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Probióticos melhoram sintomas comportamentais associados a doenças inflamatórias alterando a comunicação entre o cérebro e o sistema imune

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Pacientes com doenças inflamatórias sistêmicas (por exemplo, artrite reumatoide1, doença inflamatória intestinal e doença crônica do fígado2) geralmente desenvolvem o chamado comportamento doentio, que inclui sintomas3 como cansaço, falta de apetite, afastamento social e desânimo, o qual surge a partir de alterações na função cerebral.

O eixo microbiota4-intestino-cérebro5 altera a função cerebral e a ingestão de probióticos6 pode influenciar este comportamento doentio. No entanto, a maneira como os probióticos6 fazem isso permanece obscura. Já foi descrita uma nova via de comunicação “periferia-cérebro”, na definição de inflamação7 de órgão periférico, pela qual os monócitos8 são recrutados para o cérebro5 em resposta sistêmica à sinalização do TNF-α, conduzindo à ativação da micróglia e subsequentemente ao desenvolvimento do comportamento doentio.

No presente estudo, publicado pelo periódico The Journal of Neuroscience, os investigadores estudaram se a ingestão de probióticos6 (isto é, mistura de probiótico9 VSL#3) altera esta via de comunicação “periferia-cérebro”, reduzindo, assim, o desenvolvimento posterior do comportamento doentio. Usando um modelo bem caracterizado de cobaia com inflamação7 no fígado2, foi demonstrado que o tratamento com probiótico9 (VSL#3) atenua o desenvolvimento do comportamento doentio em ratos com inflamação7 no fígado2 sem afetar a gravidade da doença, a composição da microbiota4 intestinal ou a permeabilidade10 intestinal.

A atenuação do desenvolvimento do comportamento doentio foi associada a reduções na ativação microglial e infiltração de monócitos8 cerebrais. Estes eventos foram acompanhados por mudanças em marcadores de ativação imunitária sistêmica, incluindo reduções dos níveis circulantes de TNF-α. As novas observações destacam um caminho através do qual os probióticos6 mediam mudanças cerebrais e alteram o comportamento. Estes resultados permitem o desenvolvimento potencial de intervenções terapêuticas orientadas para a microbioma11 intestinal para tratar comportamentos doentios associados à inflamação7 em pacientes com doenças inflamatórias sistêmicas.

Esta pesquisa mostra que probióticos6, quando ingeridos, podem melhorar os comportamentos anormais (incluindo afastamento social e imobilidade) que são comumente associados à inflamação7. Os probióticos6 são capazes de causar este efeito no organismo, alterando a forma como o sistema imunitário12 manda sinais13 ao cérebro5 para alterar a função cerebral. Estes resultados colaboram para a compreensão de como os probióticos6 podem afetar beneficamente a função cerebral no contexto da inflamação7 que ocorre no interior do corpo e como eles podem criar alternativas terapêuticas potenciais para o tratamento deste comportamento doentio, que muitas vezes afeta significativamente a qualidade de vida desses pacientes.

Fonte: The Journal of Neuroscience, de 29 de julho de 2015

NEWS.MED.BR, 2015. Probióticos melhoram sintomas comportamentais associados a doenças inflamatórias alterando a comunicação entre o cérebro e o sistema imune. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/797959/probioticos-melhoram-sintomas-comportamentais-associados-a-doencas-inflamatorias-alterando-a-comunicacao-entre-o-cerebro-e-o-sistema-imune.htm>. Acesso em: 28 mar. 2024.

