NEJM: algumas mulheres podem se beneficiar de radiação dos linfonodos em casos de câncer de mama precoce
Entre as mulheres com câncer1 de mama2, as taxas de recorrência3 local na mama2 ipsilateral, parede torácica4 ou linfonodos5 regionais diminuíram drasticamente nos últimos 20 anos. Os fatores contribuintes incluem abordagens clínicas padronizadas para exames de imagem da mama2, cirurgia, análise patológica e radioterapia6, mas um elemento crítico tem sido a aplicação quase universal da terapia sistêmica adjuvante. Quase todos os pacientes com câncer1 de mama2 agora recebem algum tipo de tratamento medicamentoso adjuvante. Os tratamentos sistêmicos7 têm provado ser altamente eficazes em reduzir o risco de recaída tanto distante quanto a recorrência3 local ou regional.
Já é padrão também receber a radiação para o próprio seio8 comprometido depois de ter o tumor9 removido cirurgicamente, explicou o Dr. Timothy Whelan, investigador em um dos estudos publicados pelo The New England Journal of Medicine (NEJM). Além disso, a maioria das mulheres recebe quimioterapia10 e muitas vezes hormonioterapia. Ainda não está claro, no entanto, se os linfonodos5 precisam ser irradiados. Ou seja, os benefícios de fazê-lo devem superar os riscos. A radiação dos linfonodos5 pode ter efeitos secundários, tais como a pneumonite11 por radiação e edema12 crônico13 no peito14, braços e mãos15 (o chamado linfedema). Mas as novas descobertas sugerem que os benefícios podem valer a pena.
Os dois estudos relatados no periódico tiveram o objetivo de responder a uma pergunta importante no tratamento do câncer1 de mama2: quando as mulheres têm tumores removidos na fase inicial e as células16 cancerosas são encontradas em apenas alguns nódulos linfáticos, próximos ao tumor9, estes nódulos devem ser tratados por radiação?
Quando não há gânglios linfáticos17 envolvidos, a escolha é simples - nenhuma radiação, diz a Dra. Monica Morrow, cirurgiã de câncer1 de mama2 do Memorial Sloan Kettering Cancer1 Center, em Nova York. Por outro lado, quando numerosos gânglios linfáticos17 são positivos para células16 cancerosas, a radiação faz sentido, acrescentou.
Um dos estudos envolveu 1.832 pacientes com câncer1 de mama2 que receberam terapia padrão para o estágio precoce do câncer1 de mama2, incluindo a radiação de mama2. Metade das pacientes foi aleatoriamente designada a receber irradiação também nos linfonodos5. A maioria tinha um a três linfonodos5 afetados. Ao longo dos próximos 10 anos, 82% dos pacientes que receberam radiação no linfonodo18 permaneceram livres de recorrência3 versus 77% daquelas no grupo de comparação.
As taxas de efeitos colaterais19 foram relativamente baixas. Cerca de 8% do grupo com radiação no linfonodo18 desenvolveu linfedema e pouco mais de 1% pneumonite11 por radiação. O efeito colateral20 mais comum - erupção21 cutânea22 - afetou metade das mulheres.
A radiação no peito14 leva à possibilidade de complicações mais graves, incluindo danos ao coração23 ou um segundo câncer1. Mas, pelo menos até agora, esses problemas ainda não emergiram nas pacientes estudadas. A tecnologia usada atualmente na radioterapia6 permitiu uma evolução nos últimos 20 anos e evita danos ao coração23 ou a outro tecido24 circundante. Mas a cautela ainda é prioritária.
Para alguns especialistas, os estudos não justificam oferecer radiação para todas as mulheres com um a três gânglios linfáticos17 envolvidos, pois a diferença de recorrência3 do câncer1 não foi tão óbvia, nem se traduziu em uma diferença na sobrevida25 global. Já que após 10 anos, 82% das pacientes do estudo estavam ainda vivas, independentemente de terem recebido ou não radiação nos linfonodos5.
O segundo estudo, com 4.000 mulheres europeias, mostrou um padrão semelhante. Aquelas que receberam radiação nos linfonodos5 tiveram um risco um pouco menor de recorrência3 ao longo de 10 anos; 72% permaneceram livres de câncer1 de mama2 em comparação com 69% do grupo de comparação. Mas não houve clara vantagem na sobrevida25 global.
Os cientistas alertam que ainda são necessários novos estudos, com maior número de pacientes e com um seguimento mais prolongado para que conclusões definitivas levem a alterações nas terapias atuais. Perfil genético do tumor9 de mama2, chance de recorrência3, tamanho e agressividade do câncer1 também são alguns dos fatores que devem ser avaliados nas decisões terapêuticas.
Fonte: The New England Journal of Medicine (NEJM), volume 373, número 4, de 23 de julho de 2015