro de 7 dias e, separadamente, pela definição do Safe Implementation of Thrombolysis in Stroke-Monitoring Study (SITS-MOST) de hemorragia7 no parênquima9 tipo 2 dentro de 36 horas), hemorragia7 intracraniana fatal dentro de sete dias e mortalidade10 em 90 dias.
Alteplase aumentou as chances de um bom resultado no tratamento do derrame4, com o tratamento precoce associado ao maior benefício proporcional. O tratamento no prazo de três horas resultou em um bom resultado para 259 (32,9%) dos 787 pacientes que receberam alteplase versus 176 (23,1%) de 762 que receberam controle; o atraso de mais de três horas até 4,5 horas, resultou em bom resultado para 485 (35,3%) de 1.375 versus 432 (30,1%) de 1.437; e atraso de mais de 4,5 horas resultou em bom resultado para 401 (32,6%) de 1.229 versus 357 (30,6%) de 1.166. Os benefícios proporcionais do tratamento foram semelhantes, independentemente da idade ou da gravidade do AVC. Alteplase aumentou significativamente as chances de hemorragia7 intracraniana sintomática8 (definição pelo tipo 2 de hemorragia7 no parênquima9 231 [6,8%] de 3.391 vs 44 [1,3%] de 3.365, p<0,0001; definição do SITS-MOST 124 [3,7%] vs 19 [0,6], p<0,0001) e de hemorragia7 intracraniana fatal no prazo de 7 dias (91 [2,7%] vs 13 [0,4%], p<0,0001). O aumento relativo da hemorragia7 intracraniana fatal com o alteplase foi semelhante, independentemente do atraso do tratamento, da idade ou da gravidade do AVC, mas o excesso de risco absoluto atribuível ao alteplase foi maior entre os pacientes que tiveram acidentes vasculares11 cerebrais mais graves. Não havia excesso de outras causas de morte precoce e nenhum efeito significativo sobre as causas de morte tardia. Consequentemente, a mortalidade10 em 90 dias foi de 608 (17,9%) no grupo alteplase versus 556 (16,5%) no grupo controle (p=0,07). Tomados em conjunto, pois, apesar do risco absoluto médio aumentado de morte prematura devido à hemorragia7 intracraniana, de cerca de 2%, em 3 a 6 meses esse risco foi compensado por um aumento médio absoluto na sobrevida12 livre de invalidez de cerca de 10% para os doentes tratados dentro de três horas e de cerca de 5% para os pacientes tratados após três horas até 4,5 horas.
Independentemente da idade ou da gravidade do AVC e apesar de um aumento do risco de hemorragia7 intracraniana fatal durante os primeiros dias após o tratamento, o alteplase mostrou melhorar significativamente as chances gerais de um bom resultado no tratamento do AVC quando usado no prazo de 4,5 horas do início do evento, com um tratamento mais precoce associado aos maiores benefícios proporcionais.
Fonte: The Lancet, publicação online, de 6 de agosto de 2014