Complementos

1 Artrite reumatóide: Doença auto-imune de etiologia desconhecida, caracterizada por poliartrite periférica, simétrica, que leva à deformidade e à destruição das articulações por erosão do osso e cartilagem. Afeta mulheres duas vezes mais do que os homens e sua incidência aumenta com a idade. Em geral, acomete grandes e pequenas articulações em associação com manifestações sistêmicas como rigidez matinal, fadiga e perda de peso. Quando envolve outros órgãos, a morbidade e a gravidade da doença são maiores, podendo diminuir a expectativa de vida em cinco a dez anos.
2 Fígado: Órgão que transforma alimento em energia, remove álcool e toxinas do sangue e fabrica bile. A bile, produzida pelo fígado, é importante na digestão, especialmente das gorduras. Após secretada pelas células hepáticas ela é recolhida por canalículos progressivamente maiores que a levam para dois canais que se juntam na saída do fígado e a conduzem intermitentemente até o duodeno, que é a primeira porção do intestino delgado. Com esse canal biliar comum, chamado ducto hepático, comunica-se a vesícula biliar através de um canal sinuoso, chamado ducto cístico. Quando recebe esse canal de drenagem da vesícula biliar, o canal hepático comum muda de nome para colédoco. Este, ao entrar na parede do duodeno, tem um músculo circular, designado esfíncter de Oddi, que controla o seu esvaziamento para o intestino.
3 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
4 Microbiota: Em ecologia, chama-se microbiota ao conjunto dos microrganismos que habitam um ecossistema, principalmente bactérias, protozoários e outros microrganismos que têm funções importantes na decomposição da matéria orgânica e, portanto, na reciclagem dos nutrientes. Fazem parte da microbiota humana uma quantidade enorme de bactérias que vivem em harmonia no organismo e auxiliam a ação do sistema imunológico e a nutrição, por exemplo.
5 Cérebro: Derivado do TELENCÉFALO, o cérebro é composto dos hemisférios direito e esquerdo. Cada hemisfério contém um córtex cerebral exterior e gânglios basais subcorticais. O cérebro inclui todas as partes dentro do crânio exceto MEDULA OBLONGA, PONTE e CEREBELO. As funções cerebrais incluem as atividades sensório-motora, emocional e intelectual.
6 Probióticos: Suplemento alimentar, rico em micro-organismos vivos, que afeta de forma benéfica seu consumidor, através da melhoria do balanço microbiano intestinal.
7 Inflamação: Conjunto de processos que se desenvolvem em um tecido em resposta a uma agressão externa. Incluem fenômenos vasculares como vasodilatação, edema, desencadeamento da resposta imunológica, ativação do sistema de coagulação, etc.Quando se produz em um tecido superficial (pele, tecido celular subcutâneo) pode apresentar tumefação, aumento da temperatura local, coloração avermelhada e dor (tétrade de Celso, o cientista que primeiro descreveu as características clínicas da inflamação).
8 Monócitos: É um tipo de leucócito mononuclear fagocitário, que se forma na medula óssea e é posteriormente transportado para os tecidos, onde se desenvolve em macrófagos.
9 Probiótico: Suplemento alimentar, rico em micro-organismos vivos, que afeta de forma benéfica seu consumidor, através da melhoria do balanço microbiano intestinal.
10 Permeabilidade: Qualidade dos corpos que deixam passar através de seus poros outros corpos (fluidos, líquidos, gases, etc.).
11 Microbioma: Comunidade ecológica de microrganismos comensais, simbióticos e patogênicos que compartilham nosso espaço corporal. Microbioma humano é o conjunto de microrganismos que reside no corpo do Homo sapiens, mantendo uma relação simbiótica com o hospedeiro. O conceito vai além do termo microbiota, incluindo também a relação entre as células microbianas e as células e sistemas humanos, por meio de seus genomas, transcriptomas, proteomas e metabolomas.
12 Sistema Imunitário: Mecanismo de defesa do corpo contra organismos ou substâncias estranhas e células nativas anormais. Inclui a resposta imune humoral e a resposta mediada por célula e consiste de um complexo de componentes celulares, moleculares e genéticos interrelacionados.
13 Sinais: São alterações percebidas ou medidas por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida.
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07/08/2015 - Complemento feito por Leonard
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Muito interessante esse artigo. Tratamentos auxiliares alternativos são sempre muito bem vindos quando se trata de patologias crônicas incapacitantes.

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