Início precoce da puberdade nas meninas está ligado à obesidade, em artigo publicado pela Pediatrics
Meninas norte-americanas estão entrando na puberdade em idade mais jovem do que no passado, mas os pesquisadores ainda não tinham sido capazes de identificar a causa. Um estudo longitudinal, publicado pela revista Pediatrics, sugere que o índice de massa corporal1 (IMC2) mais elevado desempenhe um papel importante no desenvolvimento precoce da mama3 em meninas brancas não-hispânicas.
"Este estudo demonstra que um IMC2 alto é um fator importante na maturação precoce de meninas brancas não-hispânicas", escreve Frank Biro, principal autor do estudo e diretor de pesquisa de medicina de transição e do adolescente no Cincinnati Children's Hospital Medical Center, em Ohio.
Este artigo contribuiu para reforçar os resultados inquietantes de que a idade precoce de início do desenvolvimento das mamas4 está em sintonia com a epidemia de obesidade5, embora não a explique inteiramente, escreve o Dr. Herman-Giddens, professor adjunto do Departamento de Saúde6 Materno-Infantil da Gillings School of Global Public Health, da Universidade de Carolina do Norte, em Chapel Hill.
O fato de as meninas estarem sendo submetidas à maturação mais precoce tem implicações clínicas importantes. Por exemplo, aquelas que atingem a puberdade mais cedo do que seus pares podem estar em risco aumentado de depressão, de baixa auto-estima, de envolvimento em abuso de drogas e em relações sexuais precoces. Além disso, os efeitos em cascata de uma maturação precoce estende-se à idade adulta, incluindo o aumento do risco de câncer7 de mama3 e de ovário8.
Os pesquisadores acompanharam 1.239 meninas de Greater Cincinnati, cidade de Nova Iorque, e da baía de San Francisco. As meninas tinham idades entre 6 e 8 anos no momento da inscrição no estudo. Médicos especialistas examinaram as meninas em intervalos regulares durante 7 anos, de 2004 a 2011, avaliando o desenvolvimento da mama3 através da observação e da palpação9. Eles, então, determinaram percentis de IMC2 e escore Z, utilizando-se os gráficos de crescimento do Centers for Disease Control and Prevention de 2000.
No início do estudo, 39% das meninas negras tinham um IMC2 no percentil 85 ou superior, assim como 44% das meninas latino-americanas, 26% das meninas brancas não-hispânicas e 12% das meninas asiáticas.
Os pesquisadores descobriram que o início do desenvolvimento das mamas4, definido por atingir o estágio 2 ou superior da classificação dos cinco estágios de desenvolvimento mamário, diferem pela localização geográfica, raça/etnia e IMC2 no início do estudo.
A idade média e mediana de desenvolvimento da mama3 variou por raça e etnia. Meninas negras começaram a desenvolver seios10 em uma idade média de 8,8 anos; enquanto hispânicas, brancas não-hispânicas e asiáticas desenvolveram suas mamas4 em idades medianas de 9,3, 9,7 e 9,7 anos, respectivamente.
Quando os pesquisadores examinaram o momento de desenvolvimento da mama3 e o IMC2, eles descobriram que, uma vez que o IMC2 aumentava acima do percentil 50, a probabilidade de desenvolvimento precoce das mamas4 aumentava, em relação às meninas com IMC2 abaixo do percentil 50 (P =0,001). Os pesquisadores fizeram ajustes para raça/etnia e local.
Além disso, os autores observaram que o início do desenvolvimento da mama3 em meninas brancas ocorreu em idades mais jovens do que o registrado em publicações anteriores, mas que as meninas negras continuam a apresentar o desenvolvimento de mama3 mais cedo do que as meninas brancas. Grande parte da diferença no tempo de desenvolvimento das mamas4 em meninas brancas não-hispânicas, entre este estudo e os anteriores, é provavelmente resultado do IMC2 mais elevado na população do estudo, segundo comentaram os autores.
Os pesquisadores concluíram que ter um IMC2 mais elevado é um importante fator para o início mais precoce da fase 2 de desenvolvimento das mamas4, embora outras mudanças muito mais complexas possam estar envolvidas, tais como fatores genéticos, certas condições intra-uterinas, exposição à dieta rica em carne e laticínios, baixa ingestão de fibras, estresse familiar excessivo, pais ausentes, resistência à insulina11, localização geográfica, entre outros.
Fonte: Pediatrics, publicação online de 4 de novembro de 2013