Dois anos de restrição calórica e risco cardiometabólico (CALERIE): resultados exploratórios do estudo
Para vários fatores de risco cardiometabólico, os valores considerados dentro da faixa normal estão associados a um risco aumentado de morbimortalidade cardiovascular.
O objetivo deste estudo, publicado pelo The Lancet Diabetes1 & Endocrinology, foi investigar os efeitos a curto e longo prazos da restrição calórica com nutrição2 adequada sobre esses fatores de risco em indivíduos jovens e de meia idade saudáveis, magros ou levemente acima do peso.
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CALERIE foi um ensaio clínico randomizado5 controlado, de fase 2, multicêntrico, em homens e mulheres jovens e de meia-idade (21 a 50 anos), não obesos (IMC6 22,0 – 27,9 kg/m²), realizado em três centros clínicos nos Estados Unidos.
Os participantes foram aleatoriamente designados (2:1) para uma dieta de restrição calórica de 25% ou uma dieta de controle ad libitum (à vontade). Foram avaliadas as respostas exploratórias dos fatores de risco cardiometabólico a uma dieta de restrição calórica de 25% prescrita por 2 anos (pressão arterial7 sistólica, diastólica e média; lipídios plasmáticos; proteína C reativa de alta sensibilidade; escore da síndrome metabólica8; e medidas de homeostase da glicose9 e da insulina10 em jejum, glicose9, resistência à insulina11 e glicose9 de 2h, área abaixo da curva para glicose9 e insulina10 de um teste oral de tolerância à glicose9) analisados na população com intenção de tratar.
De 8 de maio de 2007 a 26 de fevereiro de 2010, dos 238 participantes avaliados, 218 foram aleatoriamente designados e iniciaram uma dieta de restrição calórica de 25% (n = 143,66%) ou uma dieta de controle ad libitum (n = 75,34%).
Os indivíduos no grupo de restrição calórica obtiveram uma redução média na ingestão calórica de 11,9% (SE 0,7; de 2467 kcal para 2170 kcal) versus 0,8% (1,0) no grupo controle, e uma média sustentada de redução de peso de 7,5 kg (SE 0,4) versus um aumento de 0,1 kg (0,5) no grupo controle, dos quais 71% (variação média da massa gorda12 5,3 kg [SE 0,3] dividido pela mudança média no peso 7,5 kg [0,4]) foi perda de massa gorda12.
A restrição calórica causou uma redução persistente e significativa, da linha de base para 2 anos, de todos os fatores de risco cardiometabólicos medidos, incluindo as pontuações de mudança para colesterol13 LDL14 (p <0,0001), proporção de colesterol13 total para colesterol13 HDL15 (p <0,0001) e pressão arterial sistólica16 (p <0,0011) e diastólica (p <0,0001).
Além disso, a restrição calórica resultou em uma melhora significativa em 2 anos na proteína C-reativa (p = 0,012), índice de sensibilidade à insulina10 (p <0,0001) e escore de síndrome metabólica8 (p <0,0001) em relação ao controle. Uma análise de sensibilidade revelou que as respostas são robustas após o controle de alterações relativas da perda de peso.
O estudo concluiu que dois anos de restrição calórica moderada reduziu significativamente vários fatores de risco cardiometabólico em adultos jovens e não obesos. Esses achados sugerem o potencial de uma vantagem substancial para a saúde17 cardiovascular da prática de restrição calórica moderada em indivíduos saudáveis jovens e de meia idade, e oferecem promessa de benefícios pronunciados de saúde17 da população a longo prazo.
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Fonte: The Lancet Diabetes1 & Endocrinology, vol. 7, nº 9, em 01 de setembro de 2019.