Enfrentando os desafios que virão depois do tratamento do câncer
Durante o tratamento ativo do câncer1, o foco de muitos pacientes é frequentemente e totalmente o câncer1: como se livrar dele, como administrar os efeitos colaterais2, como melhorar, etc. O futuro parece incerto e pode ser difícil pensar sobre o próximo passo a ser dado. Muitas pessoas podem estar ansiosas para se livrar dessa etapa, recuperar um sentido de normalidade em suas vidas e obter um descanso nos desafios associados ao tratamento. A transição para a "sobrevivência3", o período após o tratamento completo do câncer1, pode trazer novos e inesperados desafios, como efeitos colaterais2 de longo prazo e assistência médica continuada.
Médicos e pesquisadores estão avaliando a experiência de pacientes que passaram ou estão passando por estes desafios após o tratamento para encontrar maneiras de se prepararem para melhor gerenciá-los. Algumas destas questões foram destacadas em três estudos apresentados esta semana no Cancer1 Survivorship Symposium: Advancing Care and Research, em São Francisco.
A importância dos cuidados de acompanhamento
Uma maneira importante para os pacientes gerenciarem os desafios, tais como efeitos colaterais2 de longo prazo, é ter um acompanhamento médico continuado após o tratamento do câncer1. Em um estudo, os investigadores encontraram lacunas nos cuidados de 354 adolescentes e adultos jovens que receberam tratamento para linfoma4 de Hodgkin. Embora a quase totalidade (96%) tenha ido às consultas oncológicas recomendadas e 70% tenha realizado os testes de laboratório recomendados nos primeiros cinco anos de acompanhamento, cerca de metade não recebeu todos os cuidados recomendados no primeiro ano após o tratamento.
Os pacientes tratados para linfoma4 de Hodgkin estão em alto risco de recorrência5 e recaída, bem como de graves efeitos tardios e de longo prazo, segundo informa o principal autor do estudo Erin E. Hahn, PhD, cientista da Kaiser Permanente Southern California, Department of Research and Evaluation. Segundo ele, é necessário manter de uma maneira sistemática os cuidados prestados após o tratamento, incluindo o rastreamento para efeitos tardios decorrentes do tratamento.
O custo dos cuidados de acompanhamento
O segundo estudo abordou os desafios associados ao custo dos cuidados de acompanhamento. Os pesquisadores descobriram que os sobreviventes do câncer1 de mama6 com baixa renda tinham maior probabilidade de receber os cuidados recomendados para a fase de sobrevivência3 quando recebiam aconselhamento personalizado e tinham planos de saúde7.
Os cuidados com o câncer1 não acabam quando o tratamento termina. Os planos de assistência são uma ferramenta importante para manter os pacientes saudáveis no longo prazo, em termos de rastrear um segundo câncer1 e os efeitos colaterais2 de longo prazo. Pacientes de baixa renda enfrentam desafios únicos no acesso a este cuidado, disse Merry-Jennifer Markham, MD, porta-voz da American Oncology of Clinical Oncology (ASCO). Segundo ela, este estudo é um passo importante, demonstrando que os planos de cuidados personalizados em conjunto com o aconselhamento individualizado no planejamento da assistência de sobrevivência3 pode fazer uma diferença real para os pacientes.
Gerenciamento de efeitos colaterais2 no longo prazo
No estudo final a ser destacado, os pesquisadores descobriram que 45% das mulheres têm sintomas8 de neuropatia periférica9 induzida por quimioterapia10 (NPIQ) anos após o término do tratamento de um câncer1. A NPIQ é um tipo de dano aos nervos causado pela quimioterapia10. Ela está ligada a um pior desempenho físico, incluindo mudança de comportamento na maneira de andar dos pacientes, causando mais quedas. De acordo com o autor do estudo, Kerri M. Winters-Stone, PhD, professor e pesquisador no Oregon Health and Science University, em Portland, não existem atualmente tratamentos eficazes, mas "programas de exercícios de reabilitação podem preservar a função física e a mobilidade na presença de neuropatia11 para ajudar a evitar quedas e lesões12 resultantes da NPIQ".
Fonte: Cancer1 Survivorship Symposium: Advancing Care and Research, em 15 e 16 de janeiro de 2016